Insônia | Gabriel B.

capítulo 19

MARIA JÚLIA

Reencontrei a maioria das mulheres dos jogadores do Flamengo, fiquei chateada quando me dei conta de que algumas não estavam ali porque os maridos foram vendidos para outro time. Estive desatualizada.

A Bruninha e a Marília deram e já foram embora por causa dos filhos, ainda consegui curtir um pouco com as duas.

Dhiovanna gargalhava do vídeo que o Arrasca gravou da gente dançando o movimento da sanfoninha. Na moral, que saudade eu estava de suar de tanto rebolar, e com as minhas melhores amigas ainda? se melhorar estraga.

—você foi super bem amiga, a jogadinha de milhões saiu—Lívia comentou assistindo também.

—gente eu vou postar isso amanhã, tem problema para vocês?—Dhiô perguntou.

—para mim está de boa—a Andressa concordou.

—eu não sei se vale a pena me expor tanto—Fabinho brincou, ele deu a vida na nossa coreografia improvisada.

—por mim tudo bem também—a Li disse dando de ombros. Eu tirei o elástico do meu pulso e prendi o cabelo em um rabo.

—amanhã eu te dou certeza amiga, agora o álcool já está subindo para a mente—falei me abanando de tanto calor—ai que sede—comentei por alto passando a prestar atenção no Filipe Ret cantando, o pessoal na maior animação acompanhando o cantor, esse cara é fera demais.

Uma das vantagens de namorar estrela do futebol é que você conhece um bocado dos seus ídolos, eu mesma realizei de meu sonho de ter foto e até autógrafo de vários. A parte ruim é que se um deles se interessa por tu não admite por consideração a amizade.

Nem solteira eu tenho folga.

—hidratem-se crianças—escutei a voz do meliante e arregalei os olhos quando me virei e o vi segurando seis garrafas de água. A Andressa se engasgou de tanto rir da cara de paspalha que eu fiz. Não é possível, esse homem colocou uma escuta em mim—ué, que foi?

—nada não Gabriel—respondi por ela e ele me olhou de canto me oferecendo a garrafa, não neguei porque estava necessitada mesmo.

Falador fala, nós calado ganha
Eu tenho a droga que te deixa na onda.

Coloquei a tampa do recipiente no bolso para não jogar lixo no chão, acabei de lembrando de uma funcionária da família Barbosa.

—a dona Sônia ainda trabalha contigo?—perguntei não vendo maldade, o Gabriel me olhou como quem não esperava.

—sim, já é família pô—concordei dando uma risada sem graça—por falar nisso, o Jorjão contou que te viu e ela ficou morrendo de ciúmes—ele chegou mais perto, fiquei quieta porque achei que ia ser algo sério—aparece aqui um dia para matar a saudade.

—tu não vale nada né garoto, nem te dar abertura eu posso—dei uma cotovelada nas costelas para afasta-lo, o descarado nem gritou, só começou a rir e passou a mão por cima da camisa no local.

Na minha cama é tudo nosso
Eu sei que tu gosta de ser minha piranha.

—também não precisa agredir paixão—o sujo disse no pé do meu ouvido, acabei me arrepiando por estar de cabelo preso e a área ter ficado exposta. Miserável—tu gosta que eu sei.

Não neguei nem concordei, deixei o silêncio falar mais que mil palavras.

Tentei me dispersar do meu atual acompanhante passando o olho pelos convidados e só então percebi que a quantidade de anônimos era até maior que a de famosos. Essa é nova para mim.