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Victória 👛

Minha vida tava literalmente o verdadeiro inferno. Depois do dia que levaram o João, muita coisa mudou.

Eu liguei pro meu irmão, e ele me ajudou, quando a gente chegou em casa eu contei a situação pros meus pais. E minha mãe simplesmente, surtou.

Começou a dizer que eu tava me envolvendo com bandido e que eu não iria nunca mais encontrar com ele. Numa dessas ela tirou o meu celular e me trouxe a força pro interior do Rio.

Na cabeça dela, podiam me procurar e me levar presa por estar com o João...disse que iria me proteger o máximo possível e bom, aqui estou eu.

Meu aniversário foi antes de ontem, completei meus dezoito, sem o meu irmão, sem o meu pai, já que ele tava viajando a serviço, com o caminhoneiro da empresa que ele trabalha.

Mas tem uma coisa que minha mãe não conseguiu tirar de mim...o celular do João. No meio do movimento os policiais nem se deram conta que o celular dele caiu e sem pensar duas vezes eu peguei e guardei, escondi com todas as minhas forças.

E eu sabia que ele era inocente, sentia, sabe? Não entrava na minha cabeça, que o João era culpado por algo.

Lica : Meu bem. -Minha vó entrou de fininho no quarto, olhou pela porta e fechou. -Preciso falar com você.

Victória : Pode falar, vó. -Sentei na cama, deixando os livros da faculdade de lado.

Lica : Tenho uma surpresa pra você, a vó vai pro Rio hoje, daqui a pouco. -Falou baixinho. -Vem com a vó, já que você tem tanta certeza sobre esse garoto...vai ser meu presente de aniversário.

Victória : Sério, vó? -Abracei ela, animada. -E minha mãe? -Perguntei coçando a cabeça.

Lica : Ela não vai nem sonhar que a gente tá lá, falei que iríamos na cidade vizinha...só tô te dando essa oportunidade porque seu irmão me ligou, pelo que parece tão armando pra esse menino mesmo. Agora vai se arrumar.

E assim eu fiz, me arrumei rápido e simples pra minha mãe não desconfiar. Prendi o meu cabelo e escondi o celular do João no fundo da bolsa.

Lica : É, esses marginais são assim mesmo...só se fazem de santos. -Falou com a minha mãe na cozinha e piscou pra mim. -Tem que prender essas pragas mesmo, ainda bem que a Victória ta aqui.

Fiquei pasma com o teatro da gata. A gente almoçou juntas e eu fingindo que estava super triste. Minha vó disse que iríamos demorar porque íamos na casa de várias amigas dela.

E assim foi, um amigo dela trouxe a gente, enquanto ela foi resolver as coisas dela, eu fui direto pro morro, precisava ser rápida.

Victória : Eu preciso muito, falar com a mãe do João. -Falei com um dos meninos da barreira. -É assunto sério.

Ele ligou o rádio e eu me tremendo de medo, nunca tinha tido tanto contato, com gente assim. Falou durante um tempo e depois eu vi uma moto estacionar, e nela tava o tal chefe.

Ele fiz sinal pra eu andar, e eu fui, passando pelos meninos, parei de frente pra ele, que cruzou com os braços.

Chefe : Qual foi? -Perguntou com a voz séria. -Tava sumida em garota, deu o lance com o mano la e você sumiu.

Victória : Eu tô tentando dizer, que sei como ajudar ele...preciso falar com a mãe dele.

Não conseguia confiar em ninguém, sobre isso. Mas a mãe dele, era diferente, sabia que ela saberia fazer o certo.

Chefe : Sobe ai, vou te levar la. -Suspirei e fui, ele subiu o morro comigo e passou em uma das ruas do meio.

Desci e vi a tal da Lorraine, do outro lado da esquina, conversando com umas meninas. Ela me viu e parou de falar na hora com elas, vindo rápido na minha direção.

Chefe : Nem chega. -Entrou na frente dela. -Tava fofocando até agora, não vai meter caô -Segurou o braço dela e empurrou de leve, que deu dois passos pra trás e ela continuou me encarando em um ódio absurdo.

Ele acenou com a cabeça e foi comigo pra uma casa, bateu na porta e só avisou que tava entrando.

Chefe : Qual foi tia Sol. -Falou alto. -Visita pra senhora. -Uma mulher saiu da cozinha com um pano na mão e eu abaixei a cabeça, olhando pra ela logo em seguida. -Essa aqui é a Victória, amiga do João, quer conversar com a senhora.

Cumprimentei ela, que foi simpática comigo. Me chamou pra sentar e assim eu fiz. Chefe perguntou se podia ficar, e ela falou que ele era confiável.

Chefe : Tô te falando, feia, tem caô nenhum não. -Sentou no outro lado e eles me escutaram.

Eu falei direitinho, tudo o que aconteceu no dia, da forma que aconteceu, sem omitir absolutamente nada.

Victória : Mas nesse mesmo dia, eu tava do lado do João quando ligaram pra ele. Logo em seguida...ele conversou com esse tal patrão dele, pelo whats...e na hora que tudo ocorreu, os policiais não viram que o celular dele caiu, eu peguei, ele ta guardado comigo.

Solange : Ai meu Deus. -Começou a chorar e me abraçou, passei minhas mãos pelas costas dela. -É um anjo, na vida do meu filho.

Ela beijou o meu rosto e eu super sem graça, mas o Chefe foi ligar pro advogado...pelo que parecia, ele que tava bancando tudo, me agradeceu também, em uma dessas eu vi ele até limpando as lágrimas do rosto.

Conversei com o advogado e entreguei o celular, ele falou que com isso poderia o adiantamento do julgamento e que provavelmente eu teria que depor, pois o juiz iria querer falar comigo.

Concordei com tudo, e passei o número da minha vó e do Leo.

Victória : Preciso ir embora. -Olhei no relógio. -Minha vó tá me esperando la em baixo.

Chefe : Você é feia e chatinha, mas pela bondade de ajudar meu irmão eu até te dou uma corona.

Eu ri, e fui saindo, me despedi da dona Solange e ele me entregou o capacete, irmã dele ficou encarando, mas eu não dei ideia.

Chefe : O assunto do celular, não vai sair daqui, pode confiar que não vai dar em nada pra você.

Concordei e ele me levou, agradeci ele, que só fez sinal de beleza pra mim e subiu o morro de novo.

céu e fé. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora