Epílogo: Come Back To Me

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Lisa caminhava calmamente pelos corredores daquele hospital. O cheiro já não a incomodava mais, as pessoas doentes espalhadas por todas as partes também não.

Sorriu para uma criança que passava por ali e parou em frente ao quarto de número 323. Um suspiro pesado e cansado escapou do fundo de sua garganta e abriu a porta logo em seguida, dando de cara com o corpo de Jungkook completamente ligado a aparelhos.

Segurou as lágrimas ao lembrar-se que ele estava naquele estado — há meses — por sua causa e entrou de uma vez por todas no quarto, fechando a porta em seguida.

Mais de três meses havia se passado desde aquele dia infernal.

O dia em que Jungkook fora gravemente baleado... Por sua causa, porque ela o deixara lá. Mas toda aquela culpa servira de algo: seu trabalho para Charlie estava feito, sua carreira ficara melhor, trabalhos melhores e maiores apareceram.

Mas, entre todos eles, o que mais gostara fora escrever um livro. Contara tudo — com a permissão de todos que participaram daquilo, claro — o que acontecera naqueles meses de trabalho ao lado de Charlie e sua equipe, claro que modificando os nomes e alguns fatos para parecer uma história fictícia.

Mas todos daquele país sabiam que aquilo tinha mais realidade que ficção. O livro era um sucesso!

O que ela mais queria e precisava era de Jungkook acordado para apreciar aquele trabalho, claro que o queria acordado também para se desculpar; se desculpar por ter deixado ele levar aqueles tiros, se desculpar por não ter conseguido segurar o filho que ele deixara claro que queria que ela tivesse, se desculpar por ter sido uma burra e idiota a ponto de acreditar em Crowley e colocá-lo em perigo, se desculpar por ter sido besta o suficiente de entregar os documentos para Charlie e dizer olhando-o nos olhos que não o amava.

Enfim, gostaria de se desculpar por tudo, gostaria que ele estivesse consciente o suficiente para acompanhar seu crescimento não só como jornalista, gostaria dele consciente o suficiente para discutir com ela ou para simplesmente beijá-la de surpresa e acabarem sem nenhuma peça de roupa.

Lisa secou as lágrimas que deixou cair e jogou as coisas no sofá de qualquer jeito, poderia escrever depois.

Contaria para Jungkook como estava sendo aquilo tudo sem ele, contaria que Charlie e Emma sentiam falta dele, contaria que Nicholas arrumara uma amiguinha colorida e queria que ele a conhecesse, contaria tudo o que estava acontecendo nos mínimos detalhes.

— Ei, Jungoo — ela começou com um sorriso no canto dos lábios e segurando-o pela mão. — Não acha que já está na hora de acordar? Não aguento mais ficar me desculpando com você assim, desse jeito — ela mordeu o lábio inferior e deu de ombros. — Acredita que os idiotas dos médicos vieram dizer para Emma e Charlie que deveríamos desligar os aparelhos e te deixar... Morrer? — ela riu fraco.

— Eles acham que é assim... Uma pessoa entra em coma, não levanta dentro de uns meses e devemos desligar os aparelhos. Mas não é assim, certo? — ela o encarou, sentindo-se uma louca por alguns segundos. — Não é assim quando se trata de um dos melhores policiais de Londres.

— A propósito, você está fazendo falta lá no prédio. Todos os dias perguntam para a Emma ou para o Charlie se você teve alguma melhora ou algo do tipo. Você pode ser esse brutamontes que sempre foi, mas faz falta. Não sei até hoje como Charlie consegue se virar sem você. Enfim — ela soltou um suspiro pesado.

— Vamos tentar de novo o que eu tentei todos os dias desde que você veio parar aqui... — ela deu uma risada fraca, sentindo-se boba. — Se estiver me ouvindo, aperte minha mão, Jungoo. — Ela fechou os olhos e suspirou ao não sentir nada. — Vamos, Jungkook! — exclamou com a voz abafada pelas lágrimas e encarou suas mãos entrelaçadas. — Dê um sinal de que está aí, Jeon! — ela insistiu, sentindo seu estômago embrulhar de ansiedade e medo.

Pull Me In - Liskook (Livro 1)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon