capítulo 44

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GABRIEL

Já estávamos na nossa quinta rodada do jogo do baralho e até agora ninguém tinha ganhado de mim, Lívia já desistiu do jogo e resolveu ficar responsável em repor as nossas cervejas.

Eu estou agoniado desde que a Maria Júlia saiu daqui depois de me impor uma amizade, coitada dela se ela pensa que eu vou mesmo desistir tão fácil assim.

Tudo bem que eu saí de cabeça quente aquele dia e não procurei soluções fáceis, mas depois de ter conversado com a minha mãe e ela ter me aconselhado, ninguém me para até eu conseguir me redimir com aquela mulher.

E de coração aberto, dessa vez vai ser para valer, vai ser do jeito que ela quiser. Se ela quiser só o meu corpo ela vai ter, se ela quiser uma aliança eu vou dar.

Se for para casar amanhã eu caso, eu só preciso do máximo dela que eu conseguir.

E entendi que nesse momento não posso pedir muita coisa, tenho que deixar ela respirar mas isso também não significa que eu vou dar a minha morena de mão beijada para um moleque qualquer.

Quero descobrir aonde ela está para eu ficar de olho pelo menos.

—ganhei!—acabei me distraindo em meus pensamentos e nem vi quando a Andressa fez a última jogada. Aposto que deve ter escondido uma carta debaixo da mesa—chupa Gabigol!

Tomei o short como combinado.

—vou ligar para o Arrasca e avisar que a mulher dele está descontrolada aqui—eu respondi e ela deu risada. Peguei meu telefone esperando um sinal de onde a minha ex está cair dos céus.

A única coisa próxima disso que encontrei foi uma publicação do Ret se preparando para o show em uma casa nova que inaugura hoje.

—faça o favor aqui Dhiovanna—chamei a minha irmã que estava sentada no colo do namoradinho, a mina passa meses sem arrumar homem e quando conseguiu um pega vascaíno rebaixado.

Isso é até uma vergonha para minha história profissional.

—que foi?—ela perguntou com cara de quem está de saco cheio, a noite ainda nem começou.

—tu sabe aonde a Maria Júlia está?—perguntei na lata, ela deu risada e me olhou desconfiada. Eu sei que ela sabe.

—quanto tu vai me pagar por essa informação?

—te dou de presente aquela bolsa rosa que tu ficou me pedindo por mensagem—ela ficou pensativa por um tempo, mas parece não ter dado certo.

—deixa de onda Bi, Maju só quer se divertir sem preocupação no pé—eu fiz cara de ofendido, mesmo sabendo que as vezes perturbo além do limite.

—te dou a bolsa e uma riviera nova—ela revirou os olhos e me deu as costas voltando para o projeto de homem dela.

—tente novamente mais tarde—gritou de longe, eu vou ter que me esforçar um pouco mais. Pensar que a minha irmã não bebe se não eu já tinha como tirar isso dela.

—vocês sabem aonde a Maria Júlia está?—fui bem direto com as outras duas cúmplices da senhorita encrenca.

Lívia levantou logo da mesa com uma desculpa esfarrapada e a Andressa deu uma engasgada, essa aqui parece que não vai segurar por muito tempo.

—ela não me contou, eu cheguei por último esqueceu?—cerrei os olhos identificando a mentira contida naquelas palavras.

Olhei para o Kaio e ele concordou com a cabeça, certeza que ela sabe também.

—tudo bem então, topa uma partida nós dois para desempatar?—sugeri com uma ótima ideia passando na minha cabeça, Fabinho já tinha desistido da vida e estava jogado em uma rede. Kaio avisou que ia ao banheiro.

—não tem o que desempatar Gabriel, você ganhou cinco vezes e eu uma só—dei um sorriso leve e ingênuo.

—para uma mulher empoderada você desiste muito fácil, se você levar essa partida será considerada a ganhadora da noite e fica com o vinho que quiser da minha adega—no sonho dela que ela toca nos meus bebês. Nunca nessa vida.

—e se você ganhar?—desconfiou das minhas intenções.

—eu tenho direito a uma pergunta— fiquei até esperançoso.

—boa tentativa, mas não vou dedurar a minha amiga—eu revirei os olhos olhando as mensagens no meu telefone.

—se declarou perdedora antes da tentar, estou decepcionado—ela deu risada voltando a se concentrar em sua bebida.

Comecei a ficar agoniado de verdade só de imaginar com quem a Maria Júlia possa estar, será que ela vai dormir com alguém?

Não que isso tenha algo a ver comigo, mas a gente tem que se cuidar para não deixar a concorrência nos atropelar. Eu não sou bom em despedidas, muito menos sei lidar com derrotas.

E ainda mais com a minha paixão em jogo, respirei fundo batendo os dedos na mesa esperando um milagre cair do céus e já começando a considerar pegar o carro e passar em cada restaurante, balada e boteco dessa cidade até acha-la.

—a gente podia ir nessa tal inauguração né, está cheio de gente conhecida lá—Fabinho falou com a voz toda embolada, bêbado que só ele.

—vai deitar amor que você não está falando nada com nada—Lívia veio meio nervosa e eu suspeitei que aí tinha coisa.

—não sei que milagre vocês duas ainda não foram, só andam grudadas na Maju agora—o tempo parou para mim, e eu finalmente me liguei. É claro que ela está no evento mais badalado do fim de semana.

Lembrei da postagem do Ret, e quase dei um pulo de alegria, vai ser fácil demais subir para o camarote sem fila.

—boa noite família, bom ver vocês—dei um tapa na cabeça do vascaíno, a Andressa colocou a cabeça entre as mãos sabendo o que acabou de acontecer e por isso eu só passei a mão no cabelo dela.

—não vai atrás dela Gabriel!—Lívia pediu com autoridade, pena que eu não sou o noivo dela.

—eu tenho cara de quem vai correr atrás da ex só para ver com quem ela vai passar a noite?—tenho sim, e é isso que eu vou fazer—bora curtir um show do Ret Kaio?

—pra já meu patrão—meu amigo que tinha acabado de voltar concordou na hora. Vi por reflexo a silhueta da minha irmã levantando atrás de mim e dei as costas.

Não quis me ajudar antes agora eu vou sozinho.

—Gabriel pensa bem, da o tempo dela cara—escutei a voz da Dhiovanna e nem respondi, tomei um susto quando ao chegar na porta e olhar para trás estavam os cinco me encarando.

—qual foi? ninguém confia em mim?—o grupo negou com a cabeça, menos o namoradinho da irmã.

Se ele tivesse dito não nesse momento eu voltava para dar uns tapas no moleque.

—você só vai piorar as coisas Gabi, escuta a gente por favor.

—o espaço é público ué, eu vou pegar uma mesa e ficar na minha—as meninas estavam desesperadas, o Fabinho entendendo nada do que ele fez.

—só não deixa mais feio do que já está—a Andressa pediu e eu concordei com a cabeça e o Kaio abriu a porta.

Os cinco continuaram a me seguir até eu entrar no carro, o trio de mulheres parecendo não acreditar que eu estava mesmo fazendo aquilo.

A gente é julgado até por correr atrás dos nossos objetivos, agora eu vi.

Deixei meu colega ir na direção e agitei no grupo dos farristas descobrindo que já tinha um monte dos nossos caídos no local, prometi a mim mesmo que essa noite não vou arrumar confusão.

Só quero saber se a Maria Júlia está em segurança, e tomar uns goró com os meus parceiros. Depois disso fico limpo e vou para casa dormir.

Insônia | Gabriel B.Where stories live. Discover now