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Jp 🔧

Terminei de assinar umas paradas e enviei pro escritório da firma, olhei de relance no relógio e eram onze da noite já. Passei a mão no rosto e respirei fundo, vendo a papelada na minha frente.

Olhei pra foto da minha mãe, em cima da mesa e sorri de lado, pegando. Papo que já se passou um ano desde a morte dela.

Meu celular apitou e era a minha neguinha, sorri vendo a foto dela no plantão e respondi um "tô necessitado de uma enfermeira gata dessas, atende particular?". Ela respondeu e eu marolei mandando um áudio pra ela.

Porra, a garota me sustentou, papo dez! Só eu sei o que eu passei com a ausência da minha mãe, carne ficou fraca pra caralho e eu tentava bolar qualquer parada que tirasse a dor do meu peito.

Mas a garota não desistiu de mim, surtava, gritava comigo! Vivia dizendo que era melhor eu jogar a dor e o sentimento todo pra fora, do que ficar me afundando.

Me deu um choque de realidade mermo no dia que eu vi ela chorando na minha frente, como nunca chorou. Falou que não tava suportando mais, que era difícil pra ela ter que lidar com aquela personalidade que me consumiu.

Ali a ficha caiu, que ela estava a um único passo de me deixar, e era a última coisa que eu queria nesse mundo. Levantei a cabeça e segui em frente e hoje graças a Deus tamo ai.

Victória ta com vinte e um anos, termina a faculdade esse ano e ta toda empolgada, feliz pra caralho com o trampo dela.

Só sei que fiquei a madrugada toda trabalhando, já que a minha linda também estava. Sexta feira mas é isso ai mesmo, aproveita quem pode.

E a firma deu certo pra caralho. Os cara precisava até marcar horário, expandimos e tamo planejando abrir franquia em São Paulo até final do ano no máximo, se tudo der certo.

Nunca imaginei, que no auge dos meus vinte e três anos teria conquistado tanta parada boa assim, mas tinha total certeza que eram as orações e bençãos da dona Solange, sentia que ela tava comigo.

Sai do escritório, que ficava dentro da oficina eram seis da manhã já, peguei o toque da moto e fui direto pro hospital onde a Victória estava cumprindo plantão.

Jp : Ta linda. -Beijei a testa dela, que sorriu passando uns fios do cabelo que estavam presos para trás.

Victória : Eu tô horrorosa, amor! Igual um zumbi, passei a noite em claro.

Jp : Continua linda. -Ela negou com a cabeça e eu dei partida pra minha casa.

Buzinei quando passei pelo Chefe, mas não parei, tava cansadão também e eram seis e meia da manhã.

Victória : Vou passar um café pra gente, antes de ir dormir. -Falou entrando na cozinha e eu coloquei a chave na estante, tirei meu tênis e fui atrás dela, pra fazer alguma coisa pra comer. -E como ta la na oficina, amor? Deu pra fazer tudo?

Jp : Tudo não, mas adiantei bastante pra ficar suave hoje e amanhã, não vou precisar bater la. Fernando e Nicolas vão fazer o plantão de amanhã, e hoje na hora que eu estava indo te buscar o Têu tava chegando.

Victória : Que bom! Vai ficar esse fim de semana todinho comigo então? -Perguntou me abraçando pelo pescoço e eu ri da marra dela, concordando.

Jp : Descansa e bola alguma coisa pra gente fazer, qualquer coisa que você queira. -Ela sorriu animada e eu desci minha mão pra cintura dela, apertando de leve, que me deu um selinho antes de ir terminar o café.

A gente comeu de boa, trocando ideia e subimos pra tomar banho, vesti uma bermuda e fechei a cortina, caindo na cama com ela.

Fui acordar eram meio dia, garota ficou enrolando mas depois reclamou de fome e foi se arrumar. Passei minhas correntes no pescoço e joguei o boné pra trás. Marolei na mensagem que o Têu havia me mandado e eu respondi, enfiando o celular no bolso.

Jp : Vamo ter que brotar la na oficina antes de almoçar. -Falei entrando no quarto vendo ela pelo espelho e reparei nela de cima embaixo, com um conjunto verde no corpo. -Ta gostosa demais. -Ela virou na minha direção e sorriu, mandando um beijo.

Victória : Demora muito, la? -Neguei e ela pegou a bolsa. -Então vamo, tô com fome! -Falou apressada e a gente saiu, pegando caminho pra pista.

Papo que esse ano, a gente começou a vender carros também, alguns eram novos, outros a gente comprava e reformava pra ir pras vendas também, era um lucro do caralho e tava rendendo.

Assim que a gente chegou eu puxei ela pra entrar comigo, falei com os cara e ela cumprimentou também, conversando com alguns.

Victória : Ta lindo, né amor. -Falou apontando com o queixo pro chevrolet preto estacionado no meio do pátio.

Jp : Que bom que você gostou, é nosso! -Abracei ela de lado, falando no ouvido, que me olhou surpresa e animada.

Victória : É sério? -Perguntou e eu concordei, tirando a chave do bolso, entregando ela.

Jp : Entra la, vê se você gosta! -Ela foi esboçando alegria e eu sorri, vendo ela me chamar com a mão.

Entrei no banco do carona, colocando o cinto e ela ligou, testando a embreagem e o acelerador.

Victória : Amor, e o nosso combinado? A gente não tava juntando dinheiro pra comprar juntos? -Perguntou e eu passei a mão no rosto.

Jp : Se manca, eu já não te falei? Que se eu compro é por quê tá no meu alcance? Deixa aquele la pra outro lance, não gostou?

Victória : Amei, né! -Falou dando de ombros, com o olho cheio de lágrimas e eu gargalhei, limpando e dando um selinho nela.

Jp : Da o toque ai, pra onde você quer ir almoçar. -Garota ficou igual criança, passou o cinto e deu partida, tirando maior onda.

(…)

(…)

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