Capítulo 23

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— Meu Deus você tem um dos funkeiros mais lindo nas mãos e não aproveita? — Flávia tem os olhos arregalados.

— Mas vocês são só amigos ou amigos? — Ana, a enfermeira, me encara boquiaberta.

Ao meu redor Lúcia e Paula me encaram igual, todas esperando por respostas.

— Somos só amigos, sério — minto. — E eu não tenho ele nas mãos.

— Made, ele te deixou no seu trabalho... É meio óbvio que ele tem outras intenções — Lúcia diz com o sorriso de orelha a orelha.

— Só porque um cara é gentil não significa que ele tem segundas intenção, Lu — Paula argumenta ao meu favor.

— Que inocente vocês... — Flávia continua. — É claro que ele tem segundas intenções com a Made.

— Quem tem segundas intenções com quem? — Éden aparece junto com mais dois doutores.

— Ninguém. — Respondo junto com as quatro em um pulo.

— Que bom. — Éden responde sério. — As duas — ele aponta para Ana e Lúcia. — Tem duas pacientes no corredor esperando pelo Doutor Júlio, avisem que ele teve uma cirurgia de última hora e que não tem previsão de quando volta, ambas fizeram raio x mas não posso atende-las, o meu turno acabou faz 13 minutos.

— Doutor, o Ortopedista Júlio pediu há meia hora atrás para o senhor vê-las, foi pedido para Gabriele que avisasse. — Respondi antes que as duas voltassem ao trabalho. — Ana e Lúcia só estavam esperando para terminarem o plantão delas.

— Madelyin, certo? — o Doutor ao lado perguntou. Oliver, como mostrava no jaleco. — Não devia estar com o seu residente responsável?

— O meu residente responsável, Doutor Oliver — respondi na altura do tom. —, está auxiliando na cirurgia de emergência, pediu educadamente para que eu aguardasse com os laudos a sua volta.

— Perfeito. — seus olhos viajaram pelo meu pijama cirúrgico igual ao das minhas colegas. — Não tem jaleco?

Estava jogado junto com os lados já revisados na sala do meu residente responsável.

— Eu pensei que como não estou atendendo, não é necessário...

— Pensou errado. — Oliver respondeu com os olhos em Lúcia e Ana. — Já deram o recado para as duas pacientes ou precisam de algum comprovante?

Lucia, como sempre, ignorou o olhar arrogante e saiu da sala. Ana, como uma boa enfermeira fiel ao diploma, apenas respondeu.

— O meu setor não é a Ortopedia — seu sorriso mostrou o quão ansiosa estava para poder responder. — E como Madelyin disse, o meu plantou também já acabou.

O outro Doutor, cujo o nome não estava tão nítido no jaleco, deu um meio sorriso, diferente de Éden que tinha os olhos fervendo de raiva.

Oliver como já esperado, apenas firmou o olhar arrogante com um sorriso anojado.

— Sugiro então que todos nós encontremos a saída, o diretor técnico médico não iria gostar de saber como andam todos os seus funcionários dentro do hospital no qual ele é responsável quando já passou do horário — seu sorriso ficou largo. — Inclusive, é o meu pai.

Choque, todos ficamos em choque.

...

— Vai — Kiara sorriu com o cigarro bolado na mão. — Vocês merecem uma segunda chance, sabe.

— Eu nunca conheci a família dele.

— Talvez seja por isso que ele te chamou — ela leva o cigarro até os lábios, tragando e assoprando.

Estávamos do lado de fora do hospital.
Pedi para Kiara me buscar, mas ela pediu para dar uma relaxada antes de irmos.

Faz alguns minutos que estamos encostadas na parede do estacionamento enquanto ambas curtimos a lombra.

— Queria ter um Hariel na minha vida — ela sorri.

— Não queria, não.

— É sério... Alguém que sempre voltasse quando alguma coisa estivesse ruim. Que me oferece um porto seguro, que fosse normalzao com tudo... que tivesse uma visão das coisas igual ele, sabe?

— Tá apaixonada e eu não sei?

— Me erra.

Rimos até voltarmos ao normal e poder pegar a estrada.

HIPNOSE | 2Onde histórias criam vida. Descubra agora