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— Conheci ela!

Doyun entrou com tudo na sala, eu assistia a mulher dar partida no carro correspondendo aos meus olhares quando esse moleque descontrolado entra gritando.

— Ela quem Doyun?

— Ué Jungkook, você não chegou aqui estressadinho falando sobre a mulher que te persegue ter aparecido na cafeteria?

— Não foi bem assim que eu disse. — Aponto para ele. — Peraí, como assim conheceu ela?

— Tinha uma moça no balcão com as mesmas características que disse, e a Minji ter olhado estranho para ela foi a deixa perfeita, essa garota não te esquece mesmo né? — Revirei os olhos com a declaração.

— O que você falou? — Já estava preocupado.

— Nada demais, relaxa, só me apresentei. Ou achou que eu ia perder a oportunidade? — Beberica do seu café.

— Doyun, só espero que não tenha falado demais. Agora com licença que preciso trabalhar. — Seguro seu braço o guiando para fora, mas a verdade é que eu queria fugir do assunto e nem saber o que esse palhaço disse.

— Aliás, ela é linda, tô começando a entender os seus...— Sua voz é abafada quando tranco a porta em sua cara.

Eu tinha clientes para atender , e eu não quero que nada me desconcentre. Pois já tenho distrações suficientes com a voz de Doyun e daquela mulher na minha cabeça. Os dois me perturbam, mesmo de modos diferentes.

Me assusta a quantidade de pessoas que já nos ligam um ao outro, meus colegas de trabalho, meus pais, e até o desgraçado do marido dela. Todos enxergam uma ligação inexistente entre nós, compreendo as situações que nos ligam, mas de modo bem real, não sabemos nada um do outro, ainda somos meros estranhos.

E o que mais me assusta, é desejar saber mais sobre a tal mulher, isso que é de fato assustador. Ela desperta em mim uma curiosidade sem explicação, um desejo de desvendar cada pedacinho daquela mente estranha.

"Porque não responde as minhas mensagens?"

A tela do telefone acende com a mensagem de alguém que eu nem me lembrava que tinha meu número. As vezes o álcool me faz fazer coisas que a minha parte sóbria o repreenderia, como dar meu telefone para uma garota que passará o resto da semana me enviando mensagem.

Além de ocupado, também gosto do meu espaço, então continuo sem responder, quem quer que seja, e retorno aos meus afazeres.

— Jungkook? Já estou de saída, vai fechar agora? — Como sempre, Doyun invade sem bater.

— Tudo bem, daqui a pouco estou de saída também. — Olho para o relógio na parede. Já se passava das onze da noite.

— Boa noite. Só não vou te esperar porque estou muito, muito, muito cansado. — Diz consciente de que sei que ele irá sair com alguns amigos, há muitos bares abertos na madrugada.

O movimento da minha cabeça em negação, demonstra o quanto acho o Doyun uma criança de 23 anos. Confesso que gosto da sua companhia, ainda que as vezes queira me enlouquecer. Mas estar sozinho é melhor ainda.

Fazer minhas atividades sem perturbação, me relaxa e consigo ser bem mais produtivo. Enquanto penso alto sobre a tranquilidade que o ambiente se encontra agora, ouço barulhos no andar de baixo, pensei em Doyun, mas foi a suposição mais errada que já fiz na vida.

Acreditei fielmente estar alucinando quando encontro a figura feminina desatenda caminhando pela recepção do estúdio, seu olhar penetra no meu quando percebe a minha presença. Agora, nos olhando assim, vejo que sua expressão de curiosidade se transformou em medo, talvez.

Desço os degraus lentamente ainda tentando assimilar o que poderia estar acontecendo, ela começa esfregar as mãos na saia vermelha, longa e colada, cheia de nervosismo, é impressionante como posso sentir as emoções saindo dos seus poros, nesse sentido ela nunca foi um mistério para mim, tudo é bem explícito.

— Jungkook...

Ouvir meu nome sair daquela boca, baixo e de maneira tão necessitada, fez minha estrutura entrar num transe que me arrastou até seu corpo vulnerável num instante. A luz baixa deixava as coisas mais estranhas e intensas, o silêncio devorava meus sentidos.

Ela estica o braço na direção do meu rosto, visualizo a pulseira atrás dos dedos, como destaque o anelar, que carregava a aliança da farsa.

— Pertence á você. — Sussurra.

Nego com a cabeça, mas sem permissão minha mente ousou pensar que qualquer coisa pode pertencer à ela, era a hipnose em pessoa, pode ter o que quiser ao seus pés. Assim como tem toda minha atenção agora, e eu juro que não consigo me desviar nem por um segundo.

— Não tem importância para mim, pode jogar fora se assim desejar, mas não é motivo para ter vindo aqui, então pode ir porque já estou fechando. — Transpirei em falar tão rápido.

Seus olhos cresceram e se conectaram com os meus de novo, talvez tenha ficado supresa com a minha atitude, porém eu estava assustado com o efeito que sua presença causou em mim, e a primeira coisa que pensei foi em dispensá-la assim como fez comigo.

MAGNETISM. jjkWhere stories live. Discover now