HIPNOSE | 2

Capítulo 18

— Pelo amor de Deus, Made — Kiara massageia as têmporas.

— Eu sei, eu sei! — Continuo passando gloss nos lábios. — Acha que eu não sei que fui burra?

— Claro que foi, Hariel brincou com você.

Eu sabia disso.
No último mês ele não falou mais comigo, me afundei em ilusões acreditando que as suas desculpas eram reais. Até que ele não falou mais nada, me deletou mais uma vez da sua vida.

Embora seja doloroso, eu aceitei...

Não adianta mais, mesmo o meu coração em pedaços. Parece que todo o sentimento de antes evaporou, mesmo tentando e tentando.

— Eu sei... — Encarei o meu reflexo em busca da Madelyin que um dia já fui, aquela que só conhecia a dor no hospital, mas que ao seu redor vivia com o amor da família e amigos...

Helena não é a mesma. Nós não somos mais as mesmas irmãs inseparáveis.

Respirei fundo e limpei as lágrimas acumuladas nos olhos. O rímel continua intacto.

— Você não consegue ficar feia, mas tira essa cara de bunda. Odiaria ter que explicar para Thalita e João sobre.

— Não que a reação deles seria diferente da sua, né — caminho até Flyin que brinca com o osso que Kiara trouxe. — Mamãe já volta.

...

Não era uma festa universitária — assim disse Kiara — mas a maior parte das pessoas eram universitários.

O lugar era fechado, várias luzes. Tinha um palco, mas apenas o DJ ocupava o lugar.

— E você trabalha em hospital ou ainda não? — O rapaz pergunta no meu ouvido.

— Faço estágio em Hospital — respondi levantando os pés para chegar até o seu ouvido.

Ele sorriu, um sorriso lindo, aliás.

Em poucos minutos as suas mãos estavam na minha nuca, me levando com delicadeza até a sua boca.

Eu não estava bêbada, pelo menos eu acho que não.

O beijo ficou rápido, as suas mãos percorrendo pelo meu quadril.

— Made! — Thalita gritou com animação. Eu a encarei, quebrando o beijo com o desconhecido. — Por que não me contou sobre o Hariel?

Olhei rápido para Thalita e voltei os olhos para o rapaz que tirou as mãos de mim.

— Pô, eu não sabia — ele se afastou. — Você namora?

— Não! — Respondi com os olhos presos aos de Thalita.

Ele foi embora antes que eu voltasse a encara-lo.

— Aí, ele nem era bonito — Thalita me puxa para o canto. — Por que não me contou?

Olhei para Kiara que se aproximava e depois novamente para Thalita, ambas bêbadas.

— Ela pegou o meu celular — Kiara levantou as mãos em rendição.

— Poxa, queria que me contasse também — Thalia deu um meio sorriso.

— Ela nem queria me contar — Kiara argumentou.

Revirei os olhos e puxei as duas para dançar. Se tem um jeito melhor de evitar esse assunto, é dançando.

Durante o resto da noite recusamos qualquer homem que se dirigia a nós três.

Depois de muitas bebidas e risadas, paramos em outro lugar cujo a fila não tinha fim.

— Eu trouxe o meu short na bolsa — Kiara abriu a pequena bolsa atrás do short.

— E cabe ai? — perguntei achando graça.

— A pergunta é — Thalita deu um passo assim que a fila andava. — Como você vai colocar e onde?

Rimos juntas.

— Aqui mesmo — Kiara tirou o tecido da bolsa de lado. — Só preciso tirar o tênis.

E ela tirou. Subiu a saia e colocou o short, fez um gesto vulgar para quem fazia comentários obscenos e enfiou a saia na bolsa.

Ela mostrou o maior sorriso como se falasse eu disse que ia conseguir.

— Madelyin? — Uma voz feminina me chama a nossa frente.

A morena sorri, me olhando de cima a baixo.

Eu a conheço, só não me lembro de onde.

— Perdão, não me apresentei na primeira vez que nos vimos — ela estica a mão na minha direção percebendo a minha reação. — Sou Clara Laurin.

Olho para a sua mão e a cumprimento, voltando os olhos para o seu rosto familiar.

Gelo assim que seus olhos me trazem a lembrança da casa de Hariel, dos gritos que a morena lançava desesperada no portão e da força que bateu a porta do carro quando eu sai para fora.

" — Uma ex, louca."