Capítulo 39

12 3 3
                                    

KELSEY WEBER

— Achei que não viria — ele resmungou, com as mãos nos bolsos. Os cabelos escuros bem bagunçados, havia esquecido-me como era olhar para ele. Nós estivemos tanto tempo longe.

— Estava me esperando? — perguntei. Leonel abriu um sorriso de canto de lábios, desgostoso. Eu não queria ter vindo ao seu maldito chá de casa nova. Eu ainda nem acredito que ele se casou com aquela garota. Bom, não foi um casamento. Mas eles estão morando juntos agora, eles compartilham uma vida de casados. Eles estão mobiliando uma casa grande, parecem felizes.

— Talvez, você é minha prima. É da família. — Isso doeu pra caralho. Doeu mais do que um soco no estômago. Parece que ele fez de propósito, fez para me ferir. Como se quisesse colocar nos dois em um passado distante, como se fingisse que nunca tivéssemos acontecido.

— Quando estava no meio das minhas pernas, não me chamava de prima — forçei um sorriso, deixando-o boquiaberto. Leonel parece estar surpreso, completamente em choque. Acho que nunca conversamos sobre isso, sobre o que tivemos. Da noite pro dia, nós decidimos que ficaríamos juntos. Depois, do dia pra noite, já não éramos mais nada.

— Kel, agora você está comprometida. E eu também estou, então podemos não tocar mais nesse assunto? Não acarreta em nada nas nossas vidas. Só seríamos um desgosto para nossa família.

Ele parece tão certo disso, tão crente de que eu não signifiquei nada. Com uma pose de durão, postura de garoto mal que gosta de partir corações. Mas ele não consegue mais partir o meu, não tem mais o poder para isso.

— Claro, Leonel. — eu sorri, um sorriso carregado de sarcasmo. Eu o odeio, e odeio Leonel Weber. Eu quero matá-lo, ao mesmo tempo que quero abraçá-lo e dizer que sinto sua falta.

Eu sinto falta do meu pedestal. Porque era lá onde eu estava quando estávamos juntos. Tudo o que estava acontecendo em meu mundo era importante para ele. Meus pensamentos eram importantes, meu jeito de falar, ou o que eu queria fazer, meus hobbys. Tudo pra ele era importante. E para Bryce, sempre estou em segundo plano. Se ele não tiver um jogo de futebol, talvez passe o dia comigo. Se Bryce não tiver que sair com sua família, talvez possa ter um tempo para mim. É sempre o "talvez", o "se não tiver". Nunca sou o "sempre" de Bryce, e eu odeio isso. Porque com Leonel é tudo mais fácil e simples.

— Eu vou sentir saudades — suspirou ele, pesadamente. Como se tivesse tirando um peso de cima dos seus ombros, e o colocando inteiramente nos meus. Ele me abraçou, como se fosse uma despedida. Eu não posso pedir para que fique e espere por mim, não depois do fora que eu dei nele aquele dia.

Algumas lágrimas insistiram em cair. Eu odeio despedidas. Odeio pensar que estou perdendo ele nesse exato momento.

— É idiota pensar que ainda temos chances? Que a nossa promessa ainda está de pé? — perguntei entre as lágrimas e voz embargada.  Já estou prestes a fazer 17 anos. Com 18, se eu ainda amar Leonel e ele me amar... Isso não vai acontecer. Não mesmo, eu vou garantir que isso não aconteça.

Ele esboçou um sorriso fraco. Eu quis sorrir também. Mas estou tão perdida, tão confusa. Não quero ele. Mas ao mesmo tempo é apenas Leonel que me entende, quem me conhece de verdade.

— Sabe que eu não pensaria duas vezes antes de largar tudo e ter uma vida com você. Sabe que eu casaria com você sem nem pensar. Mas nós dois sabemos que isso é impossível, precisamos manter os pés no chão, ser duros com nós mesmo para que possamos ser felizes. Se ficarmos juntos...

— Não precisa dizer mais nada. — Ele não me ama. Está claro isso. Se apaixonou por Hellen, posso ver em seus olhos. Não quer que eu me sinta mal, mas essa é a verdade.

— Eu te amei por cinco anos, Kelsey. E eu te amarei por mais 50 anos, se possível. Mas preciso me libertar da sua indecisão. — Suas palavras foram como cacos de vidro cortando meu coração. Agora eu gostaria de não ter me apaixonado por ele. Ou de não ter trocado ele por outra pessoa.

Ele está certo. Em um dia, digo que não amo mais ele. Que não preciso dele para nada. E no outro dia, estou me declarando e pedindo para voltarmos ao começo. Eu sou um caos indecifrável.

— Não quero libertar você — sorri fraco, dizer aquilo doeu. Mas doeu porque era uma verdade que eu estava fantasiando com brincadeira. Leonel beijou minha testa, sem dizer mais nada. Ele se virou e entrou na casa. Eu não sei porque vim até aqui, sabendo que ele estaria aqui. Minha mãe disse para vir, para dar os parabéns ao casal. Bryce não quis me acompanhar, tinha que jogar videogame com os amigos e faria isso até as 5 horas da manhã. Então era para eu não esperar acordada pro ele. Ok, não é um vício tão ruim assim, mas também não é saudável para nós dois. Porque enquanto ele está lá se divertindo, estou sentada nesses malditos brancos de madeira, pensando que fiz a escolha errada.

Sim, eu fiz uma puta de uma escolha errada. Quero voltar ao dia em que Leonel se declarou. Quero voltar e pedir para que ele fique comigo. Eu estraguei tudo. Eu o quero de volta. Foda-se Bryce, nunca realmente amei ele. Talvez eu tenha me apaixonado, me encantado com ele. Mas Bryce King não chega aos pés de Bryce Weber.

— Não faça isso consigo mesma — Agatha murmurou, com os braços cruzados por conta do frio. Ela balançou a cabeça em negação, como se fosse uma mãe preocupada. Analisou meu estado deplorável, bebendo uma garrafa de vodca pura enquanto chorava olhando para o nada. Pensando em uma única coisa, uma única pessoa. — Eu achei que vocês fossem ficar juntos — ela falou, e eu dei de ombros. Ela que ferrou com tudo quando nos apresentou Hellen e Bryce. Mas eu não posso culpá-la por isso.

— E eu achei que estava apaixonada por Bryce. Alguns erros são cometidos, não é? — engoli o choro. Não posso me dar ao luxo de sofrer de amor. Preciso ser uma escritora de sucesso ainda, tenho foco nisso.

Leonel Or BryceWhere stories live. Discover now