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— Está me perseguindo ou o quê?

— Cheguei primeiro, metida. Além do mais trabalho aqui do lado, você que veio tomar do café que tomo todos os dias.

— Eu realmente não sabia, pois se soubesse não viria. — Digo olhando para os lado procurando um lugar para sentar fazendo pouco caso da intensidade do seu olhar sobre mim.

Sou surpreendida quando sua mão firmemente agarra minha cintura levando nossos corpos a máxima aproximação, encarando assustada seu rosto a centímetros do meu, com as mão em seu peito iria empurra-lo, mas percebi pessoas caminhando atrás de mim.

Eu estava atrapalhando a passagem dos demais clientes, ele tinha me afastado para as pessoas passarem, fiquei envergonhada pela cena. Devagar me desgrudo do homem forte e alto. Ele como mania, passa a mão no cabelo, não sei se está tenso como eu.

— Desculpa. — Movimento a sobrancelha com sua palavra.

— Você não precisa...

— Graças a você estou atrasado. — Passa por mim às pressas me dando as costas, nervoso, o assisto abrir a porta e fechá-la.

— Ah. Imbecil. — Acho que falei um pouco alto demais, vejo os olhares estranhos me consumir.

Fingindo não estar envergonhada, me direciono até o balcão, onde uma mulher de longos cabelos negros e pele pálida está a minha espera, me sentei em um dos banquinhos e antes que eu pudesse ao menos falar "bom dia", sou recebida com tal questionamento:

— É a nova namorada do Jungkook? — Continua limpando o mármore como se não tivesse me feito a pergunta mais idiota do mundo.

— Perdão, como é?

— Estavam conversando, e...

— Isso não explica nada, além disso sou muito bem casada.

— O que não é problema nenhum para ele.

— Senhorita, não tenho nenhum envolvimento com aquele rapaz, inclusive gostaria que não falássemos dele, agora por gentileza...— Aponto para o cardápio, a mulher me entrega sem dizer mais nenhuma palavra.

O café estava delicioso, fazem muitos dias que não tomo um café da manhã tão tranquilamente, e seria uma declaração boa, se o motivo não fosse porque na minha casa, onde eu deveria me sentir à vontade, tivesse se tornando meu horror.

— Minji, meu café, o tapado do Jungkook esqueceu. — Disse um rapaz que chegou quase correndo do meu lado.

Se apoiando no balcão ele me olhou e acenou, com um sorrisinho sem jeito, provavelmente vendo a minha cara de espanto pela sua agitação repentina.

— Ele sempre esquece o seu café, Doyun. — A garçonete entrega o copo para o rapaz.

— Eu sei, mas parece que ele está pior, chegou no studio todo afetado. — Ri descontraído, zoando o outro.

Num instante a garçonete me olha de lado, incentivando Doyun repetir o ato, ele alterna o olhar entre nós duas antes de se virar totalmente para mim.

— Então é você?!

— Como? — Retiro a xícara da boca rápido.

— Ah, é...Eu sou o Doyun, prazer. — Pareceu nervoso.

— Prazer. — Digo desconfiada aceitando seu aperto de mão.

— Já não se conheciam? — Minji pergunta.

— Infelizmente não. — Doyun continua me olhando sorrindo.

— Pois seu amiguinho parece conhecê-la muito bem.

Olho para a mulher que apoia os cotovelos no balcão analisando as unhas. Ela está com ciúmes ou algo do tipo? Confesso que surgiu em mim uma vontade involuntária de sorrir, tanto do jeito estranho de Doyun, quanto do comportamento da mulher.

— Minji, o Jungkook conhece todas as mulheres da cidade.

Enrijeci, eles se olhavam intensamente, debochando um do outro, o que foi bom, assim não viram a minha expressão, e nem perceberam o leve desconforto que senti, ainda que eu mesma não soubesse controlar tudo isso.

Os dois começaram um diálogo que eu já não estava entendendo e muito menos preocupada, por isso coloquei a quantia necessária sobre o balcão e me retirei do local. Antes que eu pisasse na calçada, meu celular toca.

Oi.

Já chegou em casa? Sua mãe me ligou dizendo que dormiu lá, mas saiu cedo, ela estava preocupada.

Então já está na empresa...

Obviamente, tenho horário para cumprir. — Disse grosseiro. — Mas não me respondeu, está em casa?

Enquanto ouvia sua voz, entrei no carro, foi quando pude analisar toda a rua e ver de fato onde Jungkook supostamente trabalha, mirei o local decorando cada detalhe, entrei num transe que até me esqueci da voz de Kim, que virou  apenas um plano de fundo para meus pensamentos.

Está me ouvindo? — Me espanto com seu grito.

Como? Desculpa, não entendi. — Massageio a têmpora, exausta.

Que droga você está fazendo? Onde está?

Estou a caminho.

Ah, está a caminho? Porque? Porque liguei?

Kim eu já estava de saída.

E está de saída de onde?

Vá a merda! — Simplesmente desliguei o telefone.

Joguei o aparelho no banco do passageiro e tentei me tranquilizar para voltar a dirigir. Antes da partida, olhando para cima, para o tal prédio, através de uma vidraça pude captar seus olhos.

— Meu fantasma. — Meu sussurro baixo sai com um sorriso pequeno.

MAGNETISM. jjkWhere stories live. Discover now