Dia 1: N° 020

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POV - 020: Acordo com o barulho do carro que me transportava, sufocado pelo meu próprio peso, eu sei que fui apagado mas não me lembro de nada. A primeira coisa que fiz foi tentar entender o que estava acontecendo comigo. Eu estava vendado, meu corpo estava completamente preso a cadeira do carro blindado, meus pés estavam presos ao chão, minhas mãos amarradas. Em que inferno eu estou? Quando notei finalmente meu estado, o desespero não demorou mais a chegar. Comecei a me debater e finalmente abri a boca.

- Ei! Tem alguém ai?! O que tá acontecendo?? - Eu confesso, fiquei um pouco mais desesperado que isso, mas mantive tudo dentro de mim.

Então sinto um chute forte na perna, não sei se ficava feliz por não estar sozinho, ou ficava bravo porque doeu pra caramba. E porque esse idiota está livre?

- Cala essa boca. Eles vão castigar a todos nós por culpa do seu chorinho patético. - ouço uma voz masculina na direção de onde veio o chute. Delicado como uma flor.

- Você é tão irritante... pare de agir como se mandasse em algo aqui - Fiquei agradecido e com medo desse defensor ao mesmo tempo. A voz dele vinha exatamente da minha frente, estávamos avançando, não estávamos virados para a frente do carro. Estava nessa situação com essas ótimas pessoas.

- Quem tá aí? - não sei ainda porque foi a primeira pergunta que eu fiz.

- Assim como você, ninguém aqui se lembra de nada. - o gentil senhor com uma ótima direita, sussurra. - por gentileza, fique quieto.

Não gostei dele. Debochado.

- Tem alguma mulher aqui? - faço minha ultima pergunta. Parece sem sentido, mas imaginei que se houvesse provavelmente estaria assustada e vulnerável.

- Não que eu saiba. Contei 5 homens, mas podem ter mais que estão em silêncio. - o homem a minha frente.

- Vocês também estão todos amarrados e vendados? - tá, agora é a última.

- Sim, sim estamos. Agora fecha essa boca! - sussurrou de novo o da direita. Os pés dele não estavam isso eu sabia.

Senti o carro parando e todos ficando calados. Parece que chegamos seja lá onde for.

Ouvimos as duas montanhas virem andando por uma estrada de terra e cheia de pedras, eu não precisava ser um gênio para saber que eram caras grandes e ignorantes, mas mesmo assim me assustou. Eles entraram pelas portas que haviam no fundo e começaram a cortar as vendas, eu ouvia tudo, temendo por minha curta vida. Não sabia quantos anos tinha mas sabia que era jovem.

Cortavam as vendas de todos, quando chegou minha vez ele conseguiu cortar o meu rosto também.

- Aí caramba!

Ele só continuou fazendo seu trabalho assim como provavelmente foi ordenado.

Quando pude ver com atenção tentei pegar o máximo de detalhes em um tempo mínimo.

Ele era grande e bruto, tinha cicatrizes por todo lado. Em seu pescoço tinha o que parecia uma coleira. Seu cinto era carregado de coisas que poderiam machucar ainda mais meu belo rosto. Seja como for ele era grande e dava medo, principalmente pela ausência de uma alma em seus olhos.

Olhei também pros homens que interagiram comigo. O que me defendeu tinha cara de quem não pode se mexer, o outro era um frango, só tinha atitude mesmo.

Por fim fui ver onde estava e com quem, quantos, e tentar descobrir o porquê. Eram uns 15 homens, todos asiáticos de idade parecida, pelo menos aparentemente, estávamos todos vestidos em macacões vermelhos semelhantes os de prisão, era um carro de transportar pessoas, prisioneiros de guerra. E do lado de fora da carruagem dentro daquele paraíso, tinha o cenário mais estranho que já vi... mas pensando bem o único que me lembrava.

9° DistritoWhere stories live. Discover now