capítulo 12

7K 422 29
                                    

GABRIEL

Acordei mais cedo que o normal. Deixei a Dhiovanna ainda dormindo em casa e só tomei um banho gelado antes de sair para o CT porque a dona Sônia ainda não tinha chegado.

Tirei o carro da garagem cumprimentando os funcionários que vi até chegar no estacionamento. O trânsito não estava dos melhores, mas como eu faço esse caminho todos os dias úteis da semana, consegui chegar em menos de meia hora.

Antes de fazer o reconhecimento do campo passei no refeitório e montei um prato com alimentos não muito pesados, já que as nossa refeições são reguladas em dia de jogo.

Me comprometo com todos os duelos mas principalmente neste é meu dever me sair muito bem, depois do que prometi na partida de ida no Mineirão que saímos em desvantagem.

Quando eles forem lá, eles vão conhecer o que é pressão e o que é inferno.

Desde aquele dia minha mãe não para de falar no meu ouvido, está com medo de algum torcedor louco me agredir.

É para isso que eu montei uma equipe de segurança: Jorjão e seus amigos (eles ficam putos com esse apelido).

Comecei o aquecimento brincando com a bola em direção ao gol, e corri duas voltas ao redor da linha.

Logo meus colegas de equipe começaram a chegar e eu fui tomar uma água para irmos a fisioterapia.

—bom dia chefe—cumprimentei o nosso técnico com um aperto de mãos. Dei risada pois ele nem tinha notado eu me aproximando, todo centrado analisando a prancheta.

Como diz a torcida flamenguista: o Dorival tem um plano.

—bom dia Gabriel, você como sempre o primeiro a chegar—assenti me sentando no banco dos reservas.

—estamos prontos para hoje?—perguntei esticando as pernas.

—vocês estão prontos para tudo—um homem de poucas palavras eu diria, só sorri de novo concordando, fazendo meu caminho para onde o resto do time estava.

—apareceram as cinderelas—bati palmas e dei uma corrida para deixar um tapa na cabeça do João Gomes, gente boa é ele.

—tu já acorda com vontade de me perturbar né?—ele resmungou e eu ainda baguncei o cabelo do mesmo antes de ir para perto do Arrascaeta.

—que bom te ver meu amor—o Giorgian disse com a voz afetada, eu fiz careta e ele deu risada.

—fica aí seu Uruguaio, o que será que as amigas da minha irmã vão pensar de você me alisando?—ele fez sinal de surpreso e uma cara de ofendido.

—depois de sábado não existe mais plural, estou caminhando para o singular—dessa vez quem tomou um susto fui eu.

—o Uruguaio tá casado?—Everton perguntou do outro lado da mesa, bando de fofoqueiro nesse lugar.

—ainda—arrasca respondeu todo tirado, vê se eu posso com uma coisa dessa.

—o chá foi bom mesmo, é verdade quando tu diz que gosta de loira—comentei e o pessoal deu risada.

—agora só falta tu Gabriel, que não se organiza—Diego Ribas puxou a minha orelha.

—e quem disse que eu quero sair da bagunça?

Entramos em forma no gramado e conseguimos bons passes, treinando também jogadas ensaiadas. Tenho um bom pressentimento para hoje.

Para não começar a semana falhando, me forcei a fazer um treino de braço na academia do clube, que no fim acabou por me relaxar. Matheus até me acompanhou, diz ele que quer ser fitness.

Fui embora pouco antes do almoço para me concentrar em casa e encontrei o Giorgian perto do portão.

—ô g de arrascaeta—o homem olhou para trás tirando um fone do ouvido—espera aí.

—o que foi Gabe?

—nada demais, eu só queria saber como foi com a Maria Júlia aquele dia—ele franziu a testa parecendo não esperar aquela pergunta.

Para falar a verdade nem eu, mas não me aguentei, já tem quatro dias que estou com a consciência pesada pois era minha responsabilidade deixá-la em casa, já que fui eu que insisti para a morena ir no carro da minha irmã.

Não questionei isso a Dhiovanna porque ela ia me encher o saco até 2050.

—bom, eu deixei a Andressa em casa antes e subi com ela, como a Maju estava muito bêbada eu dei um banho nela e dormi lá—puta que pariu.

Minha visão embaçou na hora, fechei meu punho involuntariamente.

—como foi?—dei um banho nela se repetiu na minha cabeça e eu tive que respirar bem fundo para não empurra-lo contra o carro.

Só relaxei os ombros quando o desgraçado começou a gargalhar.

—você tinha que ver a sua cara—foi tão engraçado para ele que até precisou se abaixar para voltar a respirar—é claro que eu não tocaria nela seu maluco, a Andressa que a ajudou e depois eu fui para a casa da loira. Que merda de reação foi essa? ia mesmo me bater?

—claro que não, tive reação nenhuma aqui—mataria ele se eu descobrir que está mentindo.

—agora é sério Gabriel, eu vi o olhar dela quando você apareceu com a Vitória. O que eu fiz com você agora foi legal? acredito que ela se sentiu da mesma forma.

Eu não respondi nada, focando em uma árvore bem distante.

—e o que eu posso fazer?—perguntei grosso.

—respeita-la é o mínimo, eu nem precisava te dar esse toque! e deixá-la em paz se realmente tiver acabado para você.

Insônia | Gabriel B.Onde histórias criam vida. Descubra agora