Camila pensou que, provavelmente, essa atitude do Diretor se devia ao fato de ele desviar dinheiro. Não era nada comprovado, porém, ele sempre ficava tenso quando alguém mencionava isso. Desde que Carla comentara sobre isso na discussão que tivera com o Diretor, considerou essa possibilidade. Não era do feitio de Carla blefar, e a mulher parecia bem confiante de sua afirmação.

Após acabarem de comer, todos se levantaram, com exceção de Paty.

— Espera, Leyla. Preciso falar com você.

Lançando um olhar confuso para ela, Camila se sentou novamente, enquanto os outros caminhavam em direção à saída de refeitório.

— Aconteceu alguma coisa?

— É sobre aquela organização que você sempre fala. Alguma notícia?

— Não. Acho que isso é bom. Aliás, como você está lidando com isso tudo?

Paty desviou o olhar.

— Para mim já faz sentido.

— Mas..., tudo bem mesmo eu...

— Sim.

— E sobre a Leyla?

— Sim. — Ela se levantou repentinamente, parecendo impaciente. — Era só isso mesmo. Vamos?

Assentiu, e elas caminharam para fora do refeitório. Paty parecia demonstrar acreditar em tudo desde o acontecimento no Andar Proibido, mas não significava que estava lidando facilmente. Afinal, não era sempre que se descobria que sua melhor amiga estava morta e que havia outra pessoa no corpo dela.

Tentou pensar no que faria caso isso ocorresse com Tiago, e falhou miseravelmente. Tudo isso que Paty e Juliana estavam passando devia de estar sendo difícil. Até que entendia o comportamento desta última. Era melhor acreditar que a pessoa que amamos está viva ao invés disso tudo. Apesar de não ver Tiago há mais de um ano, ainda o considerava muito. Ele era como um irmão para ela. Não conseguia imaginar o que faria caso ele morresse, e sentia muitas saudades dele. Todos os dias. Já fazia um ano desde a sua chegada àquele lugar. Tanta coisa acontecera nesse período; tanta coisa que nunca imaginou que aconteceria, e nem sequer tinha previsão de terminar.

Foram caladas o caminho todo. Talvez Camila não tivesse feito bem em mencionar Leyla. Porém, todos a chamavam pelo nome de Leyla, e possuía seu rosto. Como Paty se sentia em relação a isso?

Quando chegaram na sala de aula da 2000A, algumas pessoas — que Camila reconheceu ser alguns estudantes de sua sala — estavam em volta da primeira mesa, na fileira ao lado da porta. Era onde ela e Paty se sentavam.

Quando se aproximaram mais, viram Lucas sair do meio do pequeno aglomerado e foi até elas.

— O que aconteceu?

O garoto a encarou, apreensivo.

— É... acho que você não vai querer ver isso agora.

— O quê?

Paty abriu espaço por entre as pessoas e levou as mãos até a boca, arregalando os olhos. Camila a olhou confusa e se aproximou também. Tinha algo escrito em sua mesa, com uma cor vermelho forte. Arregalou os olhos quando leu.

"Scarlett. Escarlate Igual aos sangues das vítimas que vocês derramaram. Assassina Escarlate!"

— I-isso é tinta, não é?

— Esperamos que sim. — Paty comentou, também parecendo horrorizado com a situação.

— Foi você! — Henrique, que estava ao lado de Lucas, se encaminhou para a fileira do lado da janela, em direção a mesa onde estavam sentadas Melina e Venice.

A Viajante - A Resistência Secreta (Livro 2)जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें