A reta de Euler

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Jeon Jungkook 

Estar só. Estar só significa que a pessoa está fisicamente sozinha; pode ser solitária, mas não experimenta sentimentos de solidão. Esse estado pode ser voluntário, porque a pessoa prefere ficar sozinha do que estar com outras pessoas. Ou seja, trata-se de um isolamento social por escolha. Eu acredito que todas as pessoas deveriam ter um momento desses, um momento em que ela simplesmente pode ficar em seu mundinho, fazendo algo que a deixa tranquila, sem pensar se estar entretendo ou não as pessoas ao seu redor. Eu estava só, e fiquei só durante todo o dia, comi besteiras, ri internamente das minhas próprias piadas e entendi que eu era muito bom em ser sozinho, mas que apenas não queria ficar sozinho por tanto tempo.

Após passar o dia todo fora e notar que o dia estava muito bom para terminar antes das 16:00 eu decidi ir a um lugar que não vou a muito tempo, mas continua sendo o meu ponto favorito da Califórnia, La Loma Bridge, uma ponte, e não, eu não ia me jogar de lá, apenas era um ótimo lugar para observar e ter um pouco de paz.

Fiquei ali vendo o sol se pôr e a noite finalmente chegar, eu não era louco por estrelas, mas não podia negar o quanto elas eram lindas.

- Não vai se jogar vai? - perguntou uma pessoa parando ao meu lado. - é a segunda vez só hoje, vou começar a achar que está me seguindo. - Proferiu surpreso, ajeitando a mochila em seus ombros, Jihyun parecia que já conhecia esse lugar como a palma da mão, como se tivesse uma ligação com ele, o olhava com carinho.

- O que faz aqui? - Estava curioso.

- Venho para cá de vez em quando para observar as estrelas, se quero ser um bom astrônomo eu preciso no mínimo ter uma ligação com elas. - respondeu. - E você? é a primeira vez que lhe vejo aqui? vim de Glendale para cá apenas para ver a vista não me parece ser o seu tipo. - Observou atentamente meu rosto, ele estava sendo muito legal e isso me deixava receoso.

- Não venho aqui faz tempo, mas gosto da energia que passa. - Respondi, vendo-o novamente ajeitar a mochila em seus ombros, como se estivesse pesado. - O que faz com essa mochila? - indago.

- Meu telescópio, não o principal, mas um bom o suficiente para observar com clareza. - respondeu e começou a andar.

- Isso não vai caber em uma ponte onde passa carros. - Alerto.

- Eu sei, por isso estou indo lá para baixo, você vem? - convidou e eu sem mesmo responder fui atrás.

- Por que é tão diferente quando está fora da escola? É algum tipo de transtorno? - estava ficando incomodado com sua dupla personalidade, não podia deixar isso passar como fiz tantas vezes.

- Que pergunta patética é essa? Sai do ensino médio faz muitos anos. - Ele não estava me dando muita atenção, apenas descendo para o pé da ponte onde pudesse finalmente montar seu equipamento.

- Jihyun, sinceramente eu não gosto disso, brincar com as pessoas é nojento. Não pode me tratar com indiferença e depois com toda essa gentileza depois do que aconteceu. - Expressei o vendo parar e soltar uma respiração pesada, até voltar a andar novamente e então parar e tirar o telescópio da mochila.

- Não sou Jihyun, me chamo Park Jimin. Meu irmão que estuda com você, não eu. - explicou e tudo foi resolvido depois de eu ter ficado chocado.

- Nossa, a genética é boa, então se não está no ensino médio, você é o mais velho? - eu queria entender mais sobre como irmãos nascidos em épocas diferentes, fossem tão iguais, contudo, eu me lembro perfeitamente dele me dizendo que estava fazendo aniversário.

- Somos gêmeos Jungkook, e não eu não sou o mais velho, por míseros 20 segundos. - Ajeitou o angulo. - Estou na minha segunda graduação porque nasci um pouco mais inteligente que a maioria. - Contou pacientemente e por fim me olhou. Então com quem eu realmente dormi na festa? - comigo. - Como se estivesse lendo meus pensamentos ele respondeu. - Foi comigo que estava na festa, eu, você e David, aliais espero que ele esteja bem. - falou.

- Nossa minha mãe iria adorar te ter como filho, infelizmente ela me teve que sou o oposto, em vez de ser um pouco mais inteligente que a maioria eu sou um pouco mais burro que a maioria, estar cursando o último ano pela segunda vez já diz  muito sobre isso. - Me sento no chão sem me preocupar se iria me sujar ou não.

- Realmente, muita burrice. - Concorda e eu olho para ele incrédulo, então ele começa a rir. - Estou dizendo no meio acadêmico, não no geral, somos humanos e diferentes um dos outros, por exemplo, meu irmão é um ótimo dançarino quando quer, mas péssimo com exatas, eu sou definitivamente o oposto. Às vezes nossa inteligência não vai para o lugar que esperamos, mas isso não quer dizer que somos burros ou inúteis, já parou para pensar que talvez as matérias que você aprende na escola não estimulem seu intelecto? - pela primeira vez ele me fez pensar sobre esse assunto, eu me sentia muito bem quando escrevia, mas me sentia terrivelmente mal quando pensava em equações de segundo grau.

- é mas, eu queria pelo menos dar esse orgulho para os meus pais, o casamento deles tem desmoronado desde que reprovei e me sinto culpado sobre isso. - Lamento, mesmo que o conhecesse muito pouco, eu sentia uma confiança e conforto em Jimin que me fazia ser mais sincero com ele do que eu nunca fui com ninguém.

Ele olhou pelo telescópio mirando em uma estrela especifica e abrindo seu caderno onde pude ver as enormes contas que eu nunca nem mesmo ouvi falar em minha vida.

- Tudo bem, eu ajudo você, vou começar o meu estágio semana que vem aqui no centro de pesquisa de Glendale e posso tirar um tempinho do meu dia para fazermos isso, mas não pode desperdiçar o meu tempo. - Olha para mim sorrindo, ele estava oferecendo de coração.

- Não Jimin, eu não posso te incomodar com problemas de colegial. - Nego.

- Olha, eu sei o que é ser desestimulado pela escola, eu terminei meu ensino médio com 10 anos quando podia ter terminado muito tempo antes, eu aprendi a ler sozinho, tenho um Qi 231, o ensino médio foi a coisa mais fácil do mundo, mas eles me seguraram o máximo que puderam para ter fama, quando eu nem mesmo tinha vontade de aprender sobre algo que eu já sabia. - Ele estava indignado, mas eu permaneci calado. - O que eu estou tentando dizer é que seria um prazer, a gente estuda até sua primeira prova e se estiver me atrapalhando ou atrapalhando você, nós paramos. - Tirou o celular do bolso e estendeu para mim. - Coloque seu telefone aí. - pediu e eu senti um pingo de esperança com Jimin ao meu lado. 

A Fórmula da Liberdade - JikookWhere stories live. Discover now