capítulo 26

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GABRIEL

Cheguei em casa amassado da balada, só sai quando o dia amanheceu e se tivesse mais umas horas eu tava colado prestigiando os meus parceiros do rap.

Dou moral mesmo!

A Maria Júlia me deu o maior perdido e não voltou para casa com o Jorge, tive que ligar para o Giorgian e o Fabinho para saber como ela tinha ido.

E só pelo tom de voz dos dois eu soube que o meu nome não está bem falado, sinto que causei uma merda bem grande.

O que eu fiz com a pretinha anos atrás não foi bom, e ontem doeu no meu peito ver de tão perto o ressentimento que ela ainda carrega, quando ela quase chorou eu juro que tive vontade de levar uma surra de alguém por ser tão babaca.

Ao mesmo tempo que não consigo ter a atitude de abraça-la e dizer que eu fico, porque não sei fazer promessas sabendo que não vou cumprir.

Acordei no sofá de casa depois do after na residência do Cabelinho, lá tinha várias rendendo para mim mas o Lilgabi parecia até casado de novo, fiquei só no refri e não dei nem o gostinho.

—levanta cabeça, precisa comer para não morrer no jogo mais tarde—meu primo cutucou minha costela, sorte dele que eu já estava mais ou menos acordado. Detesto que atrapalhem meu sono.

Dei uma espiada no quarto da Dhiovanna e a doida está até babando na cama, bebeu ontem igual passarinho, misturou coisa e vomitou tudo quando a gente chegou, achei bem feito.

Serve de lição para a próxima.

Os moleques pediram para colar aqui em casa e fazer um churrasco mas eu cortei pela raiz pois ainda tinha questões da noite passada para resolver, quero ver de perto como a Maria encrenca está.

Pedi o almoço pelo aplicativo e chegou em poucos minutos, a minha irmã que já tinha acordado foi buscar depois de reclamar.

Fiquei bitolado em como faria para chegar na minha ex, tenho noção de que a mesma deve estar muito confusa e não quer me ver. Mas a gente tem que conversar.

Peguei meu telefone para mandar mensagem mas aí lembrei que ela tinha me bloqueado ontem. Eu também enchi o saco.

—você sabe se a Maria Júlia tá em casa?—perguntei para a minha irmã, estamos sentados na mesa fazendo a nossa refeição.

—não conversei com elas hoje Bi, por que? aconteceu alguma coisa?

—a gente ficou ontem—na hora ela engasgou com a comida e eu levantei tentando ajudar, foi uma luta mas depois de tomar o suco resolveu.

—como assim? a Maju quis ficar contigo?—perguntou com dificuldade, o rosto todo vermelho.

—claro né Dhiovanna, eu não ia pegar a mina a força—dei risada passando a mão no lábio ao recordar o que a gente fez. Não tem jeito, aquela morena combina comigo demais, nosso corpo tem o encaixe perfeito.

—e o carinha que estava com ela?—a expressão de choque no rosto dela estava muito engraçada.

—não sei ué, por mim ele explode—respondi simples e dei de ombros. Após isso, ela ficou no meu pé perguntando os detalhes (alguns eu até dei, a gente é muito amigo e compartilha essas coisas).

—quer voltar para o relacionamento sério?—revirei os olhos quando ela entrou no meu quarto, acabei de sair do banho já vestido e escolhi o mesmo perfume de ontem a noite.

—isso são coisas que só o tempo dirá, no momento quero curtir com ela.

—tu está lembrando que a Ju não é essas marmitas que tu se aproveita né Gabriel? Olha que se você fizer alguma coisa contra ela eu e a mãe te matamos—concordei com a cabeça vendo pelo reflexo do espelho no meu closet uma Dhiovanna emburrada de braço cruzado.

—é por isso que vou atrás dela—passei o colar de ouro branco na cabeça.

—não acho que seja a melhor hora, é bom deixar ela pensar direito primeiro.

—se ela pensar direito vai me abandonar de novo Dhiovanna—respondi contra o argumento e sentei na cama para calçar o tênis—se a gente não se falar nem entrar em campo eu vou conseguir.

—tenta não falar merda, deixa ela desabafar e me promete irmão. Se a Maju pedir para você ir embora, sai da vida dela.

—eu prometo—e assim seria, vai doer abrir mão da minha paixão, porém, farei isso se necessário. Eu só preciso tentar outra vez.

Minha irmã me acompanhou até a garagem me observando tirar o carro, posso estar agindo por impulso? Sim, mas esse é o meu jeito e quero ver quem vai tentar me parar.

Consegui o endereço dela com a minha irmã que pediu para a Lívia, pelo menos tem rotatória e eu vou conseguir chegar a tempo no estádio se nosso encontro for rápido.

Quando cheguei em frente ao condomínio eu me apresentei como namorado da Maria, não constando meu nome na lista dos que podem entrar sem comunicação, tive que apelar para a tietagem e autografei camisa para todos os funcionários que me pediram.

Ainda fiz vídeo mandando beijo aos parentes deles. Consegui passar pelo portão, parei no estacionamento dos moradores e sai fechando o carro.

A questão vem agora: como vou descobrir o número do apartamento dela? E outra, ainda precisa de autorização para subir no elevador também.

Suspirei fundo e encostei o corpo na porta do jaguar com vontade de chutar a lataria, preciso ter calma, preciso pensar.

Franzi a testa quando ouvi uma voz infantil que eu achei que conhecia de algum lugar, virei o rosto e arregalei os olhos ao me deparar com a família Mazalli toda junta, só faltou meu ex sogro.

Lembro que as vezes ele trabalha aos domingos.

Perfeito! Viu como o destino está ao meu favor? Agora é só eu esperar as visitas irem embora, correr para alcançar a Maju antes dela ir para casa e vamos conversar.

De longe meu coração deu uma acelerada ao observar o sorriso frio no rosto dela, estava linda como sempre. Mas a conheço bem e seu astral está baixo.

—tio Gabe?!—tomei um susto quando a Valentina gritou, olhei para a ela apavorado e a mesma já apontava na minha direção trazendo todas as atenções para mim.

Eu só me lasco mesmo.

Insônia | Gabriel B.Where stories live. Discover now