capítulo 38

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GABRIEL

O jogo era um dos mais importantes nessa fase final dos campeonatos, estávamos apreensivos pois já enfrentamos o Atlético paranaense algumas vezes e perdemos em algumas.

O que acalmou meu coração foi pensar na volta, não conseguimos fazer uma boa partida, com o time em si não encontramos um bom entrosamento. E pior, estando no Maracanã.

Mas tenho certeza que quando formos ao Paraná conseguiremos um resultado melhor que este, a única coisa que se passava pela minha cabeça depois de sair do campo era ir ao encontro da Maria Júlia, que me avisou por mensagem que já estava aqui.

Achei ela no camarote, conversava com a Marília, enquanto segurava o Antônio no colo. Era lindo vê-la com a minha camisa de novo, dentro desse estádio que se tornou a minha casa.

—olha quem tá vindo ali—a loira apontou e a Maria encrenca virou me olhando de lado.

—tio Gabi—guto foi o primeiro a correr e abraçar as minhas pernas, o joguei para o ar e peguei de volta escutando a risada da criança.

Depois disso, deixei um beijo na cabeça do mais novo que está no colo da Maju.

—vocês estão crescendo rápido demais, daqui a pouco vão estar maiores que eu—o Augusto já quase não cabe no meu colo.

Olhei para a Maria Júlia, franzi a testa ao perceber que a mesma ainda não me cumprimentou, só pela postura dura identifiquei que algo estava errado.

—você está bem?—perguntei a encarando, ela me ofereceu um sorriso singelo e forçado.

—eu vou falar com o Evi, bom ver vocês—Marília se despediu levando os filhos com ela. Minha ex acenou para a mulher enquanto mandava beijo para as crianças.

—estou bem, e você?—respondeu olhando para um ponto atrás de mim, detesto quando ela perde o jeito seguro e não olha no meu olho.

—meio preocupado por não ter saído resultado da partida—assentiu e tocou o meu ombro como se aquilo fosse estranho.

—vai dar tudo certo, vocês conseguem virar na próxima—desejou observando as pessoas ao nosso redor. O que foi que eu fiz dessa vez?

—Gabi, você está bem? sinto muito pelo jogo—fui invadido por uma parede de braços e só entendi que era a Vitória quando reconheci os fios loiros.

Meus braços não conseguiram nem mesmo se mover na hora para retribuir o aperto, fixei meu olhar na expressão dolorida que a Maria Júlia fez, ah não.

—vamos conseguir virar na casa deles, não tem com o que se preocupar—respondi a Bellato, ela continuou com uma mão no meu peito e eu não pude afasta-la, havia muitas pessoas olhando.

—é no Paraná? Eu poderia te acompanhar lá também se você quiser—neste momento a Maju nos deu as costas, mas a minha linha de visão não saiu de cima do corpo maravilhoso.

Primeiro ela foi falar com a Lívia, que está em um canto do camarote com o meu primo, eles conversaram por menos de dez minutos.

A morena acenou se despedindo dos dois, e me deu uma última olhada antes de passar pelas portas do local indo embora.

Indo embora.

Não hoje! Ela não vai me deixar aqui parado sem me explicar o que está acontecendo.

Me soltei da Vitória indo atrás da minha encrenqueira, a mulher estava dando passos largos mas eu corri para alcança-la. Minha sorte foi ter muitos torcedores tentando sair do estádio ao mesmo tempo, e isso a segurou.

—Maria Júlia!—gritei quando consegui chegar a uma distância próxima, a mesma já mexia no celular provavelmente querendo pedir uma carona a alguém—o que aconteceu?

—nada—as pupilas estavam brilhantes quando ela me encarou—eu só quero descansar, nos falamos depois.

—não vai para a minha casa?

—eu prefiro ir para o meu apartamento—a respiração descompassada tentava me dizer alguma coisa. É como se ela quisesse algo de mim, mas não posso saber o que é sem que ela me diga.

—então eu vou também—ela abaixou a cabeça e respirou bem fundo antes de continuar.

—eu gostaria de ficar sozinha essa noite, por favor—pediu com a voz tranquila, ela não quer me contar algo. Eu sei que está escondendo alguma coisa.

—eu vou deixar, claro, mas preciso saber se está tudo bem com a gente antes—ela me olhou e deu uma risada sarcástica—Maju a gente combinou que ia conversar sobre os problemas, eu estou tentando fazer isso! mas eu preciso que você colabore.

—eu colaborar?—ela deu uma volta antes de me olhar novamente—o que a Vitória estava fazendo lá com a sua camisa?

É claro, como eu posso ser tão tapado, ela está com ciúmes.

—o que?

—é isso mesmo que você ouviu eu não quero te acusar de nada mas imagina o que se passou pela minha cabeça quando eu vi aquela garota que é louca por você te assistindo também e com o seu número nas costas—soltou tudo bem rápido, dessa vez eu nem fiz nada.

—Maria, eu—ela me cortou levantando uma mão.

—me desculpa tá? eu não quero fazer uma cena você não me deve nada, eu vou para casa e amanhã quando eu estiver mais calma e engolir isso podemos conversar.

—pelo amor Maria Júlia me escuta!—ela assentiu, estava nervosa—eu não sabia que aquela menina estaria aqui hoje e admito que a blusa foi um presente meu mas eu não a convidei. Eu mostro as nossas conversas se você quiser, não falamos desde o dia da festa.

Ficamos alguns segundos em silêncio, eu percebi que os braços dela estavam começando a tremer por conta do vento gelado aqui fora e tirei o meu moletom, passando ele por cima de sua cabeça.

—eu só fiquei insegura, obrigada por me contar—ela agradeceu bem baixo, como se eu precisasse guardar aquele segredo.

—imagina, nós dois sabemos que eu tenho minha parcela de culpa na sua insegurança—olhei para trás e o Jorge nos assistia, fiz um sinal com a mão e ele entendeu que vamos sair.

—eu realmente prefiro ir para minha casa—pediu com uma mão no meu peito, tentei dar um beijo nela mas a Maria foi mais rápida desviando, olhando ao redor em seguida. Pelo menos agora ela está sorrindo.

—me deixa ficar contigo?—coloquei uma mecha do cabelo dela para trás—prometo me comportar, e não faço nada se você não quiser.

—nós vamos apenas dormir—ela avisou me empurrando, eu a abracei por trás.

—como a senhorita quiser, madame.

Insônia | Gabriel B.Where stories live. Discover now