Capítulo 52: Cidade do amor.

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Hermione

Verona - Itália

Olhei para o quarto ao redor, soltando minha bolsa sobre a cama. Tudo era muito vivo e colorido, com vasos de flores em cada canto. Não posso dizer que não gostei. Eu adorei o lugar e a cidade. Tudo aqui parece combinar perfeitamente comigo. Talvez seja por isso que acabei me apaixonando por um italiano. E agora eu estava na cidade do amor, pensando nele.

Meu coração se apertou só de pensar nisso. Não consigo parar de me sentir mal. Não consigo parar de pensar que foi eu quem estragou tudo. Fiz ele brigar com a própria mãe, com quem ele já não tem uma boa relação. Consegui piorar tudo e quase coloquei fogo na casa dele. Minha mãe tinha razão, não posso ficar perto de uma cozinha sozinha por muito tempo.

—Filha? —Meu pai bateu na porta, abrindo uma fresta e enfiando a cabeça pra dentro. —Tudo certo? Vamos sair daqui a pouco pra dar uma volta pela cidade.

—Tudo bem. Só vou tomar um banho e trocar de roupa. —Abri um sorriso fraco, vendo meu pai entrar de vez e fechar a porta.

Quando ele se aproximou de mim, pude ver os fios de cabelo brancos que já apareciam entre o cabelo castanho. Sua expressão estava cautelosa e eu sabia que ele estava preocupado comigo.

—O que há de errado? —Indagou, segurando minhas mãos. —Deveria ligar pra ele se está com saudades.

—Estraguei tudo. —Afirmei, vendo ele rir e negar com a cabeça, enquanto se aproximava para deixar um beijo na minha testa.

—A culpa não foi sua. A mãe dele, pelo que você me contou, nunca foi uma boa pessoa. Admiro esse garoto por ter conseguido crescer e amadurecer sem ela, cuidando do irmão mais novo. —Ele segurou meu rosto, me fazendo encara-lo. —Você não mereceria ter ouvido aquilo dela. Você é especial pra todos nós, filha. E tenho certeza que é mais especial ainda para aquele rapaz, se não ele não teria enviado todas aquelas mensagens e dito todas aquelas coisas. —Meus lábios tremeram e ele me puxou para um abraço quando percebeu que eu estava prestes a chorar. —Você merece o mundo, Hermione. Mas esse mundo não merece você.

—Você fala como se eu fosse perfeita. —Murmurei baixinho, vendo o sorriso carinhoso que estava nos lábios dele.

—Pra mim e pra sua mãe você sempre vai ser perfeita. —Afirmou, me fazendo sorrir. —E o que aquele rapaz costuma dizer pra você?

—Que eu sou perfeita pra ele. —Sussurrei, vendo meu pai assentir e deixar outro beijo na minha testa. —Senti saudades, papai.

—Eu também. Agora vamos aproveitar e passear juntos pela cidade. —Ele se afastou, indo em direção a porta. —Quando estiver pronta, eu e Michele vamos estar esperando lá embaixo.

Meu pai saiu, me deixando parada no meio do quarto com o coração martelando no peito. Esperava que não fosse tarde demais quando eu voltasse pra Aspen. Ele não havia me mandando mais mensagens e nem ligado. Mas Pietro disse que iria me esperar pelo tempo que fosse e eu não consigo pensar nele fazendo outra coisa.

[...]

A cada lugar que eu conhecia naquela cidade, mais eu pensava em Pietro e meu coração se apertava. Não sabia que um coração poderia doer de saudades, mas o meu estava. As comidas, os sorrisos simpáticos, tudo me lembrava ele. A maior parte do passeio foi conhecendo pontos turísticos, fazendo compras nas lojinhas pelas ruas e provando as comidas típicas.

Então chegamos a um dos momentos que eu mais estava ansiosa. A famosa casa da Julieta. Observei o guia que estava explicando a história de Romeu e Julieta para alguns turistas, enquanto nos aproximávamos da casa feita de pedras expostas, onde a varanda era o ponto principal que chamava a atenção de todos.

—O que achou? Quer tirar uma foto? —Michele parou ao meu lado, com um sorriso muito grande ao observar a casa, enquanto ajeitava os fios de cabelo loiro embaixo do chapéu que estava usando.

—Tem muita gente. —Afirmei, me sentindo envergonhada só de pensar em tirar uma foto na frente de todos.

—Você que sabe. Posso ser sua fotógrafa o dia todo. —Ela piscou pra mim, sorrindo ao me entregar um folheto. —Pode escolher outro lugar para irmos. Seu pai achou que você poderia gostar de ir ao teatro ver uma peça de Romeu e Julieta. E a um recital de violino também, amanhã a noite.

Olhei o folheto, passando os olhos pelas coisas que iriam acontecer na cidade nos próximos dias. Uma peça de Romeu e Julieta, porque é impossível vir até Verona e não conhecer a história deles, por mais famosa que ela seja. Não me parece uma má ideia, talvez eu consiga me distrair por alguns minutos.

—A peça é uma boa ideia. —Falei, vendo Michele abrir um sorriso radiante e ir avisar o meu pai, que estava conversando com o guia.

Voltei a olhar o folheto, soltando um suspiro pesado. O recital de violino também não era uma péssima ideia. Eu adorava esse tipo de música. Era uma das coisas que mais me acalmava. Mas era apenas amanhã a noite. O pequeno anúncio do folheto estava exibindo o horário de amanhã às 23:00, além de uma foto de uma moça ruiva com o violino.

Enfiei o folheto no bolso, olhando uma última vez para a varanda da Julieta, antes de ir até onde meu pai estava com Michele. Por mais que eu estivesse amando aquele lugar, não conseguia parar de pensar em Pietro.

Queria conhecer a Itália ao lado dele. Queria que ele me contasse a história de cada cidade e se cada ponto turístico.



Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Where stories live. Discover now