Capítulo 18

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Corra! Era o que seu cérebro gritava.

Mas sua curiosidade falava mais alto e ela continuava ali, assistindo tudo aquilo; continuava assistindo aquele maldito homem em cima de seu pai, tentando matá-lo de qualquer forma.

Além de assistir quieta e assustada, não fazia nada para mudar aquilo. Deixava aquele homem por cima de seu pai e sua mãe aos prantos no outro canto na sala, sendo segurada pelo outro homem presente.

Sabia que se fosse para onde todos estavam, seria morta também, ou então... Bem, ou então eles a segurariam e a fariam assistir seu pai sendo morto. O que daria na mesma, já que ela não conseguia mexer um músculo sequer para sair correndo dali.

Ela sentia seu coração chegar à garganta e voltar, seus olhos estavam arregalados, e se ela não tivesse sido ensinada da forma que fora, já estaria aos berros implorando por ajuda, mesmo sabendo que ninguém viria ajudá-la.

Corra! Novamente seu cérebro gritou.

A garota fechou os olhos com força e se escondeu mais. Não queria ver aquilo, não precisava ver aquilo. Seu pai... Seu herói... Estava sendo morto — através da tortura — em sua frente e sua mãe iria pelo mesmo caminho se ela não fizesse algo.

Decidiu, então, usar o que aprendera com seu pai um ano antes. Levantou-se devagar de onde estava e correu para os fundos da casa, onde havia inúmeras armas. Pegou a primeira que viu e a carregou, destravou-a e segurou-a com força, caminhando determinada até a sala onde estavam.

Caminhou devagar, sem fazer barulho na escuridão dos outros cômodos, e parou ao notar que já estava próxima o suficiente para atirar no homem em cima de seu pai. Deu mais um passo e encarou o homem que segurava sua mãe nos olhos, fazendo sinal de silêncio.

O que mais aquele homem poderia fazer? Se gritasse para o outro, que ainda se atacava com o homem no chão, a garota atiraria. E a mulher que segurava, bem, a mulher que segurava acabaria com ele em dois segundos, já que era como o marido.

— Solte-o se quiser continuar vivo. — ela murmurou segurando a arma firmemente e mirando-a na cabeça do mais velho. O homem parou o que estava fazendo e arregalou levemente os olhos. — Eu já mandei soltá-lo! — ela gritou e sua mãe abriu um sorriso fraco.

O mais velho soltou seu pai e se levantou lentamente.

— Mandei você apenas soltá-lo, não se levantar. Continue da forma que estava. — ela exigiu e o homem engoliu em seco, com um sorriso torto no canto dos lábios. Quem aquela pirralha pensava que era?

Tudo bem que seu pai estava no chão e machucado, mas quem ela realmente pensava que era para falar com ele daquela forma? Ele era o...

Lisa abriu os olhos assustada, sentando-se na cama com a mesma rapidez que abriu os olhos. Aquele maldito pesadelo a atormentava há anos, não aguentava mais acordar naquele estado, não aguentava mais se lembrar daquela maldita noite.

Jogou as cobertas para o alto e seguiu em direção ao banheiro. Encarou seu reflexo no espelho e respirou fundo. Tinha olheiras enormes. Estava trabalhando mais do que devia; não por culpa de Charlie, mas por vontade própria.

Ficava até tarde no prédio com todos os outros, fazia o possível e o impossível para ajudar a todos e se dar bem com Jeon e, quando chegava em casa, ficava escrevendo até altas horas. Chegou a dormir apenas quatro horas em uma noite, pois já estava quase na hora de voltar para o prédio de Charlie.

Mas nem por isso se deixava abalar. Bastava aquele sonho maldito vir atormentar suas noites para sentir-se mal o suficiente para não querer sair de casa. Além de tudo, sentia-se sobrecarregada. Havia dias que nem sequer aparentava ter a idade que tinha por conta do cansaço.

Pull Me In - Liskook (Livro 1)Where stories live. Discover now