Capítulo 21: Eu ia fazer uma surpresa.

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Aquela foi uma péssima ideia. A pior ideia de todo planeta. Não, melhor, de todo universo. Não sei o que aconteceu, mas o cavalo em que eu estava se assustou. Se assustou tanto a ponto de disparar alguns minutos depois que eu havia subido nele. Não estava pronta para aquele momento. Ele correu tanto por aquele campo e tudo que eu conseguia fazer era ficar agarrada as rédeas como se minha vida dependesse daquilo. E por mais que eu falasse com o cavalo, ele não parava de jeito nenhum.

—Ei, ei, ei... calma... —Pietro me alcançou, depois de alguns minutos que aquele cavalo estranho estava correndo para longe. Eu estava pregada nele. Com as mãos ainda agarradas as rédeas e o coração chegando a boca. —Hermione, você está bem?

Neguei com a cabeça, girando a cabeça para olhá-lo. Nem havia percebido que ele também estava segurando as rédeas do cavalo em que eu estava, parecendo visivelmente preocupado comigo. Soltei um suspiro trêmulo quando ele aproximou mais o cavalo dele do meu, até tocar minhas mãos.

—Tudo bem. Ele só se assustou com alguma coisa. Isso acontece. —Afirmou, acariciando o cavalo com a outra mão, tentando acalmar o animal que ainda parecia nervoso.

—Ei, tudo bem? —Olhei para trás, vendo Alfredo montado em outro cavalo, olhando na nossa direção com uma careta.

—Sim. Pode vir até aqui? —Pietro pediu, tocando minha mão de novo para chamar minha atenção. —Vou puxar você pro meu cavalo, está bem? Colocá-la sentada na minha frente. —Quando apenas balancei a cabeça afirmativamente, ele sorriu de leve. —Perdeu a fala, Hermione?

—Estou um pouco assustada. —Revelei, sentindo ele passar o braço ao redor da minha cintura, o que fez seu rosto ficar próximo demais do meu. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo na boca do meu estômago. E não era nem um pouco ruim.

—Sinto muito. Queria que isso fosse legal pra você. Não pensei que... —Ele parou de falar, balançando a cabeça negativamente. —Vou puxa-la, está bem? Só precisa passar a perna para o outro lado e se ajeitar na minha frente.

—Certo. Acho que posso fazer isso. —Ele sorriu e me puxou, como se eu não pesasse quase nada. Passei uma perna para o outro lado, me segurando no cavalo para não cair, apesar de Pietro ainda estar com o braço ao meu redor.

—Alfredo, pode levar ele de volta pro celeiro?

Não ouvi a resposta de Alfredo. Mas o cavalo em que eu estava já havia trotado para longe de nós. Soltei um suspiro pesado, sentindo o braço de Pietro me soltar aos poucos, ao mesmo tempo que me puxava até minhas costas tocarem o seu peito. Eu ainda estava com o coração acelerado, a ponto de ouvir suas batidas ecoando na minha cabeça.

Como ele não parecia incomodado, me escorei mais nele, deixando minha cabeça tocar no seu ombro. Fiquei olhando para o horizonte, para o por do sol que já estava surgindo lá linha das árvores. Era uma vista muito bonita. Pietro também estava olhando pra ela. Eu podia ver seus olhos voltados para lá, já que seu rosto estava ao lado do meu.

—Pietro? —Chamei baixinho, vendo ele girar o rosto e me olhar, fazendo com que sua respiração acariciasse minha bochecha corada. —Percebi que não gosto de cavalos.

Ele sorriu. Um sorriso tão grande e iluminado que me fez sorrir também.

—Podemos ir embora agora? —Indaguei, vendo ele balançar a cabeça afirmativamente, ainda olhando pra mim, de uma forma que me deixava muito feliz e tímida ao mesmo tempo.

[...]

Parei em frente a porta do prédio, vendo Azeitona erguer a pata e arrastar na porta, como se estivesse deixando claro que estava ansioso pra entrar em casa. Eu também estava. Mas não queria me despedir de Pietro. Minha semana seria longa e provavelmente nem um pouco boa. Eu amo minha mãe, mas as coisas tendem a sair do controle quando ela aparece.

—Vejo você amanhã no café? —Me virei para Pietro, vendo-o enfiar as mãos no bolso da calça, como se tivesse ansioso.

—Sim. Minha mãe só chega mais tarde, então ainda vou passar lá de manhã. —Esfreguei minhas bochechas, sentindo o vento frio da noite.

—Tudo bem. Então... —Ele olhou pra mim, desviou os olhos e depois olhou de novo. Como ele parecia sem saber o que dizer, me aproximei e parei na sua frente, observando seus olhos ficarem um pouco mais iluminados.

—Obrigado por hoje. Eu gostei bastante de passar um tempo com vocês. Sua família é... —Ele ergueu as sobrancelhas, provavelmente esperando algo ruim. —Muito engraçada.

—Você está sendo gentil. —Murmurou, me fazendo sorrir e desviar os olhos, um pouco sem graça. —Bem, vou te deixar ir. Já está tarde.

Ele se aproximou, tão rápido que só senti seus lábios pressionado minha bochecha, antes de entender de fato o que havia acontecido. Olhei para Pietro quando ele se afastou de novo, sorrindo pra mim, antes indicar a porta, como se estivesse deixando claro que só sairia dali depois que eu entrasse. Me virei, pegando a chave. Mas parei e me virei para Pietro, dando uns pequenos passos até ele.

—Boa noite. —Fiquei na ponta dos pés e beijei sua bochecha da mesma forma que ele havia feito comigo. Não olhei pra ver a reação dele. Abri a porta tão rápida e entrei no prédio, com meu rosto muito, muito vermelho.

Soltei uma risada nervosa e subi as escadas até meu andar, com Azeitona abanando o rabo. Não demorei a chegar na frente da porta do meu apartamento, vendo de relance o número de mensagens que minha mãe havia me enviado. Depois eu lidaria com isso.

Entrei na sala, jogando a chave na mesinha ao lado. Azeitona entrou atrás de mim, soltando um choramingo, antes de parar e começar a latir.

—Eu já vou te dar comida... —Ergui os olhos, congelada com a mão na maçaneta da porta que eu havia acabado de fechar. Minha mãe estava sentada no sofá, olhando pra mim com os braços cruzados e as sobrancelhas erguidas. —Mãe?

—Eu ia fazer uma surpresa. —Afirmou, com um tom de voz que eu conhecia muito bem. —Posso saber onde passou o dia todo?



Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Where stories live. Discover now