Capítulo 1

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E foi naquele dia que você me perdeu. Ou pelo menos nós dois achamos que tinha perdido. Pois eu não sei o que estou fazendo aqui agora, sentindo sua falta. Enquanto passa um filme na minha cabeça, onde nós dois somos os personagens principais. E aquela cena insiste em passar tantas vezes que já estou cansada de lembrar. Eu sei que não fiz uma escolha ruim, sei que estou melhor sem você, sem a forma como você me tratava, como ousava me tornar sua mesmo sabendo que não estamos destinados a ficarmos untos. Odeio como me olhava, como fazia minhas bochechas ficarem vermelhas e um sorriso espontâneo aparecer em minha face. Odeio dizer que te odeio, e sentir o oposto disso. Porque eu só queria que você estivesse aqui agora.

Desliguei a tela do celular, não querendo mais ver a foto dos dois. A forma como eles fazem várias declarações de amor e parecem estar felizes. Ela se parece comigo, só que mais nova e com uma personalidade diferente da minha. Você pensa em mim quando está com ela? Ou apenas ignora a promessa que fizemos há dois anos? Eu ainda sou sua amiga no facebook, mesmo você estando com outra pessoa e eu também. Aquele dia você me disse que a culpa era toda minha, minha culpa pelo rumo que sua vida estava tomando. Pelas drogas, bebidas e baladas. Perguntou se ainda tínhamos uma chance, e quando falei que não, você virou outra pessoa. Sumiu da minha vida e assumiu um relacionamento novo. Como conseguiu me superar tão rápido, querido?

- Bom dia, amor - ele me beijou na bochecha, ainda sem abrir os olhos. Enlaçou seu braço ao redor da minha cintura, aconchegando-se em meu peito. Me sinto a pior pessoa do mundo por estar enganando ele, ou, enganando nós dois. Nós sabemos que eu não o amo. Na verdade, nos conhecemos há dois anos. Eu estava afundada em uma depressão e queria urgentemente fazer cume no outro. Mas acabei me apaixonando, e o plano de ciúmes deu certo. Mas já estava apaixonada demais por este.

- Bom dia! - Sorri, apesar de não ser o sorriso mais sincero do mundo. Okay, eu sinto que há muito mais do que amizade, há companheirismo e talvez um muito de respeito e carinho a tudo o que vicemos juntos. Ele praticamente foi meu primeiro namorado. E depois dos traumas que Leonel me fizera passar, Bryce cuidou de mim e entendeu que eu ainda estava machucada. Ele foi o amor que eu precisava naquele momento para me curar. Pois enquanto Leonel fazia promessas e passava dos limites, Bryce estava lá juntando todos os cacos de meu coração partido. Eu não poderia simplesmente dizer que tudo o que tínhamos acabou, pois na realidade ele não passou de um tapa buraco enquanto eu não superava o outro. Acho que bem lá no fundo, ele imagina que esse seja o real motivo para termos ficado juntos. Preciso voltar ao início, antes de Bryce, antes de Leonel... mas ele sempre esteve lá. - Nós poderíamos sair hoje, o que acha? - perguntei, tentando me animar.

Porém conheço Bryce o suficiente para saber que ele não gosta de fazer nada, nada que seja comigo. Ele é uma pessoa diferente de mim, acho que foi por isso que acabei me desapaixonando. Eu tenho apenas 17 anos, quero sair para festas, conhecer pessoas, viver nas ruas batendo perna, sem hora para voltar para casa, aproveitando minha vida ao máximo enquanto ainda sou jovem e poso fazer isso. Todos os dias digo a ele que irá chegar aos 40 anos e ira finalmente olhar para trás e ver que perdeu toda sua vida. Preferiu ficar em cima de uma cama jogando vídeo game e mexendo no celular.

- Nó podemos fazer isso final de semana que vem, quando eu tiver dinheiro de sora. Hoje, podemos pedir pizza de assistir desenhos. Rapunzel ou Frozen? - quis saber da minha escolha, abrindo um sorriso. Ele sempre diz isso, sempre deixando para quando tiver bastante dinheiro. Esses dias pedi que fossemos a praça, apenas pegar um ar e até mesmo andar de balança. Ele riu, e disse que quando tivéssemos dinheiro, poderíamos ir.

Eu não aceito isso. Tudo bem o mundo ser movido a dinheiro, mas meu relacionamento não precisa ser Eu odeio essas atitudes de algumas pessoas, apenas acham que serão felizes quando tiverem milhões em suas contas bancarias. Ah, não me leve a mal. Eu gosto de dinheiro, mas não o torno prioridade. Pois no momento em que eu tinha muito dinheiro, ele não serviu de nada.

Há 5 anos eu perdi o grande amor da minha vida, ele era loiro. Tinha grandes olhos azuis que mudava sua tonalidade dependendo dos dias. Quando era um dia frio, seus olhos estavam mais escuros, nos dias de calor, seus olhos eram de um azul fraco, mas muito vividos. Ele tinha lábios e bochechas manchados de vermelho natural. Uma ruborização linda que ficava mais forte quando ele ficava com raiva, lembro-me disso como se ainda fosse hoje. Ele amava a cor azul, vestia azul, tinha objetos azul... acho que era para combinar com seus olhos e o céu imenso igual seu olhar. Todas as vezes que ele me olhava, seus olhos brilhavam e ele sorria. Eu me perdia naquele sorriso, maldito e perfeito sorriso. Ele se chamava Aaron Weber, tinha 2 anos de idade quando teve uma parada respiratória. Ele era meu irmão mais novo, e eu o perdi na semana do meu aniversario. Eu praticamente o criei, todos os dias quando chegava da escola dava comida a ele, e, era apenas o meu colo que ele queria. Eu era como sua mãe.

E quando Aaron morreu, uma parte de mim morreu junto. Meu tapete fora puxado e então eu caí de joelhos, sem ar, temendo que também estivesse morrendo aos poucos, cada dia que se passava sem ele. Era um tormento, e ainda é até hoje. Eu perdi a pessoa que mais amei em toda minha vida, e consequentemente acabei perdendo a mim mesma. E todas aquelas tentativas de suicídio, tentando matar a dor que me matava. Eu só queria acabar com tudo, até que eu quase consegui.

O ano era 2020, e porra. Eu já havia tentado me matar tantas vezes. Tudo por causa dele, porque aqueles olhos não saiam da minha mente. Em 2020 já faziam 3 anos que eu havia perdido ele, mas ainda doía como se fosse recente. Ainda era uma dor que queimava de dentro para fora. Okay, estou me estendendo demais. Eu quero que conheçam tudo sobre mim. Do começo ao fim. Essa, vai ser a minha história. Ou, a minha escolha.



















Leonel Or BryceDove le storie prendono vita. Scoprilo ora