Leonel Or Bryce

Capítulo 25

KELSEY WEBER

Ele está lindo, de tirar o fôlego. Com os cabelos bagunçados, alguns primeiros botões abertos na camisa, mostrando algumas de suas tatuagens. Seu perfume exala pelo ar, já havia me esquecido do quanto amo esse cheiro. Leonel está com a barba por fazer, apenas o cabelo cortado, que ainda está grande para o quartel. Na maioria das vezes em que o vejo seu cabelo está bem curtinho, mas acho que ele abriu uma exceção atualmente. Isso o deixou ainda mais bonito do que já é.

Seu olhar me analisou, me devorou muitas e muitas vezes. Eu percebi todos os olhares, os flertes em cada um deles. Ele deixando Hellen e Bryce se distraírem para ficar olhando para mim, quase babando em mim.

Não vou mentir, estou quase indo para o banheiro e o arrastando comigo. Sinto minha intimidade latejar, meu corpo arder. Aperto as pernas uma na outra. Deveria ser crime alguém me fazer passar tanto tesão assim quanto ele. Não consigo nem pensar direito. Ele não faz nada e mesmo assim me deixa excitada, me deixa quase de quatro para ele.

Bryce, Bryce, Bryce... Havia esquecido que ele está bem do meu lado. Com a mão em minha coxa, e mesmo assim não sinto nada agora. Não por ele, não é a mão dele que eu queria que estivesse aqui. Deslizando, subindo, descendo, apertando suavemente, mais forte... Movimentos certos, pessoa errada.

Suspirei, dando graças a Deus que ninguém percebeu. A não ser a pessoa ao meu lado e a outra pessoa que não tira os olhos de mim. Isso só pode ser castigo, tortura ou algo do tipo. Eu devo ter ajudado a crucificar Jesus Cristo em alguma outra vida. Pois só pode ser karma, não tem outra explicação.  Apaixonada pelos dois, desejando um, sentindo o toque do outro. Ah, não me leve a mal. Bryce me deixa excitada, mas quando estou olhando para dois olhos negros carregados de malícia, meus pensamentos estão em outro lugar.

— Eu acho lindo o namoro de vocês. Fiquei muito surpresa quando Bryce disse que estavam namorando, pois no dia em que se conheceram não se deram muito bem e, aquele dia no shopping não pareciam tão felizes quanto estão agora. Aí que inveja — ela riu, riu muito, exageradamente. Quase revirei os olhos, mas apenas abri um sorriso forçada para Hellen e Bryce. Essa garota, eu gosto dela mas ao mesmo tempo a odeio. Ela parece tão falsa, e tão simpática ao mesmo tempo. Acho que são dessas amizades que eu gosto, aquelas que eu conheço bem a pessoa e por isso me torno amiga delas.

— Você e Leonel também pareciam não terem se dado muito bem no dia do shopping. Po menos, foi o que eu eu entendi quando voltei para a mesa e ele disse que você era uma doida e lá estava ele, bebendo sozinho e flertando com outras garotas — eu falei, agora encarando ele. Os olhares estavam em nós dois. O clima estava tendo, não foi minha intenção. Apenas queria que ela soubesse que não é a única quem está cuidando de algo ou alguém. Hellen claramente tem ciúmes de Bryce, não digo como namorados, mas talvez como amigos mesmo.

Já Leonel e eu, somos uma.longa história. Nós dois juntos daria um belo e destrutivo livro. Sempre penso nisso, como seria o fim da nossa história? Trágica e destrutiva ou, romântica que mantém corações aquecidos? Eu não sei mesmo. Mas não quero pagar para ver, já que provavelmente a primeira opção descreveria melhor o nosso final.

Nós nos apaixonamos rapidamente, mas desmoronando ainda mais rápido, mais rápido do que um copo cai e se quebra ao chão. Em mil pedaços, incapaz de juntar. E quando tentamos juntar os caquinhos, nos cortamos com os fragmentos de vidro. Acho que isso descreveria bem nossa atual situação. Ainda há fragmentos de nós dois. Passamos muitas noites em claro conversando, na maioria das vezes tão bêbados que mal nos lembramos das conversas nos dias seguintes. Mas sei que falávamos de casar ter filhos, fugir daqui, trocar de pais ou de estado. Fugir para qualquer lugar do mundo. Talvez trocar de nome. Criamos tantos planos em tão pouco tempo. Dormimos e acorda amos juntos, essa era a melhor sensação. 

Agora parecemos dois estranhos. Estranhos que ainda guardam e reprimem seus desejos sexuais um pelo outro. Ele sabe no que estou pensando, e eu sei no que ele está pensando. Nossas caras nos entrega rapidamente, tão nitidamente, não conseguimos esconder. Nem estamos tentando na verdade, talvez queiramos que todos saibam que nós temos uma puta e inegável química em apenas trocas de olhares.

— Quer dançar comigo, amor? — Bryce perguntou, estendendo sua mão para mim. Era uma música calma, muitas pessoas estavam bebendo e dançando na pista de dança quadriculada e com led. E outras muitas estavam sentados à mesa. Mas eu aceitei seu pedido, abrindo um sorriso e balançando a cabeça em afirmação. Nós fomos, deitei a cabeça em um ombro e deixei que meus braços rodeasse seu pescoço, Bryce colocou as mãos em minha cintura.

Acho que estou triste, pareço estar enganando ele. Pareço não estar sendo honesta nem comigo e nem com ele. Mas na maioria das vezes eu sinto que fiz a escolha certa. Sinto que é com ele que quero estar. Mas na outra grande maioria, não consigo parar de pensar em Leonel. Acho que é assim mesmo que funciona a paixão, você pensa naquela pessoa sempre, você idealiza uma pessoa para se apaixonar ainda mais.

Às vezes encontramos o amor, e ele parece lindo. Mas de repente essa pessoa se mostra diferente do começo. Com atitudes diferentes que vai fazendo você se desapaixonar aos poucos. Mas será mesmo que essa pessoa é tão diferente do começo ou você estava apaixonado demais para perceber que ela não era tudo aquilo? Sempre criamos expectativas em cima das pessoas e, quando estás mesmas não são atendidas, gostamos de culpá-las por isso. Mas nós somos os reais culpados, pois pessoas são falhas, não podemos esperar muito delas.