oito.

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Point of View: Maya.
[🦋]

- Gracias a Dios. - Me abraçou forte.

- Deu pra ouvir daqui?

- Deu. Ta tudo bem, nada te atingiu, né? - Me examinou assim como o Oscar fez.

- Não, tá tudo bem. Pai, o que ta rolando? Sei que o senhor sabe. - Ele respirou fundo.

- Nós precisamos conversar. - E é aí que a pessoa ansiosa tem taquicardia.

Ele sentou no sofá e eu fiz o mesmo, o olhando como quem diz "Vamos homem, fala."


- Mí amor, antes de tudo, sei que temos um trato de nunca mentir um pro outro, mas essa em especifico foi necessária.

- Tudo bem papai, só... Fala logo.

- Quando eu e sua mãe nos conhecemos ela não só fazia parte dos Profetas, como o namorado dela também. - Arqueei a sobrancelha.

- Você ficou com a mamãe enquanto ela ainda namorava?

- Por muito tempo...

- Mario!

- Ela não resistiu ao meu charme latino. - Riu. - Eu também não concordava, mas era delicado pra ela terminar com ele, principalmente pra ficar com um cara da gangue rival. Quando finalmente conseguiu, obviamente teve que sair da gangue e de casa por pura questão de segurança. Omar era louco por ela, não ia deixa-la em paz se ela continuasse a morar daquele lado. Quando ela mudou pra cá, nosso plano era juntarmos dinheiro por alguns meses e depois ir embora da cidade, mas você nos surpreendeu. - Deu um sorrisinho. - O plano foi adiado, mas se intensificou, porque naquela época era impossível criar uma criança com perspectiva de futuro nesse bairro. Quando você tinha quatro anos uma guerra começou entre as duas gangues, a última e mais sangrenta que participei. Por coincidência, foi no meio dela que sua mãe faleceu.

- Calma... A mamãe faleceu em um acidente de carro, né?

- Isso. Nosso carro foi atingido perto de casa, enquanto ela voltava do trabalho. Acertaram direitinho o lado que ela dirigia e quando cheguei no local, o dono do outro veículo tinha fugido. Era um carro comum, preto, mas fizeram questão de deixar uma bandana verde amarrada no volante. - Minha garganta apertou, enquanto minha cabeça estava a pura confusão, mesmo as informações estando claras. - Prometi pra ela em vida e quando nos despedimos que ia te proteger e comecei por omitir esse fato, não valia a pena você crescer com esse trauma, até porque nunca imaginei que teria que conta-lo. O ponto é, o Omar, cara que sua mãe namorava e provavelmente o filho da puta que tirou a vida dela, é o atual lider dos Santos. De umas semanas pra cá os ataques começaram de novo e não queriamos acreditar que predestinava uma nova guerra, até porque estavamos com um tratado sólido de paz, não tem motivos pra conflito, mas dito e feito. Eles abriram fogo contra os Santos hoje de manhã e pelo barulho desconfiei que a casa do Oscar tivesse sido um dos alvos, então provavelmente os próximos dias serão bem tensos.  - Eu chegava a estar enjoada de tanta informação.

- Você acha que tem probabilidade deles virem atrás do senhor?

- Infelizmente, mí amor. - Respirei fundo, limpando as mãos na calça, já que quase pingavam de tanto suor. Apesar de não fazer mais parte, eu já fiz muita merda quando estava nos Santos. Muita. Além de que simplesmente casei com a mulher que o líder daquela merda era apaixonado. Eu não esqueci, então eles também não devem ter esquecido e prefiro agir agora do que esperar e pagar pra ver.

- Agir como?

- Vamos pra casa da sua avó.

- Minha avó, sua mãe?

Delito | Oscar DiazWhere stories live. Discover now