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Sinto o ar faltar dentro dos meus pulmões quando ele me leva até próximo do seu rosto apenas com as mãos em minha bochecha, o ato me causou dor, a mesa impedia que seu corpo dominasse outras partes do meu.

— Eu acho bom você parar com esse cinismo, de rebater tudo que falo, porque não somos iguais, mas se continuar dessa maneira iremos ficar bem juntinhos no mesmo barco, ficarei louco como você já está, e aí você vai ter de fato motivo para surtar. — Engoli a saliva que desejava arremessar em seu rosto. — E se você deseja sair e fazer o que quiser, te dou esse direito, mas a condição para isso é me tratar com o devido respeito, porque dentro dos meus territórios mando eu.

Derreti em desespero, como um choque meu corpo reagiu, bati em sua mão permitindo que desfizesse seu aperto em meu rosto, não minto que não fiquei abalada, mas continuei olhando no fundo dos seus olhos com todo ódio que tinha.

— Não toque mais em mim. — Sussurro.

— No meu território...— Fala de novo como se estivesse me corrigindo, em forma de sussurro como também fiz.

Agarro minha bolsa tão brava que minha pele queimava, ao mesmo tempo que também sentia dores físicas de medo. Onde seu aperto foi depositado eu podia sentir seus dedos
ainda, afundando em cada canto. Parecia que mesmo através da porta que agora nos separava, seu olhar ainda me alcançava e não me deixava ter descanso.

Chorei, chorei e estava envergonhada, isso nunca tinha acontecido, eu segurei tantas lágrimas que agora elas chegaram ao ápice e não iriam me permitir calá-las. Tinha vergonha dos olhares que atrai, duas ou três pessoas presente na recepção, mas para mim parecia uma multidão.

Ainda na saída acabei tropeçando, quando me reergui, o senhor que vi mais cedo conversando com o motoqueiro fantasma está bem próximo a mim com o olhar preocupado, ele tocou incerto em meu braço como se sentisse que a qualquer momento eu cairia.

— Está tudo bem senhora? — Ele sabe que não, se do meu rosto jorrava lágrimas. Porém agradeço a boa intenção.

— Foi só um momento desagradável, não se preocupe.

— Quer ajuda com algo? — Ele foi gentil, mas eu precisava estar sozinha.

— Obrigada pela preocupação, mas preciso ir. — Me curvei e sorri levemente para ele que repete o ato.

Recuperei meu fôlego quando entrei em meu carro, fiquei ali dentro por um tempo, deixando meu sentimentos fluírem, eu tinha medo de pegar qualquer caminho agora. Eu lembrei da minha mãe e da nossa conversa ontem.

Ela passou a noite me dando conselhos e falando o quanto eu preciso me controlar durante situações como essa, se me altero junto com o outro, nada acaba por se resolver, sempre ficará esse ambiente caótico, mas estava sendo difícil, muito.

Ele era tão orgulhoso quanto eu, sempre tivemos alguns discussões desde o início, mas tratávamos como coisas normais de casais, não eram tão estranhas e arriscadas como as de agora, como se tudo fosse de fato desmoronar.

Pensei também que só o que faltava era aquele homem aparecer de novo agora, porque definitivamente hoje foi o dia que meus sentimentos mais me derrotaram, e convenhamos que ele só me aparece nesses momentos. Interrompendo meus pensamentos, meu telefone toca.

Oi mãe.

Oi filha, onde você está? — Pela voz dela parece que não aconteceu nada sério.

Estou indo para casa, saindo da empresa. — Explico limpando meu rosto fitando o espelho.

Acabamos conversando ontem tanto que acabei esquecendo de te fazer um convite.

Hum, qual? — Coloco o cinto.

Na verdade o convite era do seu pai, mas ele não poderá ir, então estou te chamando para não ir sozinha...
Uma amiga estará fazendo uma festa para comemorar o aniversário nesse sábado, gostaria de me acompanhar? — Suspirei pensando com cuidado, meu humor estava pedindo isolamento total.

Tudo bem, eu te acompanho. — Vou pensar nela dessa vez, o papai não está e eles sempre fazem tudo juntos, talvez ela esteja acostumada com isso, então deve ser estranho sair sozinha.

Talvez seja uma distração para essa cabeça imperativa.

É. — É uma tentativa que estarei fazendo.

Avisando com antecedência para você não me aparecer cheia de compromissos hein? — Ela parecia animada.

Mãe! Eu cumpro com as minhas palavras. — Ela ri.

Tá bom, querida, beijo.

Beijo.

Eu nunca fui de socializar, o meu emprego e as vezes os momentos em família já eram suficientes para mim, e também tenho um marido introvertido, então não cheguei
a frequentar tantos lugares cheios de pessoas na vida.

Eu sabia totalmente que eu era a típica esposa de milionário, que trabalha e faz compras, era quase que um destino isso para mim, ser como a minha mãe, então não tinha muito o que exigir da vida, mas de pouco em pouco eu percebi que a diferença estava no marido milionário, o meu pai é amoroso, o meu exemplo de homem, ele dar muito carinho.

O meu acha que, o conforto já vale, que eu não me importo se ele é presente ou não, se me dar amor ou não, se preciso de atenção ou não, e apesar de ter me dado tudo isso no começo, aos poucos foi escapando entre os dedos, e a verdade é que eu me importo, e importo muito.

MAGNETISM. jjkOnde as histórias ganham vida. Descobre agora