Pecado Desejado

6

Fechei os olhos e deixei que a brisa fresca de Roma acariciasse meu rosto. Sozinha, eu me encontrava no topo da catedral, com um enorme sino atrás de mim, que era conectado ao relógio. Observei cada pessoa, cada vida significante, cada ato da vista de cima. Não consegui criar forças o suficiente para ir até o confessionário e contar para o padre o que havia acontecido, mas não conseguiria guardar aquilo por muito tempo, então o que fiz foi subir até aqui para relaxar minha mente. Irmã Cecília me esperava lá em baixo mas ela não sabia que eu não tinha ido ao confessionário, então decidi esperar mais um tempo.

O sol tocava cada beleza da cidade mais famosa da Itália, era um dia ensolarado, perfeito o suficiente para aproveitar da melhor maneira possível. Me virei quando reconheci os passos de Terzo ecoar na escada caracol. Revirei os olhos e bufei.

-Como me encontrou aqui? - Apoiei os braços no peitoril da janela.

-Vi você lá de cima do jardim. Você é fácil de reconhecer, sua touca é mais curta e o hábito é mais claro. - Assim que Emeritus ficou ao meu lado, me surpreendi com o seu novo traje.

Era uma espécie de farda militar preta e branca do século passado, com um broche peculiar em seu peitoral esquerdo. Estranhamente ele ficava atraente naquilo.

-Fico feliz que tenha tomado meu lugar preferido da nossa capela. - Ironizei.

-Percebi que gosta de ficar lá. - Terzo riu suavemente. - Todos nós temos nosso próprio cantinho de refúgio, então eu te entendo.

-Sério? - Franzi o cenho e encarei ele.

-Também gostava de ficar afastado de todos, mas a única diferença é que era em meu quarto. Com meus próprios segredos e pensamentos. - Ele virou o rosto e encarou o pequeno mundo lá em baixo, deixando que o vento balancasse seus cabelos lisos. - Assim como você, Mari.

-Todos temos segredos a serem guardados á sete chaves. - Pensei no sadomasoquismo de Terzo e comecei a corar. Deveria mesmo contá-lo sobre o sonho que tive?

-Você parece guardar um bem importante. - Ele encarou fundo em meus olhos. - Está tudo bem em querer compartilhar comigo, vou entender se você não quiser me contar.

Mesmo minha pele estando coberta pelo tecido, a forma de como sua mão descia pela minha espinha me fez arrepiar. Suspirei fundo e me preparei para contar.

-E-eu sonhei com esse cara... que também faz parte do clero. Nós... nós... - Minha bile parou em minha garganta. - Nós meio que fodemos de uma maneira bem sadomasoquista.

Olhei vergonhosamente para Terzo e percebi que tinha um sorriso crescendo em seus lábios. Foi aí que percebi que era ele quem estava começando a ganhar o jogo, então teria que ser esperta e não deixar ele tomar aquela fase.

-Ele me amarrava e dizia o quanto eu era doce. - Olhei diretamente nos olhos dele, pronta para lhe tomar a possessão. - Estou surpresa por você não estar em choque com isso.

-Não vou te julgar por isso, mia dolce. - Aquilo foi a gota d'água pra mim, a adrenalina subiu pelas minhas veias. -Como eu disse, todos temos segredos, não?

-E como não teve uma reação absurda, como todos aqui da comunidade? - Soltei uma risada nasal.

-Convenhamos que também já tive essa obsessão quando eu era um jovem coroinha. - Ele coçou a nuca.

Minha boca se abriu em um completo ' o ' com um pequeno sorriso.

-Então esse é seu segredo? Você gosta de algo mais... picante?

-Definitivamente. Caramba, que alívio botar isso pra fora. - Ele bufou e levantou as sobrancelhas.

-Digo o mesmo. - Ri com a mão no peito. - Acho melhor eu descer, Irmã Cecília está me esperando lá baixo. Obrigada pela confiança, Papa.

-Estará guardado á sete chaves comigo, ok? - Ele deu uma piscadela e depositou um beijo em minha mão. - Vejo você em breve, doçura.

Dei um sorriso para o homem e desci as escadas correndo, indo até o encontro de Cecília, que me esperava pacientemente no salão da melancolia, como ela havia dito.

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me perdoem pelo cap curto, to simplesmente sem ideias!! caso vocês tiverem alguma em mente, fiquem a vontade para compartilhar nos comentários :)