Relatividade Especial

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Jeon Jungkook

Ele não me parecia uma pessoa muito sociável na festa, mas o que me surpreendeu foi como aquele simples oi já lhe trouxe um grupo de cinco pessoas enviando-o bilhetes de papel pelo resto da aula. Eu não queria olhar, parecia que eu estava cometendo algum tipo de pecado, porém se antes eu não conseguia esquecê-lo, mesmo sem ter nenhum contato, hoje ficaria ainda mais árduo.

Eu confesso, fiquei deveras receoso em falar com ele, à medida que ele não mostrava nenhum sinal que me conhecia, e para ser sincero isso me deixava um pouco irritado, não com ele, era apenas um meio do meu corpo dizer o quanto estava frustrado. Quando finalmente o sinal tocou e eu saí daquela tortura que mal me deixava respirar, a minha primeira ideia, foi correr até meu namorado, porque ele sempre tinha a cura para as minhas frustrações.

- Por que está com essa cara de quem acabou de ver um fantasma? - perguntou, com sua sobrancelha direita arqueada.

- Park está em minha turma de literatura. - Sem rodeios porque sentia que vomitaria se enrolasse mais um pouco. Eu não estava arrependido de ter feito aquilo, de forma nenhuma, só não sabia como deveria agir, já que ele simplesmente fugiu logo em seguida, portanto cada mínimo contato que tivemos e deixando bem claro que não queria que fossemos mais do que uma diversão de uma noite.

- Park? - Seu rosto expressava mera confusão, suas memórias daquela festa não eram as melhores, ele sabe o que fez, sabe o que sentiu, mas o escuro e o álcool tornaram um pouco dificultoso para ele lembrar com clareza do menino de olhos castanhos e cabelos da mesma cor. - ah sim, o do ménage? - lembrou falando um pouco alto para a gravidade do assunto. - Por que está agindo como se tivesse passado uma infecção para ele? Que foi Jungkook? Transamos com ele isso não tem nada de mais, supere. - David sem dúvidas sempre foi mais descomedido que eu, a simplicidade em sua fala me causava ainda mais borboletas em meu estômago. Foi sua primeira vez em um sexo a três, por que ele está tão tranquilo quanto a isso?

- Pera foi sua primeira vez também né? - indaguei, apenas para confirmar, porque David e eu iniciamos nossa vida sexual, juntos, eu saberia se ele já tivesse feito isso né?

- Claro que sim bobinho, o seu pau foi o único que eu tive contato, tirando o do menino Park. - Deu dois tapas em meu rosto como se estivesse me acordando de minhas divagações. - Você quer falar com ele? É isso? Está se sentindo mal por ignorá-lo do mesmo jeito que ele está fazendo com você? - questionou ainda com o semblante tranquilo, como se não se importasse com o efeito causado por outro homem.

- O quê? Não... claro que não. - Respondi pegando meu almoço e caminhando com ele para uma mesa vazia.

- Você não pode mentir para mim Jungkook, eu te conheço como a palma de minha mão. - Segura em meu braço me puxando para a direção oposta. - Vamos resolver logo isso. - Antes mesmo que eu pudesse questionar alguma coisa, eu já estava na frente da mesa do dito cujo e meu cérebro simplesmente parou. - Olá! Park. - Cumprimentou meu namorado se sentando na mesa sem nem ao menos pedir. - Lembra da gente? - interpelou.

Com um olhar indecifrável, e uma leve revirada de olhos, Park largou seu talher para nos responder.

- E eu deveria? - naquele momento meu coração pareceu parar, o ar voltou a faltar e uma grande interrogação surgiu em minha cabeça. - Você eu conheço. - Direcionou a afirmação a mim, e um pingo de esperança surgiu, tudo bem o álcool poderia ter feito ele esquecer de David, mas não de mim, tivemos algo muito bom. - Você não é o carinha que está na minha turma de literatura? - perguntou e a sensação foi como se eu estivesse caindo de um precipício.

- Oh sim! Sou eu mesmo, prazer Jungkook. - Estendo minha mão, que mesmo a contragosto ele pega. Em minha frente estava todas as mesmas características que marcaram meus sonhos esses dias, as mesmas que me encantou, contudo, ali, em minha frente ele parecia apagado, seus melhores traços não pareciam ter o mesmo brilho que tinham quando eu o encontrei naquela cozinha. Além disso, seu jeito também era diferente, ele parecia que na primeira chance de nos expulsar ele faria, parecia que não estava confortável conosco, sua leve revisada de olhar, seu toque receoso em minha mão e até mesmo seu sotaque carregado. O Park daquela festa parecia desconfortável no meio de tantas pessoas e mesmo com o seu olhar arrogante como se fosse muito para estar ali, ele parecia querer se enturmar, seu tom de voz era diferente, parecia que já havia anos que ele estava ali e não que havia acabado de chegar na cidade.

- Certo Jungkook, e você? - perguntou olhando para David.

- Garoto você deve ter sido o que mais bebeu, esqueceu até nosso nome. Sou David. - Sem notar o quanto o clima estava desconfortável, David riu e roubou uma batata sua.

- Park Jihyun, vocês já devem saber, parecem saber pelo menos, eu ouvi que a cidade era pequena, mas não sabia que era tão pequena a ponto de saberem sobre mim antes mesmo de me conhecerem. - falou mais com ele do que conosco.

- Amor acho que deveríamos deixá-lo almoçar em paz. - Falo com David que me ignorou e continuou tentando puxar assunto.

- Então foi a sua primeira vez em um ménage também? - assim, na lata, sem ao menos uma introdução antes. O suco que Jihyun estava bebendo voou para longe, sujando todo o chão do colégio. Eu sinceramente já estava devidamente arrependido por comentar sobre esse tópico com David, ele simplesmente parecia ser muito menos do que mostrou na festa, parecia querer distância de pessoas como nós, eu não sei explicar exatamente, todavia, minha energia não bateu, mesmo que eu não credite nisso.

A Fórmula da Liberdade - JikookWhere stories live. Discover now