Lei de Snell

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Jeon Jungkook 

O destino era imprevisível, nunca pensei que Jimin seria melhor amigo da minha prima, eu não poderia fugir dele e nem ele de mim mesmo se quisesse. Antigamente eu acharia isso muito ruim, mas não podia ser melhor, quando eu recebi a mensagem de Jimin eu estranhei porque ele não era desse tipo e o jeito de escrever, cheio de gírias e abreviações era um pouco difícil de acreditar, contudo Hope me mandou uma mensagem logo em seguida dizendo que foi ela e que apenas fez isso porque Jimin não estava bem e precisava se distrair. Eu queria mais detalhes, quase implorei-lhe por isso, mas no fundo eu sabia que ela não me contaria por que era Jimin que tinha que desabafar comigo.

- Eu sinto muito Jimin. - Era a única coisa que eu conseguia falar, eu sabia que ele precisava conversar mais sobre isso, mas queria deixar claro que estava prestando atenção em cada palavra sua.

- Passei um ano mais drogado do que qualquer maconheiro dessa praça, eu me lembro das paredes brancas, tudo muito branco e claro, isso me deixava maluco, eu odeio branco até hoje. Eu fazia poucas coisas, não me sentia pressionado não quando cheguei no fundo do posso, passei os dois primeiros meses, apagado, como se minha mente estivesse se recuperando, depois disso eu tomava remédios que me faziam ficar sonolento e assim me impedia de pensar, eu tentava fazer contas, mas remédios fortes tem efeitos colaterais isso diminuiu o meu desempenho, eu quase perdi a única coisa que me fazia ser especial. No final de tudo, minha psiquiatra me fez prometer que eu tentaria levar minha vida sem planejar muito, viver a minha vida como um adolescente. - Olho para ele.

- Você conseguiu? - pergunto.

- Jungkook, eu já havia passado dessa fase, era impossível, mas em vez disso eu parei de ir a conferências da faculdade ou ser o garoto propaganda, apenas quando foi muito necessário, isso diminuiu minhas crises quase no zero, eu estava bem apenas fazendo o que eu gosto e o que sou bom. - Por que eu sentia que depois disso tinha um mais? - todavia Arizona não foi minha melhor escolha... - fico em silêncio, tenso sobre o que ele ia falar porque no fundo ele foi para lá por minha causa. - Não fique assim não fui para lá só por causa de você. É o melhor lugar para fazer um estágio de astronomia eu aprenderia muito e sempre foi o meu sonho ter o melhor, você e nossa situação foi apenas um bom incentivo. Eu não era o único lá, eles não me olhavam como se eu fosse um gênio, me olhavam como uma máquina, do mesmo jeito que olhava a metade das outras pessoas ali, se antes eu me sentia mal pela pressão da faculdade ou do meus pais, lá eu senti o que era estar mal de verdade. Não tinha pena Jungkook, eu estava cansado, mas ainda sim precisava terminar, eu não podia desistir porque isso não pegaria bem para o meu currículo, mas foi um dos piores jeitos de aprender. Quando voltei para cá, isso começou a acontecer. - Esticou sua mão mostrando a mesma sem nenhuma estabilidade - dentre todos os meus novos sintomas esse é o mais comum. - Guardou sua mão no bolso.

- Precisa de ajuda Jimin, precisa buscar ajuda, não está certo o que eles fizeram com você, isso é tortura e... - Eu estava pronto para lutar contra deus e o mundo por Jimin.

- Sim eu preciso, não posso negar Jungkook, mas estou por um fio, a universidade diminuiu meus afazeres para seu marketing por causa disso, mas se eu parar mais um pouco eu não preciso nem voltar. Não falta muito para as férias de verão, eu começo a me tratar lá, e isso não vai muar. - Se levantou.

- Tem algo que eu possa fazer? - perguntei, no fundo eu só queria tirar tudo isso de Jimin.

- Quero que fique por perto, um pouco mais do que de costume. - Sorriu de lado e uma de suas mãos acariciaram o meu rosto. - Quero que seja meu namorado. - Eu não tinha uma reação, como assim ele queria que eu fosse seu namorado quando ele mesmo disse que não seriamos? - eu sei que está confuso, mas o principal motivo era porque eu não queria que você visse que eu não estava bem, mas graças a Hope você sabe então não tem por quê. - Eu tinha que beijá-lo, eu tinha que abraçá-lo até ele perder o ar, esquisito, mas sim. E foi isso que eu fiz, colei meus lábios aos seus, puxei ele para mais perto de mim, sentindo seu perfume que me fazia delirar.

- Já que me pediu em namoro você também podia me pedir para dormir em sua casa hoje... - proponho com um sorriso malicioso, eu não estava me importando que teria aula no outro dia ou que minha mãe provavelmente iria me matar, eu só queria passar esse tempo com ele e me certificar que pelo menos no tempo em que ele estivesse comigo, nada iria machucá-lo.

- Liga para sua mãe, vou deixar só essa noite, não se acostume. - Permitiu e eu comemorei me levantando com o celular na mão. Era bom ver o sorriso de Jimin depois de tudo isso que ele assumiu estar passando e ter passado.

Avisei a minha mãe que dormiria na casa de Jimin, porque ele não estava se sentindo muito bem e precisava de mim, diferente do que costumava ser com David ela pareceu aceitar bem, apenas pediu que eu pegasse a matéria da escola com alguém para não me atrasar, quando voltei a me sentar no banco, Jimin estava olhado atentamente para as estrelas, especificamente o cruzeiro do sul, o que ele me disse uma vez ser o seu favorito.

- Vai me contar alguma história hoje? - pergunto ansioso por um sim, fazia tanto tempo que eu não ouvia suas histórias.

- Uma bem pequena porque precisamos comer e voltar. - Se ajeitou no banco cruzando suas pernas e apoiando a de cima em minha coxa enquanto me abraçava. - Édipo era um príncipe, filho de Pólipo e Periboeia, um dia ele recebeu a profecia de que ele mataria seu pai e casaria com sua mãe. Ele ficou assustado e foi embora para que isso não acontecesse, mas ao pegar a estrada, Édipo topou com um estranho, que tentou atropelá-lo com uma carruagem. Ele então pegou esse homem, amarrou aos pés da carruagem e o arrastou pela estrada até a morte. Quando chegou à cidade de Tebas, onde teve de encarar a Esfinge. Uma criatura que desafiava os visitantes com uma charada  e devorava sem piedade quem errasse, Mas Édipo acertou, foi aclamado rei de Tebas e se casou com a rainha Jocasta. Um dia, um vidente trouxeram uma revelação terrível: Pólipo e Periboeia eram os pais adotivos de Édipo. Seu verdadeiro pai era o cara que ele matou e sua mãe Jocasta. No final ele não conseguiu fugir do seu destino, apenas foi em direção a ele. 

A Fórmula da Liberdade - JikookWhere stories live. Discover now