Capítulo 2: Primeiro contato.

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Uma pequena trilha era visível entre as árvores, mas era quase impossível de se enxergar, a mulher pegou uma lanterna que levava em um dos bolsos da jaqueta e seguiu adiante na trilha.

Nessa altura, ela já tinha tirado as amarras das minhas pernas, mas ainda puxava por uma corda os meus braços.

— Para onde você está me levando? — tentei falar de forma suave, aquela moça parecia estar estressada.

— Vão ver se você presta para alguma coisa, depois disso é trabalho do escriba decidir o que você vai fazer.

'' Ok, não entendi nada que ela quis dizer com essa resposta''.

A resposta que ela me deu só me confundiu ainda mais, parece que estou em um esquema mais fundo do que eu pensava.

Seguimos através da mata, era um silêncio absoluto, somente era possível ouvir os passos que nós dois dávamos.

''estranho'', lembro da minha época de escoteiro, toda vez que eu acampava se tinha um barulho da mata, insetos ou bichos aleatórios, mas não ouvia nada, por que tanto silencio?

— Chegamos. Disse a mulher, mas '' onde '' é esse chegamos?

A mata estava mais escura do que antes, não era possível enxergar nada, mas parecia que a trilha acabava de repente em uma espécie de barranco, não dava para enxergar até onde ia.

— Onde estamos exatamente?

— Se você sobreviver eu te conto — A mulher com um movimento me jogou da borda do barranco, depois disso fui ladeira abaixo.

Quando finalmente cheguei no fundo do barranco cai de cara em um chão coberto de areia.

Ainda com a cara no chão, uma serie de holofotes acenderam, tornando possível enxergar o que antes era apenas um breu.

'' Me jogaram em uma arena? '' agora com as luzes acessas era possível ver que estava em uma arena com chão de areia e logo acima arquibancadas de pedra.

'' Aquela maluca me jogou de um lance de escadas! E se eu quebrasse o pé? ''. Não deu muito tempo de observar quem estava na arquibancada, quando um rugido ecoou através de um portão de aço no lado oposto da arena.

'' O que foi isso? '', foi possível ver pelo canto do olho uma pessoa sinalizando com a mão antes de os portões começarem a se abrir.

À medida que os portões foram se abrindo apenas um pensamento me cruzava a mente, '' vou morrer ''.

Então veio, surgiu da escuridão uma criatura grotesca muito maior que qualquer cachorro, suas feições estavam totalmente deformadas, músculo rasgava da pele, mas era possível dizer que parecia levemente um gato, seus dentes mal cabiam em sua boca e formavam um sorriso macabro, com certeza era um semblante assustador.

Corri, mas em um flash a criatura conseguiu me alcançar. '' Não posso morrer '', pensei enquanto a dor aguda dos dentes fincando em meu ombro esquerdo preenchiam a minha mente.

Agarrei a criatura em minhas costas e usei meu peso para lançá-la de mim, funcionou. Agora, sangue cobria meu ombro, mas nada me fazia tirar os olhos da criatura que me encarava.

Lá veio ela de novo, pulando em um ataque frontal, não havia muito o que eu pudesse fazer, mas de instinto usei meus braços para não atingir meu rosto.

A dor era agoniante, me arrastava pelo chão, enquanto a fera esmagava meu braço esquerdo. Algo naquele momento mudou meu destino, consegui sentir nas pontas dos dedos um objeto me tocando, era um cabo, aquilo estava ali antes? Pensei rapidamente, não tinha tempo para isso, com um rápido movimento usei do novo objeto para atacar o monstro, fincando a lâmina na garganta da criatura.

A criatura deu um grito ensurdecedor que tirou minha capacidade de ouvir por algum tempo, ao mesmo tempo que se contorcia de dor, dava suas últimas tentativas de me morder o rosto, até que finalmente as forças do monstro iam se esvaindo, até que era apenas uma massa pesada de músculos em cima de meu corpo.

Os próximos momentos para mim foram como um delírio, conforme o efeito da adrenalina ia passando, percebi o quão grave eram os meus ferimentos, não consegui levantar do chão e fui perdendo consciência. Mas antes de apagar vi duas figuras em pé próximo de mim, sendo que uma voz grave masculina falava ''meus parabéns''.

Trilha da lua: O caminho de um caçadorWhere stories live. Discover now