— Que ótima ideia! Eu mando você tomar cuidado com o garoto e você começa a namorar com ele.
— Não estou namorando com ele, Michael.
— Gente?
— Se eu te dissesse: "eu quero ficar com você" e você me dissesse "também quero ficar com você", configuraria namoro? — Perguntou Michael para o estagiário que me olhou confuso.
— Eu não me sinto confortável estando no meio dessa conversa, posso sair e vocês me chamam quando forem discutir a matéria?
— Não! — Respondemos eu e Michael um uníssono. O garoto afundou na cadeira e abraçou a prancheta.
Michael respirou fundo.
— Adultos não pedem adultos em namoro, Marina. Ou você espera que ele venha te buscar no fim do seu expediente com um cartaz e uma rosa que ele roubou da calçada de alguém?
O estagiário riu e eu o fuzilei com o olhar.
— Por favor me convide para a sua conversa com o Tiago. — Disse Michael olhando através da parede de vidro para o moreno que digitava atentamente na sua mesa. — Você sabe que minha alma despedaçada adora o som de corações se quebrando.
Sentindo os 6 pares de olhos que o encaravam, ele olhou na nossa direção e acenou com um sorriso largo. O estagiário foi o único que retribuiu.
— Você pode vir aqui na minha sala? — Interrompeu-nos Artur.
O estagiário colocou a mão no peito assustado.
— Marina. — Completou o nosso líder de RH e fuzilando o marido com os olhos disse: — Michael, pare de ameaçar os estagiários ou vou te dar uma suspensão.
— Você não pode me dar uma suspensão, eu sou o dono.
— Não foi uma ameaça trabalhista.
— Éca! É como ouvir meus pais falando de sexo. — Coloquei o dedo na boca simulando vômito e juntando os meus pertences segui Artur para fora da sala.
***
— Nina, eu quero alinhar contigo a questão do processo calunioso que você foi acusada. — Ele tentou cruzar as pernas, mas o puff onde estávamos sentados, o afundava de forma a limitar sua movimentação. Ele se ajeitou, endireitando a postura e logo foi engolido pelo estofado.
— Podemos nos sentar na mesa se você quiser. — Sugeri, notando o seu desconforto.
— Ótimo, obrigado! Eu comprei esse negócio para que as conversas não fossem tão formais. As pessoas sentem muita pressão estando na minha sala, mas na verdade eu sou apenas o mensageiro, não tomo as decisões de nada.
— Foi uma ideia bem legal.
— Michael disse que foi um desperdício de dinheiro. Por ele, vocês sentavam em cadeiras de praia com o notebook sobre os joelhos. — Ele revirou os olhos. — Bem, voltando ao assunto. Michael me mandou a entrevista que foi feita com um dos escritórios. Eu vi que acabaram citando o nome da sua família e que a advogada acabou levando para o lado pessoal, o que foi muita apelação devo dizer. Ele também me disse que sua mãe é uma pessoa influente, então preciso te perguntar se você já tem um advogado de defesa ou se quer que a gente indique o mesmo que usamos aqui na empresa.
— Eu não quero envolver minha mãe em nada disso, Artur. Podemos arquitetar a defesa utilizando o mesmo advogado. Até porque minha mãe se mudou para a França há 6 anos. Duvido que ela assista o noticiário daqui, nem sequer deve ter ficado sabendo que citaram o nome dela. E também, não acho que ela faria nada além de jogar na minha cara que eu mereci isso por ser uma péssima profissional. — Soltei um riso de desdém que Artur retribuiu com um sorrisinho quase imperceptível de pena antes de baixar os olhos.
YOU ARE READING
Vizinhos
RomanceMarina trabalha como jornalista para uma plataforma de notícias da internet. Seguia normalmente sua vida de jovem adulta, pagando boletos das compras online e comprando ração para o seu gato Gary, até que uma garotinha deveras falante e seu pai supe...