Capítulo 16

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— Então são quantos no total? — Hariel me pergunta enquanto esperamos a comida chegar.

— No crânio? — pergunto erguendo o rosto, ele faz que sim com a cabeça. — São 28 ossos.

— 28 ossos só na cabeça? — ele se afasta um pouco para me olhar.

Me arrumo no sofá quando Flyin se aconchega em Hariel, deixando de ser o nosso brinquedo esquelético onde eu apontava como se tivesse uma anatomia humana.

— E você precisa saber de todos?

— Claro — sorrio. — Não chega nem perto de tudo o que eu preciso saber, a anatomia é muito complexa, ainda tem os músculos, nervos, vasos sanguíneos...

Ele joga a cabeça para o lado, me lançando um sorriso escondido enquanto olha cada detalhe do meu rosto.

— E você já sabe de tudo isso?

— Não exatamente — balanço a cabeça levemente para um lado e outro. — Repeti na segunda matéria de anatomia, não foi exatamente um momento muito bom. Fiquei extremamente nervosa, mas consegui na segunda tentativa.

Antes que ele possa me responder, o interfone toca, nos lembrando finalmente da comida.

— Já volto — Hariel se levanta indo até o interfone, atende e desce logo em seguida.

Assim que a chuva em São Paulo ameaçou, tomamos a iniciativa de ficarmos em casa e assistir a um filme. Mas ele é inquieto, ficou perguntando o porquê precisavam fazer a cirurgia do personagem.

Tiro a atenção da porta e sigo os olhos de Flyin, que me encara com os olhos brilhando.

— Eu sei — me aconchego nos seus pelos. — Você gostou dele né.

Assim que Hariel chega, Flyin o acompanha até a cozinha e eu os sigo.

Admiro cada movimento das firmes mãos de Hariel, me fazendo lembrar da última vez em que esteve no meu corpo.

Ele me olha e sorri, mas continua nos servindo.

Assim que terminamos de comer, continuamos assistindo ao filme, mas antes mesmo de terminar, Hariel cai no sono.

— Hey — chamo. — Vamos para a cama.

Ele acorda aos poucos, lembrando de onde está.

— Não — levanta com cuidado. — Preciso ir.

— Tá chovendo muito — argumento.

— Não posso ficar, Madelyin.

— Por que?

Ele balança a cabeça.

— Não posso ficar.

— Por que? — repito.

Ele respira fundo se levantando. Ignora a minha pergunta e se agacha.

— Tchau Flyin — ele vai até o loiro e abraça o seu corpo peludo. — Tchau, Made.

Ele se aproxima, me dando um beijo rápido na testa.

Fico parada, imóvel.

Assim que o seu corpo deixa o cômodo, me jogo para trás, me esticando toda enquanto resmungo.

Tá vai, pelo menos tivemos um avanço; não transamos.

Mas, mesmo que eu esteja morrendo de vontade de o agarrar todas as vezes, ele sempre se mantém invicto, evitando ao máximo...

HIPNOSE | 2Onde histórias criam vida. Descubra agora