Leonel Or Bryce

Capítulo 17

KELSEY WEBER

Ele me beijou, calmamente. Senti meu coração disparar. Não estava preparada para isso. Foi um beijo calmo, sem respirações ofegantes ou desespero. Apenas calmo, com carinho e algo que eu não conseguia identificar. Mas eu gostei, gostei demais. Queria beijá-lo toda hora. É diferente de Leonel. Com Leonel é um beijo desesperado, como se eu precisasse daquilo para viver. Como se estivéssemos à beira do precipício se nossas bocas não se unissem. É algo estranho, quente e proibido. Com muito desejo e excitação. Mas com Bryce, foi totalmente o oposto. Teve carinho, a forma como ele tocou em meu. Como me beijou com tanta delicadeza, como se eu fosse quebrar. Eu amei isso.

— Por que está agindo assim? — perguntei a Leonel, vendo que ele não falava uma palavra comigo. Apenas fumava cigarros um atrás do outro. Além de beber essa porcaria toda de uma vez só. Nós estamos na frente da minha casa. Ele escorado ao batente da porta e eu sentada nos degraus da escada, olhando para ele. Seu olhar perdido me diz que algo está errado. — Como foi com a Hellen? Por que ela foi embora?

Ele revirou os olhos, jogando o cigarro fora. Ficou alguns minutos em silêncio, com as mãos enfiadas nos bolos da calça jeans preta. Logo, tirou outro cigarro da carteira, levou-o até os lábios e cobriu o cigarro, ascendendo-o com um isqueiro. Tragou, segurou por alguns segundos e, logo soltou a fumaça por seus lábios.

— Para de fazer perguntas, Kelsey. Eu não quero respondê-las. — Dei de ombros. Não ligo se ele quer ou não, ele vai. Levantei, ficando em sua frente. Cruzei os braços. Seus olhos caíram sobre mim, ele abriu um sorriso ladino. Porra, havia esquecido como esse sorriso tira meu ar. Sua mão se arrastou até meu rosto, logo, tirou uma mecha de cabelo da frente dos meus olhos. Colocando a mão em minha nuca, puxando-me para mais perto. Está bêbado.

— Por que está estranho comigo? Fiz algo pra você? — continuei com os braços cruzados, as sobrancelhas unidas e o olhar sério. Ele balançou a cabeça em negação.

— Você não fez nada, Kel. — engoliu em seco. — Apenas é difícil para mim ver outro cara com a minha garota. Consegue entender isso? — meu coração disparou. Prendi a respiração. Senti meu corpo queimar, minhas bochechas provavelmente estão vermelhas. Porra, ele disse que eu sou a garota dele. Não sei bem o que isso significa. Mas sei que está com muitos ciúmes, e bêbado demais para admitir isso em voz alta. Admitir que tenho ele em minhas mãos. — Acho que me apaixonei, não era para isso ter acontecido mas... Você é diferente delas. De todas as outras. Você é um diamante em meio a um monte de bijuterias. Você é como um arco-íris após a tempestade. E eu amo tudo em...

— Por favor, para com isso. Você sabe que não podemos ficar juntos. Sabe que minha mãe, seus pais, toda nossa família seria contra isso. Eles seriam capazes de nós matar, não acha? — perguntei, já tendo certeza da resposta.

— Não, não precisamos deles. Nós podemos ir para bem longe daqui. Podemos recomeçar, em um lugar tranquilo. Só eu e você. Eu tenho dinheiro e...

— E seria loucura, Leonel. Tenho 15 anos, não posso simplesmente sumir para viver um amor que talvez seja apenas carência. Consegue entender isso? Consegue entender que nós somos muito, exatamente, iguais? Que talvez em poucos semanas poderíamos fazer acabar tudo por brigas? Por ciúmes? Pela nossa arrogância que é igual. Nós somos iguais, e sempre disseram que é os opostos que se atraem.

Ele bufou, jogando um pouco de fumaça em meu rosto. Torci o nariz, logo batendo em seu peitoral. Ele sorriu triste, como se eu tivesse destruindo seus sonhos. Como se eu fosse a vila da história. Sim, eu disse que seria. Mas ver ele assim, tão triste e cabisbaixo, me dá vontade de voltar a trás. De dizer que podemos sim, ser tudo o que quisermos ser juntos. Que nós podemos fazer isso dar certo. Mas eu estaria mentindo para nós dois. E isso não seria justo.

— Tá se apaixonando por ele? Pelo Bryce? — questionou, passando as mãos nos cabelos. Nervoso, ansioso pela minha resposta. Eu me encolhi, balançando a cabeça em negação. Eu realmente não estou me apaixonando por ele, mas a sensação foi boa. Foi diferente.

— Não, não, não. Leonel, eu não estou apaixonada por ele. Bryce apenas faz parte da nossa aposta, não se lembra disso? — perguntei, engolindo em seco. Ele viu nós dois nós beijando.

— Então por que beijou ele? Por que fica sorrindo? Conversando com ele, olhando para ele como se estivesse apaixonada? Eu não aguento ver isso, Kel. Ver que estou perdendo você para um babaca como Bryce King.

Ele não é um babaca. E também, Leonel e eu nunca tivemos nada. Ele mesmo disse isso, ele falou que não significamos nada um para o outro. Por que agora está mudando de ideia? Eu sinto vontade de dizer isso a ele, dizer que foi ele quem quis assim. Usar as palavras de Leonel contra ele mesmo. “Foi só um beijo, não significou nada”

— Porque eu preciso arrumar um jeito de tirar você da minha cabeça! — Alterei meu tom de voz, querendo que ele entenda de uma vez por todas. Nós não podemos ficar juntos.

— Mas...

— Não tem mas, Leonel. Você é meu primo, você é a pessoa que deveria sempre cuidar de mim como se eu fosse sua irmã mais nova. Era para seus sentimentos por mim serem semelhantes aos que tem por Agatha! Pois nós fomos criados juntos, nós somos como irmãos.

— Tá, mas e se você não ligasse mais pra isso? — ele perguntou, colocando seus braços ao redor da minha cintura. Me puxando para perto dele. — Se daqui a dois anos, nós ainda sentirmos algo um pelo outro, se estivermos solteiros e não ligarmos mais para o que os outros pensam. Você fugiria comigo? Viveríamos esse amo errado e sem futuro nenhum? — ele perguntou, com um meio sorriso nos lábios. Não consegui evitar de sorrir também. Que bom que ele sabe que não temos nenhum futuro. — Promete que se ainda tivermos esses sentimentos daqui a dois anos, vamos ficar juntos?

O moreno abaixou-se um pouco, alcançando meus lábios. Fiquei nas pontas dos pés, rodeando meus braços ao redor de seu pescoço. Sentindo o lugar entre minhas pernas ficar mais quente, pulsar em excitação. Sua língua deslizou pela minha, ele aprofundou o beijo, apertando forte minha bundo. Roçando meu corpo no dele, em sua excitação.

— Prometo, Leonel.