-Ela sofreu abuso quando criança, e quando a mãe descobriu, flagrou o homem fazendo isso com ela e partiu em defesa da filha, mas o homem era forte bateu nela e em Mily. Chutou Mily até ela perder a consciência. Ela ficou hospitalizada, durante muito tempo desacordada. Os médicos fizeram tudo o que puderam, mas tiveram que remover cirurgicamente um ovário e trompa, o útero ficou bastante machucado mais a probabilidade de ela poder ser mãe é mínima quase zero. E ela contou para Ben só a parte do abuso e que ficou internada. Mas não contou que talvez nunca possa ser mãe!- Care conta para Jess.

Eu choro soluçando ainda mais quando ela fala à parte que mais me dói, filhos!. É pior ouvindo de outra pessoa, parece ser mais real do que eu pensava. Elas fazem carinho e durmo assim. Tive pesadelos a noite inteira com cenas de tudo quando criança, do medo que senti ao voltar para casa depois de hospitalizada, do pavor de talvez reencontrá-lo.

Acordo de manhã e não vejo a hora de ir embora para casa, onde me se sinto bem e sem tantos conflitos. Tenho saudade de minha bicicleta, a chamo de Kate, ela é preta e amarela tem uma cestinha que eu cobri com uma capinha customizada com coisas que eu gosto em recortes de jornais. Ficou bem legal porque depois de colar tudinho eu apliquei várias pérolas depois passei verniz, ficou perfeito.

Com Kate eu ia para o parque pensar um pouco, às vezes até à praia quando tinha companhia. O Mat era quem mais me acompanhava. Mat! Porque eu não o amei, acho que ele me aceitaria, ele sabe de tudo. Passei mal algumas vezes e numa dessas, ele me levou ao médico, depois dos exames e eu acordada o médico contou sobre minha situação colocando-o a par de meus segredos mais obscuros e tristes.

Levanto e vou ao banheiro. Me sinto derrotada. Não vi nada acontecer, mas todas as minhas coisas já estão aqui. Faço meus asseios matinais, desde o banho, depilação, até escovar os dentes. Faço um coque. Não estou preocupada com o exterior hoje. Só quero sair para outro refúgio além de Kate minha bike, os livros. Vou visitar a Biblioteca Pública de Nova Iorque.

Pego uma camisa de botões e mangas compridas azul, uma calça jeans e uma sapatilha preta. Me visto rapidamente, tô morta de fome! Não me perfumei, apenas passei a loção perfumada da linha que A.DO.RO! Pego uma bolsa carteira qualquer, coloco tudo o que preciso dentro, inclusive o blackberry que só sinto vontade de devolver, pois sei que ele irá me ligar e não quero fraquejar ao ouvir sua voz. Oh! Ben!

Desço as escadas, o Ben não está lá, embora curiosa fico agradecida por não ter que tombar com ele por aqui agora. David me recebe com bom dia e informa que seu irmão teve imprevistos esta manhã, mas que os carros e os seguranças estão disponíveis para e levar onde eu quiser. Comemos juntos rimos com David e suas histórias.

-Para onde vai hoje Mily?- Care pergunta.

- Vou visitar a Biblioteca Pública de Nova Iorque. Mergulhar nos livros, meu refúgio!- Digo e ela não comenta nada sobre isso, ela já sabe que preciso ficar só. Às vezes passo madrugadas lendo, me acalma.

-Ok! Fica chateada se não te acompanhar?... É que o David me convidou para um passeio!- Diz sorrindo. E Jess se aproxima.

-Garotas... O André disse que quer me levar num lugar somente eu e ele, ai! Estou super ansiosa!- Jess fala dando pulinhos de alegria. Fico feliz por ela. Mas estou arrasada. Enquanto elas estão se acertando, eu estou definhando e me despedindo do amor, que cruel!

Um amor em NYOnde histórias criam vida. Descubra agora