11. A linha tênue entre o caos e a paz mundial

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— Eu não quero comer banana com iogurte. Você não tem cara de quem come isso. — A menina disse enquanto empurrava a tigela para longe. Seus pezinhos nus balançando ao lado da banqueta.

— Você acha que eu tenho cara de quem come o que no café da manhã? — Ergui as sobrancelhas realmente curiosa.

— Cheetos sabor parmesão.

— Isso foi muito específico. — Nos encaramos por alguns segundos e começamos a rir. — Ok, e se eu colocar duas colheres de Nescau por cima da banana? 

— Eu aceito a sua oferta, mas devo dizer que estou decepcionada. 

— Meu deus, garota. O que você assiste na TV? — Comentei surpresa com o vocabulário rebuscado dela. Ela somente deu de ombros enquanto comia a sua banana com Nescau e iogurte.

Sentei-me sobre o balcão que ficava no lado oposto da bancada. Descasquei uma banana e comecei a comer. 

— Acho que meu pai gosta de você.

Foi o comentário dela. Fiquei imóvel aguardando o resto da informação que não veio. Será que ela só era falante em elevadores?

— A é? 

— Uhum! Você gosta dele? 

Me engasguei com a banana. Havia esquecido o quanto as crianças são diretas.

— Sim. Seu pai é um... amigo... muito... legal. — Sorri.

Ela me fitou com ar de tédio com aqueles olhinhos verdes iguaizinhos ao do pai e balançou a cabeça negativamente. 

— Vocês parecem dois bobos quando eu falo de um para o outro. Quando perguntei para ele se ele te achava bonita ele também engasgou. Só que ele estava comendo uma maçã. — Mordi os lábios para segurar o sorriso. — Acho que frutas são perigosas. — Ela concluiu. 

— Certo. — Pigarreei. — Frutas não são perigosas. Não diga pro seu pai que aprendeu isso comigo. Frutas são legais. São tipo... a sobremesa da natureza. — Sorri satisfeita comigo mesma. 

— Você é bem estranha. — Ela semicerrou os olhinhos. — Mas eu gosto de você. Pode me descer? Eu quero ir brincar com o gato.

Refletindo se ficava feliz ou chateada, concordei com a cabeça e à desci da banqueta. Ela logo saiu correndo para a sala. Os pézinhos estalando no piso. 

Olhei pela pequena janela da cozinha e refleti como eu iria manter uma criança de 5 anos entretida até que o pai dela acordasse. Esperava que o Gary desse conta disso pra mim. 

Enquanto eu lavava a louça, ela apareceu na cozinha e puxou a barra da minha camiseta.

— Pode ligar a televisão para mim? Eu quero assistir desenho. 

— Claro. — Larguei a louça na pia e fui com ela até a sala. Ela se deitou no sofá e se cobriu com a manta. Me sentei aos pés dela e liguei a televisão. Rolei a catálogo infantil da netflix e ela escolheu assistir Irmão do Jorel. 

Assisti alguns episódios com ela. Rindo da sua reação ao desenho. Senti saudades de quando eu era criança e ficava deitada no sofá cedo pela manhã assistindo desenho com a minha irmã. Meu celular vibrou na mesa ao lado do sofá.

Michael:

Não importa o quão de ressaca você está. Eu preciso que você faça essa matéria quente pra mim.

Marina:

Eu odeio matérias quentes. Você sabe disso. E é sábado.

VizinhosHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin