Capítulo 2: Morangos e chocolates.

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Batuquei os dedos na mesa, enquanto ouvia o som da música que tocava ao fundo. Era antiga, eu conhecia, mas não fazia ideia de qual era o nome. Pela janela do café, pude ver a figura de pele morena, óculos escuros e cabelos volumosos que estava prestes a entrar. O fato de eu frequentar todo dia o café me faz conhecer todos os moradores de Aspen que também o frequentam diariamente.

Rebeca, que acabava de passar pelas portas, era uma dessas pessoas. Eu não a conhecia, além de vê-la todo dia de manhã no café, trocar um simples sorriso e um "bom dia" educado. Ela era melhor amiga de Ian, o dono do café, tinha um temperamento quente e sua gargalhada sempre ecoava pelo café nas manhãs de sexta feira.

—Bom dia! —Ela passou pela minha mesa, abrindo um sorriso pra mim. Sorri em resposta, murmurando o cumprimento de volta, enquanto desviava os olhos e via Pietro se aproximando da minha mesa de novo. —Bom dia, Pietro.

—Já te atendo, Rebeca. —Ele acenou com a cabeça pra ela e então soltou o copo de chocolate quente fumegante na minha frente. —Um chocolate quente para a srta. Mitchell. —Ele sorriu pra mim, fazendo minhas bochechas corarem um pouco. —E um donuts especial com muitos morangos e chocolates.

—Obrigada. —Sussurrei, desviando os olhos dele para a comida na minha frente. Pietro se afastou para a mesa atrás de mim, onde Rebeca havia acabado de se sentar. Abri um sorriso ao encarar meu donuts, sentindo meu coração bater mais acelerado. Era meu doce favorito, além de me deixar animada sempre que eu devorava um. E morangos com chocolate eram meus favoritos.

—Buongiorno, para minha florzinha. —Ouvi a voz de Ian atrás de mim, enquanto dava uma mordida no meu donuts. —Pietro, um café para a Beca. Hermione, florzinha, achei que não ia aparecer hoje.

—Eu perdi a hora. —Olhei por cima do ombro, limpando meus lábios com a língua. Ian estava sentado ao lado de Rebeca, com o cotovelo sobre a mesa e o rosto escorado no punho fechado. —Hoje é segunda feira.

—Qual o preconceito com a segunda feita, hein? —Ele chiou, fazendo uma careta, enquanto balançava o rosto moreno em negação. Diferente da maioria das pessoas, Ian era animado todos os dias da semana, 24 horas por dias, até quando está dormindo.

—Tediosas. —Rebeca respondeu ao lado dele, ajustando o óculos escuro no rosto. —E não são nem oito da manhã. Deixa a garota se atrasar em paz.

—Eu só tava comentando. Não dá pra falar nada, eu hein! —Ian levou a mão ao peito, com o rosto arredondado exibindo uma expressão de irritação. Fiz uma careta, vendo Rebeca rir do jeito dele.

Terminei de comer todo meu donuts, deixando o chocolate quente por último. Como estava atrasada, podia ir bebendo no caminho até a floricultura. Com pressa, enfiei a alça da bolsa ao redor do meu pescoço e peguei o copo de chocolate quente, me dirigindo até o balcão.

Uma moça de cabelos ruivos e olhos redondamente azuis, chamada Trina, surgiu para me atender, enquanto eu me atrapalhava com a carteira para pegar o dinheiro.

—Como está a reforma do prédio? —Olhei para o lado, vendo Pietro entregando o café a Rebeca.

—Hm, um pouco lenta demais. Eu vou lá durante a noite e também aos sábados, tentar avançar o mais rápido possível na reforma. —Pietro soltou um suspiro de ansiedade pura. —Queria abrir no próximo mês. Mas acho que vai ser impossível.

Estendi o dinheiro a Trina, aguardando que ela me desse o troco, enquanto bebericava meu chocolate e prestava atenção na conversa. Não que fosse legal ouvir a conversa dos outros, mas eu era muito curiosa.

—Há, eu avisei que você deveria ter se mexido antes, não? —Ian exclamou, estalando a língua. —Sete anos trabalhando nesse café e desde o início eu falei pra você abrir o próprio negócio, não falei? —Ian estalou os dedos na frente de Rebeca, que riu e assentiu. —Viu, eu falei. Mas você não me ouviu.

—Falando assim parece que você estava ansioso pra se livrar se livrar de mim. —Pietro resmungou. —Eu gosto de trabalhar aqui.

—Eu nunca pensei assim, ragazzo. Só acho você talentoso demais para ficar servindo cafés e donuts! —Ian afirmou. —Olha só o Collin, mal saiu da faculdade de gastronomia e já abriu o próprio restaurante!

—Ele é sócio do pai dele, que já tinha um restaurante, então esse exemplo não vale. —Pietro retrucou, caminhado na direção do balcão. Guardei troco e peguei meu copo de chocolate quente. —E eu sou mais novo que ele, a propósito.

—É um ótimo exemplo, na verdade. Porque você vai ser sócio do Ian de qualquer forma, quando podia ter seu próprio negócio. E 24 anos pra 25 não é uma idade tão diferente assim, Pietro. —Rebeca afirmou, fazendo Pietro soltar um barulho que parecia ser um grunhido com a boca, que fez os dois amigos rirem.

—Ei, ei, ei, então olha o exemplo da Hermione. —Ian veio na minha direção e me parou antes que eu conseguisse chegar até a porta. Encolhi meus olhos, vendo Pietro e Rebeca olharem pra mim. —Dona da própria floricultura desde os 18 anos e com a vida toda para aproveitar. E... não é sócia de ninguém.

Quase disse que era sócia de Azeitona, já que parte de tudo que eu ganho vai para aquele cachorro comilão.

—Não é, Hermione? —Ian apertou meus ombros, me obrigando a balançar a cabeça afirmativamente de forma rápida, enquanto engolia em seco. Comecei a estalar os dedos da minha mão, um pouco confusa. —Não acha Pietro talentoso demais para servir cafés? E agora vai abrir uma padaria, pra servir pães!

—O que há de errado com os pães? —Pietro indagou na mesma hora.

—Eu gosto de pães. —Murmurei baixinho, vendo Pietro olhar pra mim e abrir um sorriso muito grande.

—Viu! —Ele cruzou os braços na frente do corpo. —Além do mais, ainda vou fazer o que eu gosto, cozinhar, criar receitas novas... fazer doces!

—Maldito macho apaixonado por doces! —Ian finalmente soltou meus ombros, me fazendo suspirar aliviada. —Tudo bem, eu te perdoo por isso. Seus cupcakes são realmente bons.

Disparei para fora do café antes que meu nome fosse envolvido na história de novo. Beberiquei meu chocolate e puxei o celular do bolso, suspirando ao ver várias mensagens seguidas da minha mãe chegarem.

Mamãe — Seu pai foi viajar pra Itália, você sabia?
Ele virou um nômade depois que se casou com aquela mulher.
Mas já que ele está em outro país e não corre risco de a gente se encontrar, vou aproveitar para passar as férias com você.
O que acha?
Talvez seja um bom momento para conversarmos sobre você voltar a morar comigo.



Continua...

Docemente Apaixonados / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora