Equações Euler-Lagrange

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Jeon Jungkook

Eu estava desapontado em perceber como Park naquela festa pareceu tão incrível e na escola era como se não fosse ele. Tentava de todos os jeitos não demonstrar para David minha decepção, porque em conjunto a isso eu teria que explicar o porquê de ter me afetado tanto.

Eu o vi entrar e sair de salas durante toda a semana, conversar com os mais diversos tipos de adolescentes, o ver de forma tão prepotente caminhar para o único grupo que eu tinha repulsa de ver, ele era inteligente, bonito e muito estiloso, perfeito para se tornar mais um integrante da réplica das meninas malvadas. Eu sentia falta do meu ano anterior, era mais calmo ser veterano enquanto esses pirralhos eram calouros, mas agora, todos nós estávamos no mesmo barco, e eu teria que aguentar.

Eu passei o dia todo na biblioteca da escola, David estava focado, divergente a mim que tentei ler dos mais diversos temas de física, matemática, história e até mesmo educação física. Tudo sem sucesso, eu odiava ser tão burro. Quando cheguei em casa com o peso de repetir mais um ano, o medo de acabar com o casamento dos meus pais, e acabar trabalhando em uma lanchonete qualquer ou como mecânico assistente na garagem do tio Ross. Doía meu coração só de pensar. Eu era o menino da música, o garoto que conseguia escrever uma canção apenas falando sobre seu dia, o garoto que conhecia os mais diversos temas e gêneros musicais e conseguia intercalar entre todos eles. Esse mesmo garoto que se perdeu quando diversas contas foram jogadas em cima dele, quando a tinta vermelha em sua prova passou a ser mais frequente do que deveria e quando ele percebeu que a única pessoa que não o julgava era seu namorado.

Por um instante eu quase desisti de entrar, pensei em voltar para a biblioteca mesmo sabendo que as portas nesse horário já estariam fechadas. Ainda que baixos, era possível escutar mais uma das discursões de meu pai, ele falava mais alto que minha mãe e pelo chão ser de madeira, eu era capaz de ouvir seus passos pesados de um lado para o outro, eu não sabia sobre o que eles estavam brigando já que minha mãe quando está muito irritada profere xingamentos ou coisas do tipo em coreano, porque sabe que meu pai não irá entender, mesmo não tendo noção do motivo da briga, lá estava eu colocando toda aquela gritaria como bagagem para deixar ainda mais o peso de ser um grande inútil em minhas costas.

Meu pai era incrível, inteligente, comunicativo e bonitão, um coroa dos bons, tinha sua própria concessionaria e era muito conhecido nesse ramo, graças a ele eu tive os melhores estudos, e uma casa grande e confortável, além disso, uma bela moto preta que foi tomada de mim quando reprovei e que só seria devolvida quando eu tirasse minha primeira nota boa. Eu sei que nunca mais vou vê-la.

Minha mãe era a pessoa mais doce do mundo, uma coreana que não me deixava esquecer de minhas raízes, um estilista das boas, não tão famosa como deveria, mas costumava fazer sucesso por Glendale e demais localidades. Os dois tinham tudo para serem felizes, vocês deveriam ver o quanto os dois eram lindos antes de eu estragar tudo. Infelizmente não sei se poderão ver novamente algum dia.

[...]

Domingo, o pior dia da face da terra, eu poderia dizer para todos o quando esse era um dia péssimo, um dia que passava tão rápido e antecedia a segunda, o que era ainda pior. Após passar a semana inteira me martirizando e ouvindo as brigas dos meus pais, eu decidi que passaria meu domingo fora, mas ainda estava receoso em chamar David ou apenas ficar sozinho

Eu tomei um banho e me arrumei o mais simples que podia, o máximo que eu faria era andar por aí e ficar um pouco na praça, o que não exigia uma produção tão grande.

Caminhando de forma tranquila eu resolvi passar em uma loja de conveniência e comprar algumas coisas para aproveitar meu tempo comigo. Distraído com as prateleiras de chocolates eu senti meu corpo bater com o de alguém, barulhos de garrafas de vidro ressoaram pelo ambiente, mas por sorte não quebrou. Minha única reação foi segurar a pessoa pelo pulso para que a impedisse de desequilibrar e cair por cima das garrafas.

- Me desculpa. - O solto, notando por fim que ali em minha frente estava Park Jihyun.

- Jungkook? e... oi - ele estava diferente, seu rosto estava relaxado, o que fazia ele ficar extremamente fofo, ele também estava levemente corado. E ali, o que tanto chamou minha atenção naquele dia, o brilho em seus olhos, o deixava ainda mais encantado do que era, eu me perguntava para onde havia ido aquele brilho durante todos os outros dias anteriores?

- Park, o que faz aqui? - perguntei olhando em suas mãos, uma garrafa de vinho que particularmente eu odiava.

- Arrumei um tempo na agenda para vir almoçar com os meus pais. - Se eu estava com dúvidas antes, agora elas só se multiplicaram, ele não mora com os pais? - você me indica algum? - olhou para a prateleira de vinhos.

- Gosto de vinho branco, talvez esse seja uma boa opção, mas qual você gosta? - perguntei.

- Oh! Eu não irei beber, desde a última vez eu estou evitando - proferiu e eu apenas balancei a cabeça em concordância, então ele lembrava, apenas estava fingindo que esqueceu. - Bom, obrigada pela ajuda, tenho que ir. - Caminhou para o caixa. Ele parecia um pouco desconfortável em conversar com pessoas, notei isso quando a senhora que estava no caixa tentava manter uma conversa gentil com ele, mas ele apenas respondia de forma rápida. Diferente dos dias lá na escola onde ele era muito comunicativo, e tinha o costume de falar com as pessoas de forma tranquila e animada. Não como esse bicho do mato que estava em minha frente.

Eu não sabia se apenas fingimento dele para ser uma pessoa popular, mas eu não quero participar de toda essa brincadeira. 

A Fórmula da Liberdade - JikookWhere stories live. Discover now