Capítulo 21

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LEONEL WEBER

Eu não consegui acreditar nela. Acreditar que não está envolvida nisso, que não sente nada por ele e que é tudo Bryce quem está fazendo as coisas sem nem ao menos perguntar a Kelsey o que ela quer. Ele é um babaca, não faria isso. É ela quem mandaria nesse relacionamento, se realmente existisse um. Se o único motivo para eles estarem juntos não fosse ela ser loucamente apaixonada por mim e por isso está fingindo viver um romance com aquele idiota.

Kelsey nunca quis ninguém, em todos estes anos sempre foi apenas ela. Nada de garotos, nada de pessoas que ela queria realmente namorar. Ela nunca nem falou o nome de alguém, nem para Agatha e muito menos para mim. Ela não gosta de relacionamentos. Diz que isso estraga as pessoas. Que amor verdadeiro só existe em livros e filmes, apenas feito para vender e lucrarem em cima. Kelsey odeia o amor, eu já presenciei isso. Eu já vi várias vezes ela dispensar pretendentes ótimos, apenas por não querer se envolver com ninguém. Agora ela quer mesmo que eu acredite nesse romance repentino? Que aconteceu depois de fazermos aquela maldita aposta? Eu não vou acreditar nisso, não mesmo. Ela não quer namorar. Ela só quer me atingir, usando logo o cara que eu não gostei nem um pouco.

Não, o problema não é eles namorarem. Eu até apoiaria isso se fosse pela felicidade dela. Mas ela não está feliz com ele. Ela não quer ele de verdade. E ele é um playboy que sempre teve tudo na vida. O cara não tem nem um emprego digno para levar ela pra sair, para oferecer uma vida pra ela. O que ele pode lhe oferecer? Uma casa no fundo do pátio dos pais dele? Que ótimo futuro! Ela em casa cuidando dos filhos enquanto ele marca de ir jogar futebol com os amigos? Ele chegando bêbado em casa e colocando a culpa do fracasso nela? Ela merece mais do que isso, muito mais. Ela merece eu.

Eu cuidaria dela. Eu sim lhe daria uma vida boa. Se agora já ganho bem, quem dirá em alguns anos. Ganharei muito dinheiro, poderia dar a ela uma mansão. Uma vida boa, amor, cuidados. Ela é a minha prioridade. Não o futebol, não o vídeo game. É ela. Isso que Kelsey precisa entender, abrir os olhos de uma vez por todas e ver que aquele cara não serve pra ela.

Ele mal sabe as coisas que ela gosta, o que come e o que não come. Os lugares onde ela gosta de ir. Ele nem sabe das coisas que ela passou, não sabe do Aaron, do quanto isso a afetou e transformou Kelsey. Ele não a conhece. Mas mesmo assim ela prefere enganar a si mesma decidindo ficar com ele. Levar isso a diante. Era só uma aposta, ela ganhou. Não precisava continuar com a farsa.

"Podemos marcar de nos ver? Queria perdi desculpas..."

Mandei para Hellen. Não quero nada. Não estou arrependido. Mas não vou ficar aqui parado vendo Kelsey se apaixonar, ficar com outra pessoa — Que não tem nada a ver com ela — e esquecer de tudo o que vivemos juntos. Eu não vou ficar para trás, se ela quer fazer ciúmes eu também vou fazer ciúmes. Ver se esse relacionamento é real ou apenas um tentativa de ela me esquecer.

Hellen aceitou, disse que estava na academia. Passei de Uber até lá e a busquei, logo fomos para sua casa. Ela não parava de falar o caminho inteiro. Encarei-a bem, ela é bonita. Tem um corpo expendido. Bem curvilíneo, suas roupas realçam o decote de seus seios fartos. Hellen usa apenas uma blusinha de alças, que deixa sua barriga aparecendo. Ela veste um short curto e desfiado, quase aparecendo a polpa de sua bunda. É uma gostosa, mas de cara já dá pra ver que não vale nada.

— Vamos aonde? — quis saber, animada. Dei de ombros, não ligando se vou parecer desanimado, deixando claro que preferia que ela escolhesse o local. Não tenho nada em mente pois nem estou com vontade de sair com ela. Vou fazer isso para me distrair, e talvez, só talvez, fazer Kelsey se arrepender um porquinho por estar com aquele idiota.

— Aonde você quiser, gatinha — passei o braço por cima de seu ombro, saindo da casa dela. Ela mora sozinha, tem alguns móveis velhos e uma casa humilde.

Nós ficamos andando pelo centro da cidade, logo paramos em frente a uma lanchonete. Pedimos dois hambúrguers e nos sentamos em uma mesa de plástico. Eu sei, também sou um idiota por não fazer questão de levar ela a algum lugar mais chique. Mas eu não vou gastar com uma garota que nem conheço, que nem sei se quer realmente ficar comigo. Uma garota que não é a minha.

Nós começamos a conversar. Tentei fingir não estar tão desinteressado em sua vida. Ela falou da sua antiga escola, dos amigos que sumiram. Falou que seu pai a expulsou de casa quando ela engravidou...

Foi aí que eu comecei a prestar atenção.

— Depois que minha mãe morreu ele ficou tão ruim, parecia outra pessoa. E quando comecei a namorar, teve que ser escondido dele. Pois eu sabia que se descobrisse, iria me xingar e proibir o namoro. Então fiquei 2 anos namorando escondida, e apareci grávida. A barriga já estava aparecendo muito então não tive outra opção a não ser contar. Quando contei a ele, vi o demônio na minha frente. Ele me bateu, me mandou embora, disse coisas horríveis para mim. Então decidi morar sozinha.

— Meu Deus! E cadê o pai da criança? — perguntei.

— Ah, nós éramos muitos novos. Ele assumiu mas não queria sair da casa dos pais e falava que lá não tinha lugar para eu ficar. Que não poderia bancar eu e meu filho. Então eu fui morar sozinha, arrumei um emprego de garçonete e comecei a me virar. Hoje ele levou ela para sair. Hoje está casado, tem a casa própria e o carro dele. Enquanto eu tive que parar de estudar para cuidar do filho que fizemos juntos. Você sabe como é as coisas... Algumas pessoas nascem com privilégios, outras não. — Ela sorriu fraco. Acho que toda essa conversa era efeito do álcool que tomamos. Enquanto não chegava os lanches, pedimos várias bebidas. Continuamos conversando a noite toda. Ela é mais interessante do que pensei.

Leonel Or BryceWhere stories live. Discover now