Regality

5.4K 504 598
                                    

Para a minha surpresa e relaxamento da ansiedade absoluta após a conversa com Heather, a aula de geografia espacial (que descobri ser um "primo" da geografia física planetária) foi pacífica e tranquila, assim como as três aulas de física quântica conseguintes. A sala de aula era um luxo puro, coisa que não me surpreendeu nem um pouco. Além de ser grande, as cadeiras tinham estofado de couro e a lousa era digital, sem contar o fato de ter dois ar condicionados; um acima da lousa e o outro na parede oposta.

Ostensivo, assim como qualquer coisa viva ou inanimada desse lugar.

Os alunos com quem eu dividia a sala pareciam... normais demais. Poucas perguntas foram feitas ao professor com o passar das aulas, assim como foi ouvido pouca conversa de algum aluno ou outro. Eram pacíficos e educados demais, ao meu ver, o que de certa forma era bizarro. Quando o sinal marcando o fim da quarta aula bateu, percebi que finalmente era a hora do almoço, já que todos se levantaram e começaram a conversar - finalmente - como pessoas normais.

Enquanto eu fazia o caminho até a porta de madeira, pensava somente em como eu iria achar Heather naquela imensidão de alunos. Eu nem sequer sabia como chegar ao refeitório! Pelo barulho de murmúrios e risadas no corredor das salas, eu sabia que estava abarrotado de alunos indo almoçar, o que significava que eu teria que seguir a boiada até onde quer que fossem.

Parecendo ouvir meus pensamentos, assim que passei pela porta me preparando para caminhar, senti uma mão segurar gentilmente meu braço direito. Não me surpreendi quando me virei o suficiente para ver o sorriso brincalhão de Heather.

— E aí, olhos verdes? Como foi a aula? - Ela perguntou quando se colocou ao meu lado e começou a andar junto a mim.

— Foi tranquila. Não sabia que existia geografia espacial até vir para cá.

— É uma das aulas mais legais daqui, na minha opinião. Gosto muito do Sr. Jackson. - Ela disse calmamente enquanto andávamos pelo corredor que dava na entrada principal, o mesmo por onde eu havia entrado.

O Sr. Jackson era um senhor por volta dos 60 anos muito educado e formal. Tinha um bigode engraçado do qual me lembrava o Albert Einstein. Me ganhou pelo carisma, e, em minha análise comportamental sobre ele, sua solidão deve ser algo muito forte em sua vida, já que tentou (sem sucesso) fazer um trocadilho com rochas sedimentares.

— Achei ele um senhor bem legal. Vamos nos sentar no pátio exterior ou o que? - Perguntei quando seguimos o caminho por baixo da escada principal que dava em uma bifurcação de corredores ainda inexplorados por mim.

— Não, vamos nos sentar no refeitório. Vou te apresentar a alguns amigos meus, eles já devem estar lá. - Ela disse seguindo reto em um corredor largo onde uma grande porta dupla de empurrar de metal nos esperava, contendo uma plaquinha acima da mesma indicando "Refeitório".

Deus, esse lugar é enorme.

Ao adentrar o lugar, me assustei com o tamanho do refeitório. Era muito, muito extenso. As diversas mesas redondas de madeira se estendiam pela área que no momento se encontrava lotada. Uma fila enorme do lado direito se estendia na frente de alguns funcionários da escola que serviam o almoço. As paredes, por sua vez, eram preenchidas por diversas pinturas de leões, pompom's, esportes, palácios e escrituras gregas. Ao longe, pude ver algumas máquinas de doces e salgadinhos no fundo, bem ao lado de duas portas que deduzi serem banheiros.
A grande maioria das mesas estavam ocupadas por todo tipo de aluno que estudava ali, me fazendo encarar alguns deles e imaginar que tipo de grupo de amigos eles formavam.

Entretanto, não foram as mesas ou as pinturas criativas nas paredes (as quais contavam, provavelmente, a história da escola) que me chamou atenção, mas sim um lugar em específico na esquerda do refeitório que se estendia até parte do meio do lugar. Era como um palco, porém o piso e a base grossa que deixava o lugar mais alto que o chão do refeitório eram feitos de Mármore Travertino Tradicional, material esse que custava uma fortuna. Uma escada de poucos degraus dava acesso a parte de cima, a qual continha 2 mesas iguais ao restante com, ao que pude contar, 18 cadeiras, tendo 6 delas ocupadas.

Pretend Onde as histórias ganham vida. Descobre agora