Capítulo 6: Pegadas na rodovia

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 Johson silenciosamente seguia pela estrada, o sol ainda não tinha se posto completamente e uma cor alaranjada pintava os céus. Lara descansava com a cabeça na janela, '' ainda não sai da cabeça, preciso urgentemente descobrir como invocar novamente minha ferramenta '', enquanto pensava reparo em uma placa indicando que falta apenas alguns quilômetros para chegarmos em Rockville. Pelo documento que recebi é uma pequena vila em que a maior parte das pessoas trabalham na mina que fica nas proximidades, se não me engano, o nome vem do fato que há alguns rochedos aqui perto.

 Algo chama minha atenção no canto do meu olho.

— Pode parar por favor? Acho que vi algo importante. — Pedi a Johson.

— Aqui?  — Perguntou Johnson enquanto encostava o carro na estrada.

— Sim, já voltamos. — Falei enquanto saía do carro.

Depois, eu e Lara seguimos até uma pequena falha na vegetação, havia um leve traço de que alguma coisa tinha sido arrastada pela terra.

— Viu alguma coisa Soka?

— Pensei ter visto algo, tem uma trilha aqui, será que dá em algum lugar?

Conforme avançamos veio à tona um cheiro, esse cheiro infestava o meu nariz e ficava cada vez mais forte, ''um cadáver '' pensei.

Minhas suspeitas estavam certas, pois ao lado de um carvalho vi a carcaça distorcida do que era um cervo.

— Parece que alguém teve uma morte dolorosa — Lara colocou uma mão no nariz, até para um caçador experiente o odor era difícil de se aguentar.

— Então Soka, vamos ver o que você aprendeu, dá uma olhada no cadáver, talvez de para saber o que o matou.

Me aproximei da carcaça, resistei por um momento quando algo me chamou atenção, ao redor do cervo é possível ver diversas marcas de patas.

— Uhm, eu diria que foram cerca de 6 a 8 animais quadrúpedes, de médio porte, apesar de que já foram um pouco apagados pelo clima.

— Bem notado, consegue reconhecer o animal?

— Diria que é da família dos canídeos, mas não consigo dizer se é um lobo ou um cachorro, além de que estranhamente as pegadas têm tamanhos diferentes, será que atacaram ao mesmo tempo?

Segui então para os restos do cervo, era possível perceber que passara algumas horas desde o momento da morte, como o sangue seco, o odor pútrido e sinal de podridão na carne.

— Eu acho que o cervo não foi morto aqui. — Apontei para o rastro na terra. — Está vendo? Imagino que o cervo tenha sido encurralado na estrada e arrastado até aqui.

''Esse daqui sofreu ''pensei, o cervo tinha um rombo no lugar da barriga e sinais de mordida indicavam o banquete que ocorreu ali, o que me mostra que o cervo não morreu rapidamente e provovalmente foi arrastado aqui ainda vivo.

— Estranho, tem uma marca de dente aqui um pouco diferente das outras, é bem maior que os outros, seria uma forma de ''alfa'' do grupo?

Lara agachou perto de mim e enfiou a mão na cavidade.

— O que você está fazendo? — Perguntei para ela.

Do buraco ela tirou um gigantesco canino, devia ter por volta de uns 15 centímetros, o que poderia deixar um dente desse tamanho?

— Desse aqui eu não quero ser mordido. — Ela deu uma leve risada.

— Acho que já temos o suficiente para começar a procurar, vamos para a cidade de uma vez, não podemos deixar um monstro desses andando por aí.

O sol a essa hora já está quase se pondo, o céu já está com uma coloração cor de vinho transitando para cores mais escuras, temos pelo menos algumas pistas do que vamos procurar, Lara parecia um pouco apreensiva no resto do caminho de carro. Não posso mentir, tento esconder o tremor na minha mão, ainda não sei usar minha ferramenta e aquela criatura parece ser muito maior que a que enfrentei no coliseu.

Trilha da lua: O caminho de um caçadorWhere stories live. Discover now