Coisas De Ciência

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Capítulo trinta e quatro

Davina

— Você parece tensa — Maven falou encostado na parede.

— Não estou.

— Você é uma péssima mentirosa também.

— Não estou mentindo.

Maven se calou e deu um passo para frente, me analisando.

— Você está na defensiva.

— Eu não estou.

— Por que suas mãos estão fechadas? — Ele perguntou com um sorriso felino no rosto.

Olhei para baixo e me dei conta dos punhos fechados. Eu mesma me dedurei.

— Você está fazendo muitas perguntas e me deixando sem paciência — tento me esquivar da conversa — Já disse que não estou fazendo nada disso.

— Alguém ameaçou você? — Ele sussurrou olhando ao redor.

— O que? Não.

— Certo.

Maven se jogou na cadeira de rodinhas e começou a organizar os relatórios em cima da minha mesa.

— Está tudo uma bagunça e você não costuma ser desorganizada — ele indagou.

Engoli seco.

— Você e a Hannah tem se encontrado com frequência essa semana.

"AH! Entendi...", pensei.

— Você está com ciúmes.

— Não estou.

— Está sim.

— Estou. É um bilhetinho de amor que você guardou correndo no bolso do jaleco?

Enfiei as mãos no bolso e segurei o papel com força.

— Não.

— Ela te acha uma graça. Estou chateado que você tem passado mais tempo com ela do que comigo. Virei seu gatinho reserva? — ele girou na cadeira com rodas.

— Você é um idiota.

— Também estou achando. Você tem escondido as coisas de mim, você tem mentindo para mim, você vive chamando Hannah para a porcaria do laboratóri. Porra! Eu gosto de você, Davina. Não te cobro nenhum tipo de resposta e já disse que vou te esperar, mas se eu deixar de ser sua prioridade eu gostaria de ser avisado.

A maré verde tem tomado parte do meu tempo com planos e ordens que devem ser cumpridas. Eu simplesmente não posso enfiar ele nisso tudo, não com chances dele se ferir no meio disso tudo.

Mas também não posso deixá-lo triste achando que eu gosto de outra pessoa.

Maven aguardou algum tipo de resposta e se levantou, prestes a sair do laboratório. Me coloquei na frente dele.

— Maven, por favor —  Coloquei minhas mãos em seu peito tentando bloquear sua passagem. Ele parou com frieza.

Pedi para que ele se sentasse para que eu pudesse olhar em seus olhos com mais facilidade. A maré pode me punir e até mesmo me matar por isso, mas tudo que eu menos quero é machucá-lo. Sentei-me na mesa e respirei fundo antes de entregar o bilhete a ele.

— Leia.

Maven franziu o cenho enquanto lia o que estava escrito sem entender nada.

—  Estou ouvindo —  Maven já não parecia mais estar com ciúmes, mas sim preocupado.

— Existe a maré verde  e estão querendo derrubar o pai da Naomi do poder. Acontece que a maré está se fortificando, estão fortes o suficiente para dar o primeiro golpe e precisam de mim para isso. Maven, a maré verde é enorme. Você leu o bilhete dizendo que eu precisava manter isso em segredo e segredo é não contar para ninguém, o que significa que eu não devia estar contando isso a você.

— Quero ajudar.

— Ótimo. Me traga um par de luvas.

— Que merda você vai fazer? — ele perguntou me entregando as luvas.


— Um veneno e um antídoto.

— Isso é doideira. Pessoas vão morrer? — Fiz que sim com a cabeça — Você sabe que as pessoas voltam como errantes quando morrem. Quem caralhos está organizando isso?

— Não sei.

— VOCÊ NÃO SABE? — Maven esfregou as mãos no rosto.

— Temos que tomar cuidado — falei enquanto esperava a substância sair da centrífuga.

Depois de algumas horas no laboratório terminei de preparar o que me foi pedido. Na madrugada — no horário em que os guardas que não estão envolvidos na maré estão dormindo — saí do quarto com o Maven indo até o quarto indicado no bilhete deixado no laboratório mais cedo.

Bati na porta do quarto 102 uma vez, como havia sido requisitado, e Hannah abriu a porta sorridente ao me ver. A guarda Seinfeld, cujo nome eu descobri que era Hailee, estava sentada na poltrona brincando com os cabelos da loira sentada em seu colo, Lily. A psicóloga sussurrava coisas no ouvido da Steinfeld fazendo-a dar sorrisos sapecas. Naomi também estava na sala.

— Demorou demais —  Hailee já estava de pé com a sua expressão séria de sempre.

A loira deu um passo para frente.

— Davina, pode nos explicar o que é um parasita? — Lily mantia seus olhos vidrados em mim esperando uma resposta.

— É organismo que vive em outro organismo, dele o parasita obtém alimento e nutrientes, mas é uma relação nociva ao hospedeiro.

— Exatamente. Todos aqueles que tiveram suas famílias mortas, torturadas, vinda e estadia forçada são os hospedeiros. O comandante do lugar e aqueles que o seguem cegamente são as células que compõem o parasita — ela se aproximou de mim com um sorriso largo no rosto — E como se elimina o parasita de uma forma mais discreta?

— É aí que nós entramos — Seinfeld interrompeu — Trouxe o que lhe fora pedido, doutora?

Entreguei o frasco que abrigava o veneno e o soro com o antídoto.

— Isso daqui é um veneno muito forte e poderoso, mas dissolvido em outra coisa é o suficiente para causar danos sem causar a morte instantânea. Mas... Se exposto ao veneno por muito tempo o dano é permanente e a morte é certa — Avisei — Fiz o antídoto também, é o frasco de coloração azul.

— É como um remédio então — Lily falou.

— Remédios não são letais — Maven sussurrou.

— Vou adivinhar —  Naomi se pronunciou fazendo todos os olhares caírem sobre ela — A maré é o remédio? —  A guarda assentiu com um sorriso mínimo e perigoso exposto em seu rosto — Quando nós vamos agir?

— Amanhã — Lily respondeu.


𝐖𝐚𝐫𝐫𝐢𝐨𝐫𝐬 - 𝐑𝐢𝐜𝐤 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬 (reforma) Where stories live. Discover now