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Me apoie no banco e o guiei até o local onde o carro estava parado, sinceramente eu estava louca para chegar ao trabalho, me sentar na cadeira confortável da minha sala e dar fim nessa queimação que percorre todo meu corpo com o ar condicionado, mas sem meu carro não saio daqui.

De alguma forma aquele homem conseguiu fazer o carro ligar e levamos ele até a oficina onde o mesmo iria ser revisado, eu espero que dê para consertar aqui mesmo, não quero ficar das seis da manhã até sabe lá quantas horas fazem que estou aqui, aguardando todo esse processo para no fim não adiantar nada.

Enquanto eu estava sentada esperando o fim do conserto, ouço o barulho familiar da moto novamente, não qualquer moto, a específica que quase vira a arma responsável pela minha morte. Tudo bem eu não sei porque penso tanto nisso, foi até um acontecimento insignificante, provavelmente qualquer pessoa quase já foi atropelada na vida.

Mas eu tinha pedido aos céus para não ver ele nunca mais a pouco tempo, qual o problema com as minhas preces? Porém como dizem "não a há nada ruim que não possa piorar", assim que o tatuado estaciona vejo outro transporte familiar vindo logo atrás, era o carro do meu marido.

Me levanto num pulo, mas que diabos ele está fazendo aqui? Ajeito minhas roupas já desleixadas e me aproximo da saída da oficina, o outro conversava alguma coisa com o mecânico enquanto meu marido descia do carro e se aproximava de mim.

— Qual o seu problema? — Ele estava irritado, o motivo também desconhecido por mim. — Me ligaram diversas vezes do seu trabalho dizendo que você ainda não tinha chegado e nem atendia ligações, tentei te ligar e também estava fora de área, se está tentando chamar atenção se enfiando nesse fim de mundo, conseguiu.

Ele estava explosivo e nem sequer me deixou falar, era tão estranha a atitude dele que até os dois homens atrás de mim se silenciaram.

— Meu carro quebrou. — Falei quase num sussurro para ele entender que estava constrangida com seus gritos.

— E quebrou justo aqui? Você trabalha no centro da cidade, que rota é essa?

— É porque...

— Não importa! Entra no carro. — Ele caminhou até o homem de forma quase que agressiva eu diria e entregou um cartão. — Leve o carro nesse endereço. — Ordenou.

Que tipo de educação era aquela? Que momento mais constrangedor, eu preferia ter ficado horas aqui do que esperar meu marido vim me buscar nesse estado, além de não saber como ele me encontrou, ainda tenho que lidar com estranhos tendo uma ótima primeira impressão do homem que escolhi para casar, devem achar que sou tão péssima quanto ele para escolher alguém assim.

Ele nem me deixou explicar que o rapaz qual ele entregou o cartão da empresa não tinha nada a ver com a oficina e também era cliente, pior de tudo foi nem me deixar agradecer ao senhor que cuidou de tudo.

— Não acelere tanto, por favor — Pedi.

— Não venha me dar ordens, estou farto dos seus chiliques, até parece uma adolescente mimada, quer ter razão sempre e tudo que eu faço para você nunca está bom!

— Mas eu tenho razão, olha esse seu comportamento rude, acha que está correto em agir dessa forma? — Disparei.

— Escuta, não foi você que teve que largar tudo para cima depois de receber milhões de mensagens das suas funcionárias, e ter que dirigir até aqui por culpa da irresponsabilidade de alguém durante seu horário de trabalho, então não reclame.

— Isso é sacrifício para você? Ajudar sua própria esposa uma vez ou outra é tão pesado assim? — Eu estava quase chorando, de ódio.

Ele suspirou e freou o carro, bateu no volante e passou às mãos no cabelo.

— Você não percebe o quanto estou casado de tudo?

— Você nunca ver o meu lado, não exija isso de mim.

Abri a porta do carro, estávamos já numa avenida um pouco movimentada, então não seria difícil achar uma carona, por outro lado ele também saiu do carro.

— Definitivamente você enlouqueceu, entre no carro!

— Se sou um fardo para você, pode se livrar agora, vá para seu escritório se tranque lá e não se preocupe comigo. — Devolvi no mesmo tom.

— Estou falando sério, entra logo. — Falou autoritário.

— Não vou...

Ao olhar para os carros à procura de um táxi, vi a fatídica figura masculina vindo em nossa direção, tão rápido quanto a própria moto entrei no carro e me afundei no banco. Eu suava frio, para mim era humilhante tudo isso.

Ele alternava o olhar entre mim e o homem que pilotava em alta velocidade atrás de nós. Ouço a porta bater e ele sentar no banco do motorista, antes de darmos partida, o rapaz estaciona do nosso lado batendo algumas vezes no vidro que logo é abaixado. Arregalei meus olhos, porque ele não passou direto? Meu Deus, que penitência!

— Estão atrapalhando a circulação dos veículos, é bom que sejam rápidos. — Sem paciência o homem do meu lado começou a fechar a janela enquanto eu nem olhei para ela, congelei olhando para frente. — Não trabalho na oficina, mas o carro será entregue. — Gritou divertido enquanto sua voz era abafada pelo vidro.

MAGNETISM. jjkWhere stories live. Discover now