Até Logo

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Capítulo oito

Rick

Todos estavam arrumando as coisas para partir. O CDC parecia ser promissor. Todos estavam esperançosos com o lugar e praticamente prontos para partir, exceto Morales e sua família que decidiram ir para outro lugar. Insisti de todas as formas para que eles fossem conosco, mas  continuaram negando. Arrumei minhas mochilas e fui ficar um pouco a sós com a Lori. As coisas estavam esquentando entre nós, não em um bom sentindo, até que ouvi Carl me chamar.

— Pai, a Sofia disse que é mais inteligente que eu! — disse nitidamente chateado.

— Vocês são amigos, Carl — repreendeu Lori — E você sabe que os dois são igualmente inteligentes.

— Tanto faz. Eu sou mais inteligente mesmo — deu de ombros e saiu da barraca bufando.

Crianças.

Isso é bom. É bom ele manter um pouco da sua infância nesse cenário apocalíptico, cedo ou tarde ele terá de crescer para se adaptar a esse mundo. Crescer para não morrer.

Depois que Carl deixou a barraca encerrei a minha discussão com a Lori e fui até o trailer ver como Jim estava. Naomi saiu do trailer ao mesmo tempo que eu entrava. Nos esbarramos. Ela me olhou e balançou a cabeça negativamente e depois saiu. Jim estava em seu pior estado, a febre estava lhe causando algumas alucinações e o tempo dele se esgotava cada vez mais rápido. Já era hora de ir para o CDC para chegar lá antes do anoitecer. Jim não queria ir conosco porque sabia no que iria se transformar. Na hora da despedida pude escutar Naomi conversar com ele e perguntar se ela podia fazer alguma coisa antes de ir embora. Ele disse que não. Quando chegou minha vez ofereci minha pistola, caso ele quisesse ou resolvesse usa-la.

Ele preferiu ser amarrado a uma árvore enquanto seus pulmões se enchem de ar uma última vez.

Naomi segurou a sua mão e conversou com ele até que o corpo de Jim parou de lutar contra o vírus, e ela continuou a segurar a mão dele por um tempo mesmo depois que ele partiu.

A viagem até a estrada principal foi quieta e triste. Sentimos de certa forma a perda do Jim e dos muitos outros que partiram na noite anterior também. Quase já não tínhamos mais tempo para sentir luto, é um luxo poder lamentar no mundo de hoje.

O trailer parou e Naomi saiu pela porta. Pude ver Rebecca saindo atrás dela e não pude evitar de escutar a conversa.

— Não posso ir com você Mani. Me desculpa.

— Eu te entendo, não precisa pedir desculpa. Está tudo bem — a voz de Naomi demonstrava tristeza, ela sentia de alguma forma a decisão de Rebecca  — A casa fica um pouco dentro da floresta na rodovia 17. Se algum dia você mudar de ideia e quiser ir lá — Naomi sorriu e esperou a amiga virar de costas.

— Eu vou me lembrar disso — Rebecca disse enquanto entrava de volta no trailer.

Não sei se devo falar com ela. Mas meu corpo foi automaticamente em sua direção, assim como no dia em que nos esbarramos na cidade.

— Naomi...

— Não se despeça de mim, xerife — Naomi falou rígida. Seus ombros pareciam pedras.

— Sem despedidas então. Até logo — menti

Ela se virou e inspirou fundo como se carregasse todo o peso do mundo em seus braços. Começou a dar passos longos e rápidos sem hesitar, lutava contra o tempo para chegar ao seu destino o mais rápido possível para se afastar de nós, de mim. Ela foi embora e nos deixou sem sequer olhar para trás.

Logo seu corpo ficava cada vez mais distante do meu até que ela passou a ser um pequeno ponto sumindo pela estrada.

Ela foi embora.

𝐖𝐚𝐫𝐫𝐢𝐨𝐫𝐬 - 𝐑𝐢𝐜𝐤 𝐆𝐫𝐢𝐦𝐞𝐬 (reforma) Where stories live. Discover now