Equivalência Massa-energia

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Park Jimin 

Eu queria recomeçar, estava muito claro que o lugar que eu pertencia já não era tão meu assim, eu tinha muito para agradecer a universidade de Pasadena, mas tinha muito para reclamar, não podia brigar, insistir ou surtar por isso e não estou dizendo por que estou medicado.

Eu conversei muito com o psiquiatra, vi o que estava de errado e como eu podia melhorar, o medo que senti de morrer, de não poder dizer ou demonstrar a Jungkook o quanto eu o amava, o desespero dele, mesmo com minha vista turva, eu não quaro sentir isso de novo, não quero que pisem em ovos comigo com medo de eu parar em um hospital novamente, eu pensei que isso era um sacrifício, um preço pelo que eu sou e o que eu tenho, mas eu não deveria arriscar minha vida e minha sanidade por algo assim, não deveria colocar o medo no rosto das pessoas que amo porque acho que devo alguma coisa a esse mundo, por todo o intelecto que tenho.

- Como sabia? - perguntei para ele após ficarmos alguns minutos deitados em silêncio. - Que não era eu e sim Jihyun? - perguntei e ele se sentou para ter mais visão do meu rosto.

- De início eu pensei que era você, ele estava de costas, usava roupas parecidas com as suas e acordou muito cedo, eu não sabia que Jihyun acordava com os galos, eu fui pela dedução e ele foi um ótimo ator, mas eu conheço você, sei que tem uma mechinha loira escondida, e sei que tem um brilho que nem Jihyun e nem ninguém conseguiria copiar. - Estreito meus olhos com uma cara desconfiada. - E quando ele tentou me beijar, foi muito diferente, eu não senti nada e eu costumo surtar internamente toda vez que você me beija. - brincou e eu dei um empurrão de leve nele.

- Pois então surte internamente agora. - Seguro seu rosto o beijando. - Fiquei com medo de não poder dizer a você o quanto eu te amo, estamos juntos a muito pouco tempo Jungkook, mas não posso negar o quanto você mexe comigo. - falei encostando nossas testas.

- Eu não me importo de estarmos sendo rápidos ou não, é nossa vida e eu também amo você, também fiquei com medo de não poder dizer isso, agora que estaremos juntinhos eu posso dizer toda vez que eu acordar ao seu lado.

- E toda vez que dormir também. - Completo e ele concorda.

- Então me diga, qual é a da mechinha? - perguntou e até que demorou para ele perguntar, se tivesse apostado com toda certeza teria perdido.

- Eu não sei, tenho isso desde que nasci, é claro que eu nunca ia imaginar que ficaria tão claro assim, mas é como uma etiqueta para diferenciar dois gêmeos idênticos. - Brinco, eu nunca fui buscar uma explicação do meu cabelo ter uma cor diferente, porque nunca me importei com isso.

- Eu acho muito charmoso e único. - falou beijando meus lábios em pequenos selinhos. Antes que eu pudesse intensificar esse beijo a porta foi aberta revelando minha família ali, eles estavam receosos, pisando em ovos e eu já não estava começando a gostar disso.

- Desculpa atrapalhar, será que podemos conversar com você? Prometemos não o prejudicar. - minha mãe falava e havia uma boa dose de culpa em suas palavras.

- Eu vou deixá-los sozinhos. - Jungkook externou deixando um beijo em minha cabeça antes de sair do quarto.

- Não precisa disso, não é culpa de vocês, isso aconteceria a qualquer momento, eu já estava por um fio, foi imprudência minha. - Sou direto.

- Queríamos nos desculpar mini Mike, falhamos com você. Se você tivesse falado como se sentia, nós tentaríamos mudar, não estamos jogando a culpa toda para você porque é nosso dever conhecer nossos filhos. Você sempre foi tão avançado, uma criança inteligente e independente nós pensamos que você se sentiria preso se tratasse você como tratávamos o seu irmão, por isso deixei que tomasse suas próprias decisões. Sinto muito meu pequeno. - Segurou minha mão. Meu pai se sentia ainda mais culpado que minha mãe, simplesmente porque eu sempre fui mais próximo dele do que dela e mesmo assim ele não notou o que estava acontecendo.

- Você foi um bebê surpresa, estávamos esperando Jihyun, mas você foi como um presente extra, ficamos felizes, mas apavorados, éramos jovens e pais de primeira viagem e então você começou a crescer muito depressa, ficamos ainda mais assustados. Era responsabilidade nossa cuidar para você ser feliz e saudável e falhamos. Pensei que não precisava de tanta atenção porque já tinha da porta para fora, acreditei que seu irmão seria o mais prejudicado e acabei dando mais atenção a ele. Eu falhei como sua mãe, nós falhamos como sua família, mas não queremos continuar no erro, se nos der uma segunda chance eu prometo me esforçar o máximo para recuperar todos esses anos perdidos. - Eles não precisavam dizer isso, mas eu não estou dizendo que não foi importante ouvir, sentir que eu era amado não só pelas pessoas que eu não compartilhava o DNA, mas também era importante para minha família.

- Eu não vou falar bonito para você, nem espere. - Jihyun se mantém em uma distância considerável. - Somos irmãos, irmãos brigam e se desentendem, eu queria sua vida sem saber do peso que você carregava e você queria a minha para não ter esse peso, te peço desculpas por não facilitar para você, por tentar sabotar seu namoro, mas não vou pedir desculpas pelos tapas, eu sempre quis fazer isso. - Ri, porque eu também queria fazer isso a uns bons anos. - Acho que, no fundo, eu só não gostava de você tão longe, você é meu irmão mais novo e eu cresci vendo você como se fosse o irmão mais velho, eu tinha expectativas sobre nós e quando você foi embora eu me senti um pouco sozinho, abandonado. Eu gostava de você, mas eu sentia que você não gostava de mim ou era indiferente. O tempo me deixou um pouco insensível e eu acabei esquecendo do porquê eu não gostava de você. Ver você daquele jeito na minha frente acabou comigo, e acordou um senso de irmão mais velho que eu nunca tive, eu deveria proteger você, deveria ser seu amigo e não ao contrário. - Ele estava chorando. - Só me promete não sumir de novo e eu prometo ser um irmão melhor. - Eu não imaginei isso, nunca pensei que Jihyun sentia tanto minha falta assim, ou que se importava. Não tinha por que eu continuar bravo com ele.

Estico meus braços para ele vir até mim e me abrace e foi isso que ele fez, molhando meu ombro com suas lagrimas.

- Me desculpa, fui duro com você, falei coisas horríveis e deixei você inseguro. Você não precisa de muitas pessoas ao seu redor, não precisa que te digam como você tem que ser, e não precisa se moldar para encaixar em algum lugar. Somos diferentes Jihyun, você tem qualidades que eu nunca vou ter e é o mesmo comigo, precisa seguir o seu caminho, vão gostar de conhecer você de verdade, acredite em mim, é melhor ter poucas pessoas verdadeiras do que muitas pessoas falsas. - Ele concorda com a cabeça e então o abraço ganha mais, duas pessoas. - E não haja como se fosse um irmão muito velho, é apenas segundo Jihyun, não anos. - Brinco e ele ri.

Desatar os nós, soltar as amarras é o primeiro passo para a liberdade, eu posso conhecer cada fórmula da física e outras mais, contudo eu ainda estava estagnado em apenas uma fórmula, a mais essencial. A fórmula da liberdade, ser livre para tomar minhas próprias decisões sem me cobrar tanto ou deixar-me ser pressionado, encontrar um lugar que me caiba por inteiro ao invés de só pedaços. Se está me causando mal, então não é meu lugar, significa que meu lugar ideal está me esperando ansioso em alguma parte desse mundo, e eu não quero deixá-lo esperando por tanto tempo. Não mais.

A Fórmula da Liberdade - JikookWhere stories live. Discover now