Capítulo 9: Premonição

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 Abro meus olhos, mas não vejo o quarto em que antes estava dormindo. Apenas o Espaço estava perante mim, poeira começava a se juntar em cima de meu corpo e novamente me via na lua.

Quando pisco, percebo estar em pé e vejo o planeta inteiro acima de mim. Mas não vejo o obelisco em lugar nenhum, há apenas um grande paredão de rocha de tom roxos na minha frente.

Sinto o impulso de seguir adiante e me aproximar do estranho paredão. Conforme me aproximava, poeira flutuava abruptamente em direção ao paredão.

'' Quer me dizer alguma coisa? '', mexia minha boca, mas o som apenas ressoava em minha mente, uma sensação deveras perturbadora, a poeira parecia tomar formatos nada aleatórios.

A areia parecia ter consciência própria e pude discernir um primeiro formato, eram um formato simples, apenas uma silhueta de areia roxa e dourada naquele grande paredão. ''Uhm, parece um lobo, é sobre oque estamos enfrentando? Mas eu já sei disso''.

Tão rápido quanto a primeira imagem se formou, a poeira tomou outra forma, dessa vez a forma de um machado, ''parece minha ferramenta''. Após, a imagem de um machado que parecia ser a minha ferramenta, lembrando-me da necessidade de aprender de uma vez como invocá-la.

Enquanto me distraía com meus pensamentos, a poeira formou uma nova imagem, um cérberos. ''Cérbero? A criatura divina? Imagino que tenha alguma relação com os cachorros corrompidos''.

A poeira em seguida formou duas imagens que o significado escapava de meu conhecimento, um era de um quadrado vazio e outro a silhueta de um ser humano. Esses, são eventos que não aconteceram, ou eu apenas não sei dizer ao que se referem?

À medida que minha mente se tornava nebulosa por pensamentos, sussurros chamavam por meu nome, quando virei para a origem do som, ventos fortíssimos me puxavam.

''Soka! Soka! Soka! '', estou na minha cama de hotel, Lara puxava minha orelha me chamando.

— Ai! Quem que acorda alguém assim? — Rapidamente me levantei e Lara agora estava em pé ao lado da cama.

— Você não acordava, tentei te chamar mais de seis vezes!

— Sonhei de novo, tive algumas visões sobre nosso trabalho. — Coloco minha mão na testa, pois sinto fadiga desse sonho bizarro.

O rosto antes irritado de Lara se transformara em uma expressão séria.

— O que você sonhou?

— Estava na lua, vi algumas imagens de poeira enquanto estava lá. A primeira era bem óbvia, os cachorros que enfrentamos. Mas as outras imagens são um mistério para mim.

— Espera um pouco, precisamos ir tomar café, daqui a pouco vamos para a delegacia continuar as investigações.

Lara já estava pronta, então rapidamente pus uma roupa decente, dessa vez uma calça jeans marrom com uma camisa social verde, sem esquecer a insígnia presa no meu cinto.

Estávamos dormindo no único hotel da cidade, uma pequena pocilga que parecia vir direto dos anos 50, ''somos os únicos aqui? ''. Quando desci para o refeitório tinha aquela coloração cafona verde e vermelha, velhos ventiladores de teto traziam um alívio para o calor.

— Então, o que tinha nas suas visões?

Ela estava com um grande prato de bacon e ovos mexidos, comia com uma voracidade de um  animal.

— Então, como dizia, a imagem seguinte era de um cérberos, depois um quadrado vazio e por fim uma silhueta de pessoa. — Conto enquanto devoro panquecas cobertas de manteiga.

A jovem simplesmente fechou os olhos e pensou por longo momento mastigando sua comida, até que finalmente comentou sobre meus sonhos.

— É, não faço ideia, a única coisa que posso pensar é nos cachorros corrompidos, a silhueta muito bem pode ser do Genn e o quadrado pode ser um lugar, a delegacia talvez?

'' Uhm, até que ela teve uma boa ideia'', melhor não ficar pensando muito nisso, vou descobrir tudo conforme investigamos os desaparecimentos.

— Vamos! Estamos atrasados já.

A cidade durante o dia possuí uma aparência muito mais agradável sob a luz do dia, apesar de que continua não sendo muito movimentada.

Não demorou muito para chegarmos na delegacia, Jenna não estava no seu lugar habitual e tomava café ao lado do senhor de bigodes, Genn, agora com o braço enfaixado continuava preso na pequena sela nos fundos.

— Dia! — Falei ao entrar.

Ao mesmo tempo que falei o telefone da delegacia começara a tocar. Jenna que simplesmente me encarou e levantou a mão foi em direção ao telefone.

''Que vergonha, fui ignorado'', Lara deu umas tapinhas nas minhas costas.

— Por que ela é tão grossa? — me virei a Lara.

— Você é muito amigável com as pessoas que não gostam de você.

Enquanto conversávamos, ouço um barulho de algo caindo, Jenna estava com olhos arregalados.

— Tem... Temos um sobrevivente. — Jenna estava tão afetada pela notícia que quase não conseguia falar.

— Onde? Temos quer ir ajudar!

Dessa vez todos se juntaram para ir de viatura para o hospital da vila, Genn ficou na sela e desta vez o senhor nos acompanhava.

Se tem alguém que pode nos dar respostas é essa pessoa, mas estará ela bem o suficiente para conseguir conversar? Mais importante, será essa a solução para a acusação de Genn?

Fico aliviado que alguém sobreviveu, a caçada continua.

Trilha da lua: O caminho de um caçadorWhere stories live. Discover now