— Qual setor? — Pergunto me aproximando de uma das enfermeiras junto a um paciente. — Está autorizada?— Como? — Ela arqueia uma sombrancelha.
— Desculpe, posso conversar com você? — Peço para a enfermeira que está paralisada.
Ela força um sorriso, deixando o paciente sozinho na sala.
— Está maluca? — Seu tom de voz muda. — Chamando a minha atenção na frente do paciente, qual é a sua?
— Por isso pedi para conversar longe dele. — Explico. — Quero que me explique o porquê o seu paciente está sendo encaminhado para a medicação? No prontuário não pede nada.
— Ele é meu paciente! — Ela muda o peso de uma perna para outra. — O médico responsável que me mandou.
— E não deixou registrado? — Meu tom fica autoritário.
— Você não sabe o caso! Você é só uma estudante, o que acha que está fazendo?
Meu sangue esquenta.
— Não sei, talvez eu esteja pergunta para uma das enfermeiras de um dos centros médicos mais importante do estado o porquê está levando um paciente, aparentemente saudável, para tomar medicamento? — Meu espanto é claro.
— O Doutor responsável pediu. — Seus olhos procuram qualquer canto que não seja os meus olhos.
— Quem?
— Como?
— Qual Doutor? — Mantenho o tom de voz firme. — Se esse é o problema, me fala quem é e eu não faço mais perguntas.
Um, duas, três vezes. Seus olhos piscam rápido demais, procurando por nomes.
— Não ouviu a Doutora? — Doutor Oliver pergunta assim que entra no nosso campo de vista. — Qual foi o Doutor que te orientou, enfermeira?
Ela se mexe, desconfortável, negando com a cabeça lentamente.
— Me desculpe...
...
Durante o trabalho da faculdade com Patrick, minha cabeça não para de pensar em Taila, a enfermeira.
— Acha errado uma pessoa ser exonerada do cargo por envolver o profissional com o pessoal? — Pergunto para o meu colega de turma.
Seus olhos tiram a atenção das anotações para mim.
— É claro. — Ele responde de imediato, me encarando em seguida. — Mas qual o caso?
— Dar medicação para um familiar viciado dentro do hospital, sem prescrição médica nenhuma.
Sua postura fica ereta na cadeira.
— Ah... calma. — Guilherme, na outra mesa me encara seriamente. — Não foi você, foi?
— Não! Claro que não. Qual o seu problema?...
— Não sei, eu não sei — ele responde rápido levantando as mãos em rendição. — Você namora um funkeiro... Hariel é viciado, todo mundo sabe.
— O que?! — Choque.
— Cara? — Patrick encara o amigo boquiaberto. — É sério?
— Nossa, que idiota — Tiffy balança a cabeça enquanto sai da mesa. — Deveria pedir desculpas. Isso é crime, sabia? Assim como você sofre racismo e preconceito, quem tá no funk sofre o mesmo. Hipócrita.
— Meu Deus gente, eu só perguntei! Não estava mentindo — ele olha para nós três. — Mas me desculpa Made, se fui ofensivo.
— É claro que foi — fixo os olhos com tamanha hipocrisia.
Tiffy sai de perto do amigo, sentando ao meu lado na nossa mesa — minha e de Patrick.
— E não, não é errado uma pessoa ser exonerada do cargo por isso — Patrick responde com os olhos nas anotações. — É o certo.
...
— Que vacilão — Hariel balança a cabeça indignado enquanto se concentra na estrada em frente. — Que cara vacilão, como ele fala uma coisa dessas para você?
— Eu pensei que seria Patrick quem faria comentários escrotos assim...
— É sempre quem menos esperamos.
Encosto a cabeça no banco, observando a estrada.
— É triste pensar nisso; como as pessoas vêem o funk.
— É até normal... — Hariel ri sem nenhuma graça. — Mostramos como realmente são as pessoas que moram nas favelas. São trabalhadores, pessoas que venceram, pessoas que perderam, fome, desemprego, educação escassa... Tudo isso é o que cantamos, mas eles só vêem o tráfico.
Concordo com a cabeça.
— Se eles soubessem...
— Eles sabem, só não fazem nada para mudar.
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HIPNOSE | 2
Fanfiction2 parte de HIPNOSE. É claro que o primeiro amor sempre prevalece. E é claro que recaídas são normais, Madelyin e Hariel quem o diga. Depois de um longo tempo, o caminho de Madelyin se cruza com o de Hariel, é claro, algumas coisas mais diferentes q...