Capítulo 12: O Prisioneiro de Azkaban.

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O apartamento de Pietro era pequeno, mas estranhamente aconchegante. Me surpreendi quando cheguei e escutei uma música clássica ecoando baixinho por cada canto, como se ele quisesse deixar tudo o mais agradável possível pra mim. Era fofo e eu me sentia acolhida.

Fiquei um bom tempo observando os porta-retratos que ele tinha pela sala. Havia um único porta retrato com a foto de um casal e duas crianças. Sabia que provavelmente era ele, com seu irmão e seus pais, antes do pai dele falecer. O restante, sem exceção, eram fotos dele com o irmão. Por cada canto daquela sala haviam fotos dos dois. Algumas de quando eles eram crianças, outras já adultos.

Percebi que Alfredo era como uma versão mais nova de Pietro, com o mesmo tom de cabelo e a mesma fisionomia, mas com os olhos mais escuros. Ele tinha a minha idade, pelo que eu podia entender, e parecia ser muito unido com Pietro.

—Eu vou colocar os filmes na tv. —Pietro passou por mim, passando as mãos nos cabelos úmidos, enquanto ia até a tv na frente dos sofás. —Você prefere pipoca doce ou salgada?

—Doce. —Falei, vendo ele ajeitar os filmes na imensa tv e então ir para a cozinha.

Azeitona estava deitando no sofá, dormindo tranquilamente como se estivesse me casa. Enquanto Pietro estava ocupado com a pipoca, peguei o controle da tv e abaixei um pouco o volume. Não queria ter um susto quando o filme começasse.

—Não acredito que vou ver os filmes. —Comentei, me sentando no sofá ao lado de Azeitona. —E se eu não gostar, Azeitona? —Olhei para o cachorro, que apenas gemeu no sofá e continuou a dormir. —Preguiçoso.

—Pronta? —Pietro se sentou ao meu lado, deixando a travessa de pipoca entre nós dois. —Qual o seu livro favorito?

—Gosto de a O Enigma do Príncipe. —Comentei, enchendo a mão de pipoca, enquanto Pietro dava play no filme.

—Eu prefiro A Pedra Filosofal. —Afirmou, se levantando apenas para apagar as luzes e então voltar para o sofá. —Mas dos filmes é com certeza O Prisioneiro de Azkaban. Acho que vai ser o seu favorito também.

—Vamos ver se você está certo. —Murmurei, vendo a sombra de um sorriso surgir nos lábios dele. Ficamos em silêncio quando o filme finalmente começou.

[...]

Havíamos assistido os três primeiros filmes, antes de pararmos para fazermos o jantar. Pietro tinha razão, apesar de não ser idêntico ao livro, O Prisioneiro de Azkaban foi o meu filme favorito entre os três primeiros. E eu estava apaixonada pelos atores que fazem o trio principal.

Nunca gostei de assistir filmes. Mas aqueles momentos assistindo Harry Potter com Pietro, vendo ele comentar junto comigo cada parte que era diferente dos livros, ou comentar coisas que ficaram melhores nos filmes, estava sendo muito mais do que legal. Acho que nunca tive um momento tão legal como aquele, pra falar a verdade.

Eu tinha enviado uma mensagem pra minha mãe dizendo que estava super ocupada, não querendo contar nada que fosse gerar mais perguntas e mais ligações indesejadas. Mas meu pai sabia que eu estava na casa de Pietro, e apesar de ficar preocupado, desejou que eu me divertisse e aproveitasse a noite.

—Então, você está cansada ou quer assistir aos outros? —Pietro indagou, enquanto dava uma mordida no bolo de carne que havia me ensinado a fazer hoje.

—Podemos assistir, claro. —Afirmei, querendo ver todos os outros. Talvez eu só não gostasse de filmes porque sempre os vi sozinhos, sem ninguém para comentar. —Não pensei que pudesse gostar tanto de assistir.

—Bom, eu sabia que ia gostar. —Ele se recostou na cadeira olhando pra mim. —Você costuma ler bastante?

—Sim, é o que eu mais faço para passar o tempo. Me sinto submersa na história junto com os personagens, sentindo o mesmo que eles, vivendo a história junto com os protagonistas. —Dei de ombros. A leitora me fazia entrar em mundos totalmente diferentes do meu. Era mágico e único. Eu podia viver várias histórias sem sair do lugar. —Você costuma ler também?

—Quando eu era mais novo. Hoje em dia não tenho tanto tempo. Eu li Harry Potter para o Alfredo, quando ele tinha 9 anos. —Revelou, me fazendo observá-lo. Pietro estava terminando de comer, com a atenção no prato a sua frente, parecendo pensativo. —Depois eu assisti todos os filmes com ele, em uma noite toda, como estamos fazendo hoje.

Pisquei algumas vezes, deixando meu prato de lado para continuar observando-o. Cada vez que ele citava o irmão, a voz vinha com um tom diferente e sua expressão parecia calma e... suave. Quanto mais tempo eu passava com Pietro, mais eu conseguia entender suas emoções.

—Você foi como um pai pra ele. —Comentei, vendo ele erguer os olhos pra mim. —Um pai e uma mãe.

—É, acho que fui. —Ele deu de ombros. —Ele costumava me dar presentes no dia dos pais, quando eu ia na escola ver suas apresentações. Ele nunca disse nada relacionado a isso, além de um "eu te amo" e um "obrigado por vir". Mas acho que essa era a forma dele de dizer que eu era seu pai, mesmo sendo seu irmão mais velho por apenas quatro anos de diferença.

Desviei os olhos de Pietro e encarei meu prato, sentindo meu rosto corar quando ele ficou me observando, da mesma forma que eu estava fazendo com ele segundos antes. Estalei meus dedos embaixo da mesa, sentindo que precisava daquele ato para pensar.

—Se ele quer me conhecer, então eu também quero conhecê-lo. —Afirmei, vendo Pietro abrir um sorriso, como se aquilo fosse muito importante pra ele. —E o Azeitona com certeza vai querer também.

Pietro soltou uma gargalhada, negando com a cabeça enquanto olhava em direção ao cachorro de barriga para cima no seu sofá. Sorri com aquilo, terminando de jantar, enquanto Pietro contava outras coisas sobre o irmão. Quando terminei, observei ele ficar de pé e estender a mão pra mim.

—Deixa aí, eu limpo depois. —Segurei a mão dele no automático, sentindo meu coração dar um saldo no peito. —Quero terminar de ver os filmes com você.



Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα