Capítulo 18

15 4 2
                                    

KELSEY WEBER

Eu sei que fazer promessas que talvez eu não possa cumprir é errado. Sei que as pessoas mudam seus pensamentos e planos do dia para a noite. Mas ultimamente eu tenho desejado que dois anos se passem em um piscar de olhos. Mas infelizmente passou-se do alguns meses e hoje já é meu aniversário de 16 anos. Eu deveria estar feliz, mas eu queria já estar fazendo dezoito. Queria estar saindo por aquela porta agora, com a única pessoa que vale a pena deixar tudo para trás. Essa é a única promessa que eu realmente quero cumprir, a de estar com ele daqui dois anos. Se o amor que há em nós ainda permanecer.

Encarei seu rosto, enquanto ele estava dormindo calmamente. Alguns fios escuros soltos em sua testa. Sua respiração calma, a boca entreaberta. As bochechas levemente vermelhas, lábios naturalmente rosados. Sua pele não é clara, nem escura. Está no meio. Seus cabelos completamente negros. Tatuagens cobrem seu corpo. Há quase 7 dias ele não tinha nada tatuado em seu corpo. Mas ficou apenas sete dias longe e foi o suficiente para cobrir o pescoço e um braço. Fez algumas tatuagens na barriga e costela. Só consigo imaginar a dor.

Leonel está sem camisa, então paro para prestar atenção em seus músculos definidos. Antes de ele entrar para o exército era muito magro, agora seu corpo é definido na médica perfeita. Engoli a saliva, que estava quase escorrendo pelos meus lábios. Maldito Leonel Weber que é tão bonito. Como se tivesse sido esculpido pelos deuses. Ele tem uma pequena cicatriz no lábio inferior, e eu odeio gostar até disso nele. Outras cicatrizes na barriga, nos braços. Eu conheço a história delas, e a odeio tanto quanto ele.

Eu amo minha tia mas, ela merece muito mais do que um cara que enche os canecos, joga toda a bebida para dentro e desconta na mulher dele. Desconta nos filhos dela. Ela não consegue se livrar dele, por que ela não quer. Leonel já quase matou o cara de tanto bater nele, já chamou a polícia, amigos do quartel. Nada adiantou. Ela sempre negou tudo, negou o braço quebrado, o rosto sangrando e inchado. Negou as agressões depois que o bebê deles nasceu. Minha tia diz que só não denuncia o cara porque ele cuida do filho, porque ele da tudo para a criança e o filho dela não pode crescer sem um pai. Eu a acho ridícula por isso. Por isso me afastei. Todos nós nos afastamos. Principalmente Leonel, que sempre tentou ajudá-la, tentou fazer com que ela se libertasse. Mas ela preferiu ficar presa nas garras daquele monstro. Ele já machucou tanto Leonel, as brigas deles eram horríveis. Eles se odeiam, então ele evita ir para casa. Evita ser sua família, evita até mesmo atender as ligações de sua mãe. Já que ela está ligando para pedir dinheiro ou dizer que mais uma vez ele a bateu e ela precisa de ajuda. Eu odeio essa situação. 

Passei o dedo em uma de suas cicatrizes, muito profunda, deve ter uns 4 centímetros no mínimo. Engoli em seco, eu queria tanto vê-lo feliz depois de tudo o que passou. Eu queria não ser o motivo da sua felicidade. Pois sei que ele deposita tudo em mim, como se eu fosse lhe salvar da vida merda que ele teve. De certa forma, nós nos salvamos juntos. Um ao outro.

Beijei a ponta de seu nariz. Uma, duas e três vezes. Ele esboçou um sorriso, ainda sem abrir os olhos. Passou o braço ao redor da minha cintura e grudou nossos corpos. Sinto os arrepios pelo meu corpo com o roçar de seus dedos. Nós ainda não fizemos nada, e nem iremos fazer. Mas temos vontade. E só ficamos nisso, na vontade, nos sustentando com pequenas migalhas de beijos e mãos bobas.

Toda vez que começamos a tirar as roupas, eu travo. Não consigo, acho isso errado. Acho que vai acabar tudo, tudo irá desmoronar bruscamente em nossas cabeças. Então dou um passo para trás, coloco as roupas e peço desculpas. Ele sempre ignora minhas desculpas, diz que entende, que me ama e que não precisamos fazer nada disso. Mas já faz tantos meses que estamos apenas nisso, em malditos beijos mais nada.

— Eu amo acordar com você — sussurrou, abrindo apenas um de seus olhos. Sorri, aconchegando-me em seu peito. Ele precisa ir embora antes que minha mãe chegue. Antes que ela entre no quarto e nos veja assim. Na cama, ele sem camisa e eu usando apenas a camisa dele.

— Para de ser meloso. Vai logo embora daqui — pedi. Mas na verdade eu não quero que ele vá. Quero que fique, me abrace e diga que me ama. Que me deseje feliz aniversário e diga que só faltam mais dois aniversários para cumprirmos com a nossa promessa.

— Eu vou ir, mas não porque você mandou. Ok? — questionou, fazendo carinho em meus cabelos. Beijou o topo de minha cabeça, sem parar de deslizar suas mãos pelo meu corpo. — Feliz aniversário, amor.

Prendi a respiração uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Perdi as contas de quantas vezes a soltei e prendi novamente. Ele me chamou de amor. Não foi um sussurro. Não foi dito em tom baixo. Foi em um alto e bom tom. Leonel me deixou sem ar, de novo, como sempre faz.

As borboletas, o frio na barriga, a respiração ofegante de tanto que a prendi, milhões de explosões, milhares de estrelas caindo. Sinto tudo isso ao mesmo tempo. Tudo isso dentro de mim, por uma pessoa só.

Ele se levantou, deixando um beijo em minha testa antes de pegar seus sapatos, a calça jeans e a jaqueta de couro no chão. Ele vai ir trabalhar assim que minha mãe chegar, e só volta em 7 dias. Não sei se aguento mais dois dias longe dele. Leonel chegou ontem, e já vou precisar me despedir novamente. Eu odeio que ele seja militar. Odeio que ele seja meu primo. Odeio que não posso amar ele tanto quanto estou amando agora.

Leonel Or BryceWhere stories live. Discover now