Capitulo 31'' - Correndo o risco

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- EU ODEIO AQUELA MULHER, EU ODEIO TUDO NESSA CASA... - Bato a porta do quarto, aos berros, depois de muito me segurar para não colapsar na frente de todos. - EU ODEIO MEU PAI E EU ODEIO A MINHA MÃE! - Pego uma almofada sobre a cama e miro nos porta retratos sobre a lareira, que são derrubados no chão, causando um barulho de vidro se quebrando.

- Calma, Paris... - Sebastian se põe a minha frente, arrancando das minhas mãos mais uma almofada, que eu planejava arremessar para derrubar as fotos que ainda restaram de pé.

- EU TAMBÉM ODEIO VOCÊ! - Bato em seu peito, tentando afasta-lo.

- Eu sei, você me lembra disso a cada segundo do meu dia. - Sorri, passando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. - Mas será que pode me odiar menos só hoje?

Dou de ombros, prendendo o choro. Eu não tinha mais forças para externar a minha tristeza, sentia que se continuasse a chorar, desidrataria. O mais estranho, era que eu não estava assim por descobrir que minha mãe foi amante do meu pai, tão pouco por descobrir que ela era empregada da família, mas porque eu conseguia entender perfeitamente o que ela havia sentido pelo meu pai, porque era exatamente como eu me sentia ao olhar para Sebastian. Era um erro que eu queria muito viver, mesmo sabendo que muitas pessoas se magoariam com isso e, no futuro, provavelmente, essa magoa do passado refletiria nas nossas relações sociais. Aquele dilema era doloroso e eu jamais a julgaria por se apaixonar. Nosso coração não tem regra de conduta, ele não é capaz de pensar antes de amar alguém, e quanto mais você luta contra isso, mais forte fica.

- Não me restou mais nada mesmo... - Dou de ombros, fazendo pouco caso.

- Ah, então eu sou o que te sobrou? - Arregala seus olhos, fingindo estar ofendido. - Vou embora, então!

Me dá as costas, caminhando em direção a porta. Talvez ele realmente devesse ir, porque, naquele exato momento, sua futura esposa, madrinhas, damas de honra e padrinho, deviam estar se perguntando porque ele estava em um quarto fechado comigo. Mas eu sabia que ele era inteligente o bastante para dar um jeito nisso, e ele iria, afinal, Alejandra estava sempre viajando sozinha com Jon, fazendo topless em sua presença e dividindo a mesma cama. Se ela podia ter uma amizade assim, não poderia reclamar do Sebastian também ter.

Seguro sua mão, o puxando de volta à mim, porquê ele não era o que me sobrou, mas sim, tudo o que possuía. Ontem a noite, eu acreditei que seu sentimento por mim fosse fraco, mas agora eu vejo que fraco somos nos, diante de algo tão forte.

- Fica! - Suplico, quando ele se vira - Eu preciso de você...

- Você não precisa de mim... - Volta a passos lentos - Você só precisa de si mesma!

- Mas eu quero.

- Quer, o que? - Contém um sorriso.

- Quero que você fique aqui... comigo!

Com as mãos na minha, ele entrelaça seus dedos nos meus, como se dissesse que ele não iria para lugar nenhum. E isso me acolhia e me confortava dentro daquele toque... já que todo mundo sempre me deixava. Meu pai, minha mãe... bom, a verdade é que eu nunca tive muitas pessoas para me abandonarem. Nunca tive amigos, ou uma família grande. Desde que minha mãe morreu, eu perdi o pouco que tinha e, agora, parecia que eu havia perdido-a novamente.

- Não sobrou nenhuma foto... - Sussurro, junto de uma lágrima que cai - Era a única coisa que eu tinha para me lembrar dela e eu sinto que a culpa é minha. - Levo a mão livre até o abdômen, segurando as contrações involuntárias do choro intenso. - Eu não devia ter provocado a Elena...

- Elena foi cruel, mesmo com a sua provocação, ela não tinha esse direito. - Segura meu rosto entre suas mãos, limpando meus olhos com seus polegares - Você não tem culpa de absolutamente nada!

Paris Price - "Missão St. Antonio" [ Sebastian Stan ]Where stories live. Discover now