capítulo 27

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MARIA JÚLIA

Se tem uma coisa que eu não gostei na minha experiência em Milão e que carrego comigo até hoje é morar sozinha.

Sei que é o sonho de muitos, mas para mim não funciona! Eu gosto de casa cheia, de estar rodeada de pessoas afetuosas.

Depois de um dia gostoso com muito sorvete e vídeo game, eu fui levar a minha família de coração destruído até o estacionamento do meu prédio.

A Valentina se agarrou logo nas minhas pernas para começarmos o nosso momento de drama  porque toda vez é isso, o maior sofrimento para a gente se largar.

—foi como nós conversamos filha, tire um tempo para ficar alguns dias no interior com a gente. Você vai ver como vai te fazer bem—eu sorri com o conselho doce da minha mãe.

—eu prometo ir assim que possível, depois que eu conseguir resolver a parte burocrática com o apartamento e os trabalhos derem uma desacelerada—segurei suas duas mãos deixando um beijo em cada uma.

—valeu pelo dia mana, você é top—Davi agradeceu e me deu um abraço meio desajeitado.

—nada meu amor, vem ficar um fim de semana comigo que a irmã te leva para pegar umas gatinhas na balada—minha mãe deu um tapa na minha cabeça, eu resmunguei achando graça.

—eu vou para a balada também tia Juju—a Valen apontou o dedo sinalizando que queria entrar na lista, minha irmã negou com a cabeça e eu me engasguei de tanto rir.

—ninguém vai para lugar nenhum né?—Mariana me repreendeu com o olhar—diversão para criança é parquinho e estudar.

—isso vale para o senhor também viu—dona Patrícia puxou a orelha do Davi. Tadinhos das minhas crias, não podem nem dar rolê com a tia Maju.

Peguei meu telefone para tirar a nossa última fotografia do dia, já enviei direto para o meu pai avisando que eles estão saindo agora.

—tio Gabriel?!—tomei um susto ao escutar o grito da Valentina, minha sobrinha apontou para um canto do estacionamento e meu sangue gelou quando reconheci o carro preto.

Puta merda.

Minhas mãos suaram a medida que o jogador veio se aproximando da minha família, o coração batia que nem bateria de samba.

Senti meu rosto esquentar ao me recordar de tudo que contei para a minha mãe e irmã com detalhes e agora ele me apronta uma coisa dessa.

A primeira a cumprimentá-lo foi a minha sobrinha traíra que se jogou em seus braços na maior festa, ele sempre foi o crush da Valen, era uma admiração pelo tio estrela fora do comum.

Olhei para o lado e minha irmã só abaixou a cabeça escondendo o rosto entre as mãos e negando, que pesadelo.

Meu ex me olhou com um sorriso de quem tinha acabado de ganhar o título de craque do jogo, eu não sei mais o que eu posso fazer para me livrar dessa oferenda.

—boa tarde gente—cumprimentou com a voz calma, como ele pode estar tão tranquilo e eu que não devo nada ficar a ponto de enlouquecer?

—boa tarde Gabriel, tudo certo?—minha mãe perguntou toda debochada e eu vi ele tremer, se tinha uma pessoa no mundo que ele respeitava era ela.

—tudo bem sim dona Patrícia, quanto tempo né—eles apertaram as mãos, ele fez a mesma coisa com a Mariana, levantei a sobrancelha quando o infeliz veio pro meu lado—fala Davi.

A expressão de felicidade que o meu irmão fez acabou comigo, na época esse jogador conquistou a todos na minha casa. Meu irmão demorou um ano para esquecer o cunhado quando a gente terminou.

—ai que legal ver o meu tio Gabe—disse a traidora de laço rosa—vocês agora são namorados de novo tia?—perguntou e eu pensei em procurar um buraco para me enterrar, vi o Gabriel ficando vermelho e me segurei para não esmurrar ele.

Olha as coisas que esse homem me faz passar.

—não meu amor, o tio Gabriel só veio aqui pegar uma encomenda mas já vai embora—respondi entre dentes, minha irmã foi o anjo que percebeu o meu constrangimento e puxou o bonde da saída.

Me despedi dos quatro pela última vez com um abraço bem apertado e um beijo, não tive tempo nem de sofrer pois já tenho um problema para resolver.

—que merda você tem na cabeça? enlouqueceu?—explodi voltando para perto dele com o dedo apontado para o mesmo, o jogador abriu o maior sorriso sarcástico.

—vamos dar o nosso show aqui mesmo ou você vai me convidar para subir?

—convidar o caralho Barbosa, qual foi? eu tenho cara de palhaça? se eu tiver pode ir tirando isso da tua mente. O que você está tentando fazer?—gritei colocando um pouco da minha revolta para fora.

Ele merece muito mais.

—eu só preciso de dois minutos do seu tempo para saber como você está se sentindo—eu ri debochada e as lágrimas lutaram para cair, mas não deixei.

—como você acha que eu me sinto?—apontei para o meu corpo—eu estou cansada Gabriel.

—só me deixa conversar com você, por favor.

—só conversar?

—É Maria Júlia, eu também sei dialogar sem atacar a sua boca—eu não dei risada do trocadilho dele. Não tem nada engraçado aqui.

—nós vamos subir porque eu prezo muito pela minha imagem pública. Você só vai ter quinze minutos—avisei e ele assentiu calado.

E antes de começar essa DR, quero agradecer a vocês pelo apoio com a minha obra 🥲💕 é muito importante para qualquer autora ter esse reconhecimento. Obrigada por serem tão especiais.
Estamos em sétimo lugar na tag gabigol e conseguimos duas mil leituras. Nunca imaginei que algo assim fosse acontecer, seguiremos por mais!

Insônia | Gabriel B.Onde histórias criam vida. Descubra agora