CAPÍTULO 17

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Esta autora soube de fonte segura que, há dois dias, enquanto tomava chá no Gunter’s, Lady Penwood foi atingida na lateral da cabeça por um biscoito voador.
Esta autora não sabe determinar quem atirou a iguaria, mas todas as suspeitas recaem sobre as freguesas mais jovens do estabelecimento, a Srta. Felicity Featherington e a Srta. Hyacinth
Jauregui.
CRÔNICAS DA SOCIEDADE DE LADY WHISTLEDOWN,
21 DE MAIO DE 1817

Camila já fora beijada antes – por Lauren –, mas nada, nem um instante de qualquer beijo, a preparara para aquilo. Não foi um beijo. Foi o paraíso. Lauren a beijou com uma intensidade que Camila mal conseguiu compreender, atiçando seus lábios, afagando, mordiscando, acariciando. A mais velha acendeu um fogo dentro da mais nova, um desejo de ser amada, uma necessidade de amar em troca. E, que Deus a perdoasse, quando a olhos verdes a beijava, tudo o que
queria fazer era retribuir.

Camila mal a escutou murmurar seu nome, por causa do zumbido em seus ouvidos. Era desejo. Necessidade. Que tolice a dela pensar que seria capaz de negar aquilo. Que presunçoso achar que poderia ser mais forte do que a paixão.

– Camila, Camila – dizia Lauren sem parar, com os lábios percorrendo seu rosto, seu pescoço, sua orelha. Lauren pronunciou o nome da mais nova tantas vezes que pareceu ficar gravado em sua pele.

Sentiu as mãos de Lauren nos botões do vestido, enquanto o tecido se soltava conforme cada um deles ia passando pela casa. Era tudo o que ela jurara que jamais faria, mas quando seu corpete caiu até a cintura, deixando-a despudoradamente exposta, ela gemeu o nome da mais velha e arqueou o corpo para trás, oferecendo-se a ela como uma fruta proibida.

Lauren parou de respirar quando a viu. Havia imaginado aquele momento muitas vezes – todas as noites, ao se deitar, e em todos os sonhos quando conseguia de fato dormir. Mas aquilo – a realidade – era muito melhor do que um sonho, e muito mais sensual.

Fez a mão que acariciava a pele quente das costas de Camila escorregar bem devagar para as costelas da mais nova.

– Você é tão linda... – sussurrou, sabendo que palavras eram inadequadas ao momento.

Como se meras palavras pudessem descrever o que Lauren sentia. E então, quando sua mão enfim chegou ao seio da jovem, Lauren soltou um gemido e estremeceu. Falar era impossível. A necessidade que tinha dela era muito intensa, muito primitiva, a ponto de lhe roubar a capacidade de se expressar.

Droga, mal conseguia pensar.

Não sabia ao certo como aquela mulher tinha passado a ser tão importante para sí. Parecia que num dia era uma estranha e, no dia seguinte, indispensável como o ar. E, no entanto, isso não acontecera de uma hora para outra. Fora um processo lento e sorrateiro, que despertara aos poucos
suas emoções até que se desse conta de que, sem Camila, sua vida não tinha qualquer significado.

A mais velha a tocou no queixo e levantou seu rosto até conseguir fitá-la nos olhos. As pupilas pareciam cintilar, reluzindo lágrimas represadas. Também tinha os lábios trêmulos, e Lauren  soube que estava tão afetada pelo momento quanto ela.

Lauren se inclinou para a frente... bem, bem devagar. Queria dar-lhe a chance de dizer não. Morreria se Camila dissesse, mas seria muito pior ver seu arrependimento na manhã seguinte. Mas a jovem não fez isso, e quando estava a poucos centímetros de distância, Camila fechou os olhos e virou a cabeça um pouco para o lado, convidando-a silenciosamente a beijá-la. Era impressionante, mas, toda vez que Lauren a beijava, os lábios da mais nova pareciam mais doces e seu perfume, mais encantador. E o desejo da mais velha também crescia. Sentia-o correr nas veias. Estava sendo obrigada a usar todo o autocontrole que lhe restava para não empurrá-la para o sofá e arrancar suas roupas.

Meu Verdadeiro AmorWhere stories live. Discover now