Point of View: Maya.
[🦋]- Mas e aí? Rolou? - Me acomodei na cadeira, ansiosa pra saber.
- Rolou. - Confessou, tímida, enquanto eu ria.
- E você gostou? É melhor?
- É bem melhor. É mais delicado, não sei. Eu ainda gosto de beijar homem, mas foi gostoso também.
- Então você curte os dois?
- É... Acho que sim. - Demos um sorrisinho. - O que que foi, garoto? Ta olhando o que? - Disse olhando pro lado e eu acompanhei, vendo o Sad nos olhar.
- Essa sua cara feia.
- Quer me chamar de feia com essa sua cara?
- Sim.
- Faz seu trabalho, cara.
- Se vocês ficassem quietas.
- Ta todo mundo falando... - Eu observava tudo segurando o riso, era todo dia isso entre os dois e eu não tenho ideia de onde essa antipatia surgiu. Oscar, que fazia a lição mais concentrado, olhou com cara de tédio, revirando os olhos.
- Garcia e Santiago... Deu, né? - A professora soltou.
- É ele!
- Você que não fica um minuto em silêncio pra eu pensar.
- Não passa nada aí.
- Passa você de quat
- Parou! - A senhora Willians levantou antes que ele pudesse terminar a frase. - Troca.
- Troca o que? - Oscar se intrometeu.
- De dupla, vocês tem que dar um jeito de se resolverem, que eu estou cansada de discussão todo dia na minha aula.
- Calma mas... só hoje, né? Ou até o final do trabalho? Que eu não suporto não, ein? A gente vai se matar aqui. - Sad disse.
- Duvido. - Ayla disse, enquanto a professora revirava os olhos.
- Era só hoje, mas vai ser no projeto todo. Vamos... E cada discussão é um ponto perdido da dupla.
- Senhora Willians, não é justo. Nós já estavamos estruturando todo o projeto. - Ayla soltou. Não tinhamos escrito uma misera linha ainda.
- Ayla... Troca. - Ela me olhou com um biquinho, enquanto eu ria, dando de ombros.
- Isso é falta de liberdade de expressão, a senhora sabe, né? - Sad tentou pela ultima vez.
- Se vocês me obrigarem a ficar depois da aula por detenção, juro que não facilito a vida de vocês até o final do ano. - Eles reviraram os olhos. - Vou entender isso com um "sim senhora". - Voltou pra mesa.
- Pode levantar.
- Levanta você, é a mesma distancia. - Eu e Oscar nos olhamos, levantando e indo pras carteiras dos fundos.
- E a gente que paga. - Soltei.
- Confesso que não achei tão ruim, Sad é péssimo em ciências.
- Acho que trocou seis por meia duzia.
- Não, você é inteligente, reparo quando vai apresentar os trabalhos. - Me olhou.
- É pra entregar a ideia hoje, né?
- Isso. Pensou em algo?
- Ainda não. Você já?
- Tinha pensado em fazer um motor elétrico, mas se não gostar, da pra pensar em outra coisa.
- Motor elétrico com que?
- Com imã. - Fiquei o encarando.
- Muito complexo.
- Na real, é bem fácil. - Ele começou a explicar, desenhando no papel. - Aí a gente encaixa cada ponta de um lado e o magnetismo do imã vai fazer tudo funcionar. Entendeu?
- Nossa... Você desenha mal demais. - Ele revirou os olhos e eu segurei o riso. - Mas eu entendi, acho que da pra gente fazer.
- Eu só sou bem ruim escrevendo... Além de ser ruim desenhando. - Ri.
- Posso ficar com essa parte.
- Fechado. - Me olhou, cruzando os braços e encostando na cadeira. - Faz tempo que eu não te vejo.
- Faz tempo que você não vem pra aula.
- Também. - Riu fraco. - Preciso tirar dez nesse trabalho pra passar de ano, inclusive. Mas estava me referindo na nossa rua. Pensei até que tinha mudado.
- Só não estou saindo muito, estudando pra faculdade.
- Vai fazer algo relacionado a arte, né? Lembro que desenhava bem quando eramos mais novos. - Dei um sorrisinho.
- Artes visuais. Jurava que não lembrava dessa época.
Eu e o Oscar morávamos perto um do outro, nossos pais eram bem amigos e isso acabou fazendo com que também fossemos na infância, mas conforme fomos crescendo, nos afastamos.
A família dele era inteiramente dos Santos, a maior gangue do bairro, que por muitos anos meu pai também fez parte, saindo alguns meses antes de eu nascer. E aparentemente, Oscar seguiu o mesmo destino, já que voltou das férias com o cabelo raspado.
Nos afastamos sem um motivo em específico, ele foi parando de andar comigo pra andar com o Sad e uns caras mais velhos.
Meses depois conheci a Ayla, passando a andar com ela desde então, mas ainda nos cumprimentavamos quando nos encontravamos na rua ou nos corredores do colégio.
- Claro que lembro. - Deu um sorrisinho de lado, pegando um cigarro, colocando na orelha e olhando no relógio, ouvindo o sinal bater. Ele e o Sad se olharam, assentiram e levantaram ao mesmo tempo. - Depois nos falamos pra resolver os próximos passos do trabalho?
- Claro. - Ele assentiu, saindo da sala.
Olhei pra Ayla, que revirou os olhos, me fazendo rir e parar ao seu lado, guardando as coisas na mochila.
- Morreu? - Soltei.
- Não, mas quase matei. - Ri.
- Não entendo a rincha de vocês.
- Ele é do lado oposto. - Semicerrei os olhos, enquanto andavamos pelo corredor.
- Que lado, garota?
- Dos feios. Não gosto. - Gargalhei.
- Para de graça.
- Não, tá. Ele é bonitinho, mas essa marra de cholo me estressa. Tem nem bigode ainda. - A olhei. - Ih, nem começa. Bora vai, que quero alcançar o carrinho de sorvete e ele passa na rua daqui exatos dez minutos. - Me deu a mão, me fazendo andar mais rápido.
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Delito | Oscar Diaz
FanfictionJuntos, poderíamos nos condenar Vamos cometer uma tragédia E se eles nos pegarem escapando Temos a desculpa perfeita