Capítulo 21 - Hariel

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Acordei com o despertador de Madelyin tocando.
Ela não acordou.

Me levantei enquanto raciocinava o que aconteceu.

Madelyin estava mal, vulnerável, talvez.
Me senti mal a noite toda também, enquanto envolvia o seu corpo contra o meu, tive um enorme peso na consciência.

Eu me afastei e por consequência, Madelyin também se afastou.

O problema é que o egoísmo e ego não me deixaram ver o quão dolorido estava sendo para ela também.

Relembrar o quão quebrado eu havia ficado depois de descobrir o câncer de Made, fechou os meus olhos, me fazendo esquecer que ela também sofria.

— Bom dia. — Sorri já de pé enquanto colocava a calça.

Ela franziu o cenho, procurando por resposta.

— Bom dia... Por que tá sem camisa? — Ela olhou ao redor. — Você dormiu aqui?

— Sim — dei de ombros. — Não consigo dormir com nada jeans e senti calor de noite, tirei a camisa.

— Não, nós não....?

— Não.

— Ok.

O loiro do cabelo estava mais claro que o normal.

— Se quiser tem uma escova reserva no armário do banheiro — ela disse.

— Obrigado.

Quando terminei de levantar o zíper da camisa, Madelyin ainda me encarava séria.

— Por que? — Perguntou.

— O que?

Ela prendeu o cabelo em um perfeito coque. Então me olhou e respirou fundo.

— Cara, você sempre faz isso... A gente se encontra, você permite que eu crie coisas na minha cabeça em relação a nós dois e depois some. Você simplesmente some.

— Tive os meus motivos.

— O meu câncer? — sua voz estava quase rouca. — Eu tive câncer, Hariel. Eu sei que fui injusta em não contar, mas você não admite que fica usando isso contra mim até hoje.

— E eu vou fazer o que? — Estava ansioso, as minhas mãos gesticulando enquanto falava. — Madelyin a única coisa que pode acabar com um relacionamento é a mentira e você fez exatamente isso.

— A falta de compreensão também. Não menti por maldade, você sabe.

— Eu sei mas você não entende que...

— Quem não entende é você — seu corpo quase nu pelo pijama curto e pequeno se levantou enquanto ainda falava. — Eu tô cansada disso. Não sou uma bolinha que você pode ficar jogando e indo pegar quando quiser. Eu sei o que andou fazendo e com quem, não é novidade nenhuma e eu não estou te cobrando, mas eu acho que a pingo de consideração que tinha por mim, você simplesmente jogou fora.

— O que?! — Ri sem nenhuma graça. — Não sei se você se lembra mas eu sou solteiro.

Me protegi quando o travesseiro voô na minha direção.

— Então vai embora, cacete.

Não tinha percebido que tocamos finalmente no assunto do término. Também não prestei atenção que já não ligava mais para isso. Talvez brincar com a situação seja melhor.

— Não posso ir embora sem escovar os dentes.

Ela me encarou, senti o ódio de seus olhos na mesma hora.

— Vai escovar na sua casa.

— Não dá. Tá muito cedo, tem muita gente ainda lá.

Não era mentira, Paiva deu uma festa.

— E eu com isso? — Made cruzou os braços abaixo dos seios, dando uma visão perfeita.

— Fica muito linda brava — sorri de lado.

Ela me fuzilou com os olhos, indo até o banheiro.

— Vou ver se tem café — avisei.

— Não tem. — O humor perfeito.

...

Tinha café.

Preparei junto com outras frutas e coisas gostosas que encontrei.

— Eu sei fazer o meu café — Madelyin apareceu com um roupão e o cabelo solto.

— Quem disse que é para você?

— Você tá na minha casa.

Cheirosa.

Não disfarcei quando a mesma se abaixou para pegar leite na geladeira, revelando uma posição excitante.

Respirei, jogando o pensamento longe para disfarçar a minha situação.

— Não achou a sua camisa?

— Achei, tava no meio das suas calcinhas de renda — levantei uma das sobrancelhas quando o seu rosto encarou o meu.

— E porquê não coloca?

— Não uso calcinha. — Apontei para baixo, onde sem querer os olhos de Made encontraram a cueca amostra.

— Tô falando a camisa. — Ela voltou a colocar o leite na caneca já com café.

— Ah, isso — sorri. — Quando eu for embora eu coloco.

— Espero que logo.

Fui até o balção, onde a garrafa de café estava. Made estava na frente.

Seus olhos grandes e curiosos seguia cada passo que eu dava.

— Por que dormiu aqui? — perguntou.

— Porque você precisava.

— Não precisava, não.

— Mas eu sim.

— E?

Me aproximei, colocando uma mão de cada sobre o balção, prendendo Made.

Com cautela, pressionei o corpo contra o seu, levando a boca até a sua orelha.

— Porque eu me preocupo com você.

Sua respiração estava pesada, eu podia sentir, então passei os lábios úmidos pela sua orelha, descendo lentamente até o seu pescoço.

Ela pressionou o corpo para frente, me sentindo ereto.

Ainda com a boca no seu pescoço, senti o seu corpo se arrepiar, me dando a chance perfeita. Com o polegar, toquei no seu mamilo duro, me fazendo ficar doido com o arfar de Madelyin.

Com as duas mãos, a levantei sobre o balção, deixando suas pernas abertas para mim.

— Não comi nada até agora — falei sobre o seu pescoço enquanto subia as mãos sobre as suas coxas que ficavam molhadas a cada toque mais adentro.

Ela ergueu o corpo, levando o meu queixo com a mão até a sua boca.

Faminto pelo seu gosto, pressionei nossos lábios, viajando de encontro com a sua língua quando o celular de Made tocou.

Hospital Municipal - Emergência.

HIPNOSE | 2Where stories live. Discover now